Questão 1a788384-30
Prova:UNESP 2016
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos

  Os parnasianos brasileiros se distinguem dos românticos pela atenuação da subjetividade e do sentimentalismo, pela ausência quase completa de interesse político no contexto da obra e pelo cuidado da escrita, aspirando a uma expressão de tipo plástico.
(Antonio Candido. Iniciação à literatura brasileira, 2010. Adaptado.)
A referida “atenuação da subjetividade e do sentimentalismo” está bem exemplificada na seguinte estrofe do poeta parnasiano Alberto de Oliveira (1859-1937):

A
Quando em meu peito rebentar-se a fibra,
Que o espírito enlaça à dor vivente,
Não derramem por mim nem uma lágrima
Em pálpebra demente.
B
Erguido em negro mármor luzidio,
Portas fechadas, num mistério enorme,
Numa terra de reis, mudo e sombrio,
Sono de lendas um palácio dorme.
C
Eu vi-a e minha alma antes de vê-la
Sonhara-a linda como agora a vi;
Nos puros olhos e na face bela,
Dos meus sonhos a virgem conheci.
D
Longe da pátria, sob um céu diverso
Onde o sol como aqui tanto não arde,
Chorei saudades do meu lar querido
– Ave sem ninho que suspira à tarde. –

E
Eu morro qual nas mãos da cozinheira
O marreco piando na agonia…
Como o cisne de outrora… que gemendo
Entre os hinos de amor se enternecia.

Gabarito comentado

T
Thiago Oliveira Monitor do Qconcursos

Tema central: A questão aborda interpretação de texto, com ênfase na identificação de características do Parnasianismo – escola literária marcada pela objetividade, impessoalidade e valorização da forma.

Comentário sobre a alternativa correta (B):

A estrofe apresentada na alternativa B (“Erguido em negro mármor luzidio... Sono de lendas um palácio dorme”) exemplifica de modo perfeito o traço mencionado no enunciado: a atenuação da subjetividade e do sentimentalismo. Nesse trecho, o eu-lírico não expressa emoções pessoais, não confessa saudades, mágoas ou sonhos. O foco está na descrição objetiva e detalhada (“negro mármor luzidio”, “portas fechadas”, “sono de lendas”), com apuro formal e riqueza imagética. Essa construção valoriza o aspecto visual, a forma estética, em consonância com o ideal parnasiano de “arte pela arte” (Bechara, Moderna Gramática Portuguesa).

Análise das alternativas incorretas:

A) A estrofe exibe forte teor sentimental – “em meu peito rebentar-se a fibra” e “não derramem por mim nem uma lágrima”. Evidencia subjetividade, típica do Romantismo.
C) Idealização amorosa: “Eu vi-a e minha alma antes de vê-la... Dos meus sonhos a virgem conheci”. O “eu” poético é o centro, há sentimento e idealização.
D) “Chorei saudades do meu lar querido” é manifestação direta de emoção e subjetividade.
E) A morte é comparada com imagens sensíveis ("o marreco piando na agonia"), recorrendo a metáforas subjetivas, associando-se mais ao Simbolismo ou ao Romantismo.

Dicas de prova e estratégia:

Sempre identifique quem é o foco do poema. Se o centro são emoções ou experiências pessoais, a subjetividade predomina (traço romântico); se há descrição impessoal da cena, elemento plástico e cuidado formal, trata-se de poesia parnasiana (Cunha & Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo).

Fique atento a pegadinhas: menções a sentimentos como “chorei”, “suspiro”, “minha alma” são indícios de subjetivismo.

Resposta correta: B

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