Questão 1a87395e-30
Prova:UNESP 2016
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos

Carpe diem: Esse conhecido lema, extraído das Odes do poeta latino Horácio (65 a.C.- 8 a.C.), sintetiza expressivamente o seguinte motivo: saber aproveitar tudo o que se apresente de positivo (mesmo que pouco) e transitório.
(Renzo Tosi. Dicionário de sentenças latinas e gregas, 2010. Adaptado.)
Das estrofes extraídas da produção poética de Fernando Pessoa (1888-1935), aquela em que tal motivo se manifesta mais explicitamente é:

A
Nem sempre sou igual no que digo e escrevo.
Mudo, mas não mudo muito.
A cor das flores não é a mesma ao sol
De que quando uma nuvem passa
Ou quando entra a noite
E as flores são cor da sombra.
B
Cada um cumpre o destino que lhe cumpre,
E deseja o destino que deseja;
Nem cumpre o que deseja,
Nem deseja o que cumpre.
C
Como um ruído de chocalhos
Para além da curva da estrada,
Os meus pensamentos são contentes.
Só tenho pena de saber que eles são contentes,
Porque, se o não soubesse,
Em vez de serem contentes e tristes,
Seriam alegres e contentes.
D
Tão cedo passa tudo quanto passa!
Morre tão jovem ante os deuses quanto
Morre! Tudo é tão pouco!
Nada se sabe, tudo se imagina.
Circunda-te de rosas, ama, bebe
E cala. O mais é nada.
E
Acima da verdade estão os deuses.
A nossa ciência é uma falhada cópia
Da certeza com que eles
Sabem que há o Universo.

Gabarito comentado

R
Rosalina Duarte Monitor do Qconcursos

Tema central: A questão exige interpretação de texto, focando na identificação do motivo literário “carpe diem”, que incentiva o aproveitamento do presente diante da transitoriedade da vida.

Justificativa da alternativa correta (D):

A alternativa D reúne versos como “Tão cedo passa tudo quanto passa!” e “Circunda-te de rosas, ama, bebe / E cala. O mais é nada.”. Estes versos trazem, de forma explícita, a ideia central do “carpe diem”: aproveitar os momentos agradáveis da vida, pois tudo é passageiro (“Tudo é tão pouco!”). Essa leitura exige a habilidade de identificar o tema principal, analisar palavras-chave (verbos no imperativo como “ama”, “bebe”, “cala”) e perceber a oposição entre aproveitar o agora e a finitude da existência. Segundo Bechara (Moderna Gramática Portuguesa), a boa interpretação textual pressupõe perceber os sentidos implícitos de uma mensagem, dialogando com o contexto literário. Aqui, o convite é claro: viva o hoje.

Análise das alternativas incorretas:

A: Aborda a mutabilidade da percepção (“Nem sempre sou igual…”), mas não sugere aproveitar o presente.
B: Trata de destino e desejo, remetendo ao conflito interno e não ao hedonismo ou à urgência do momento.
C: Expõe a consciência da felicidade, porém sem convocação ao usufruto imediato, elemento essencial do “carpe diem”.
E: Reflete sobre conhecimento humano e divino, sendo tema filosófico, não prático-vivencial.

Dicas de interpretação:

Procure comandos imperativos e expressões que explorem o caráter fugaz da vida. Temas existenciais costumam trazer armadilhas: nem toda referência ao tempo ou à felicidade indica carpe diem — procure sempre o convite explícito ao aproveitamento imediato.

Segundo Cunha & Cintra, a interpretação de textos literários requer atenção ao contexto, escolha lexical e estrutura dos versos, observando o diálogo com motivos clássicos.

Em resumo: A alternativa D é a mais alinhada ao motivo “carpe diem”, pois incentiva aproveitar o presente ao reconhecer a brevidade da vida.

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