Os parnasianos brasileiros se distinguem dos românticos
pela atenuação da subjetividade e do sentimentalismo,
pela ausência quase completa de interesse político
no contexto da obra e pelo cuidado da escrita, aspirando
a uma expressão de tipo plástico.
(Antonio Candido. Iniciação à literatura brasileira, 2010. Adaptado.)
A referida “atenuação da subjetividade e do sentimentalismo”
está bem exemplificada na seguinte estrofe do poeta
parnasiano Alberto de Oliveira (1859-1937):
Gabarito comentado
Tema central: A questão aborda interpretação de texto, com ênfase na identificação de características do Parnasianismo – escola literária marcada pela objetividade, impessoalidade e valorização da forma.
Comentário sobre a alternativa correta (B):
A estrofe apresentada na alternativa B (“Erguido em negro mármor luzidio... Sono de lendas um palácio dorme”) exemplifica de modo perfeito o traço mencionado no enunciado: a atenuação da subjetividade e do sentimentalismo. Nesse trecho, o eu-lírico não expressa emoções pessoais, não confessa saudades, mágoas ou sonhos. O foco está na descrição objetiva e detalhada (“negro mármor luzidio”, “portas fechadas”, “sono de lendas”), com apuro formal e riqueza imagética. Essa construção valoriza o aspecto visual, a forma estética, em consonância com o ideal parnasiano de “arte pela arte” (Bechara, Moderna Gramática Portuguesa).
Análise das alternativas incorretas:
A) A estrofe exibe forte teor sentimental – “em meu peito rebentar-se a fibra” e “não derramem por mim nem uma lágrima”. Evidencia subjetividade, típica do Romantismo.
C) Idealização amorosa: “Eu vi-a e minha alma antes de vê-la... Dos meus sonhos a virgem conheci”. O “eu” poético é o centro, há sentimento e idealização.
D) “Chorei saudades do meu lar querido” é manifestação direta de emoção e subjetividade.
E) A morte é comparada com imagens sensíveis ("o marreco piando na agonia"), recorrendo a metáforas subjetivas, associando-se mais ao Simbolismo ou ao Romantismo.
Dicas de prova e estratégia:
Sempre identifique quem é o foco do poema. Se o centro são emoções ou experiências pessoais, a subjetividade predomina (traço romântico); se há descrição impessoal da cena, elemento plástico e cuidado formal, trata-se de poesia parnasiana (Cunha & Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo).
Fique atento a pegadinhas: menções a sentimentos como “chorei”, “suspiro”, “minha alma” são indícios de subjetivismo.
Resposta correta: B
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