No trecho “a ação dos mediadores de conflito não é
uma panaceia”, a palavra em destaque pode ser
substituída sem alterar o significado, por:
Leia o texto ‘Cresce violência nas escolas’ e
responda à questão.
Os atos de violência contra os professores
têm aumentado, de maneira inquietadora, apesar
das medidas tomadas pelas autoridades para coibilos, como mostram dados levantados pela
reportagem do Estado nas escolas públicas e
particulares de ensino fundamental e médio do
Estado de São Paulo. No primeiro semestre deste
ano, foram registrados nada menos do que 548
boletins de ocorrência de agressão física de alunos
contra professores, o que dá uma média de três por
dia.
No caso da rede pública estadual, que conta
com 5,2 mil unidades, dados da Secretaria da
Educação indicam que aqueles casos de agressão
subiram de 188 em 2015 para 249 em 2016. O
problema não é de hoje. Resultados de um
levantamento publicado em 2013 mostram que 44%
dos professores da rede de ensino básico já haviam
sofrido algum tipo de violência, sendo as mais
comuns as verbais (39%) e as de assédio moral
(10%). As de violência física não passavam de 5%,
o que indica que a situação vem piorando.
Esse problema é um grande desafio para as
autoridades porque tem vários aspectos
importantes a serem atacados ao mesmo tempo,
tais como a quebra de disciplina e autoridade – que
começa em casa –, sem as quais a escola não
funciona, a desestruturação da família, as carências
sociais, a falta de perspectiva profissional para os
jovens, em contraste com a sedução das drogas e
do tráfico, e a difusão da cultura da violência. Sem
se esquecer de que esse tipo de violência não é
exclusivo das regiões e populações mais carentes.
Em contraposição a esta situação
estarrecedora, em 2009, as autoridades
educacionais de São Paulo lançaram a ideia
inovadora da criação da figura de um professor
mediador de conflitos para promover o diálogo e
melhorar as relações entre os professores e os
alunos. A ideia teve o apoio do Sindicato dos
Professores do Ensino Oficial do Estado de São
Paulo (Apeoesp) e da Prefeitura da capital e a
participação, em sua implantação, do Tribunal de
Justiça. A intenção dessa iniciativa é resolver os
conflitos dentro da escola, evitando que eles
descambem para a violência.
“Buscamos evitar a judicialização de conflitos.
Desde criança se aprende que violência se
responde com violência. E assim a justiça se tornou
uma espécie de vingança”, afirma o juiz Egberto de
Almeida Penido, que participa de um dos projetos
desse programa, indicando o esforço que os
mediadores devem fazer para matar no nascedouro
o ciclo de ódio que leva à agressão.
Um exemplo dos resultados que podem ser
obtidos com a ação dos mediadores de conflitos,
citado pela reportagem, é o da Escola Estadual
Sérgio Murilo Raduan, no Jardim Varginha, extremo
sul da capital. Ali, só no primeiro bimestre de 2016,
foram registrados 46 casos de desrespeito ao
professor ou funcionário por aluno e neste ano, no
mesmo período, o número baixou para 12 por
causa do diálogo promovido entre as partes pelos
mediadores, precedido de uma calma conversa
com o aluno exaltado.
Apesar desses resultados animadores, os
números que mostram o aumento das agressões
deixam claro que a ação dos mediadores de conflito
não é uma panaceia. Tem limites. Quando o
diálogo falha e a agressão ocorre, quebrando o
princípio da autoridade – além, é claro, do dano
físico ou moral causado ao agredido –, o caso tem
de ter desdobramentos administrativos e criminais.
O agressor tem de ser responsabilizado por seus
atos.
Todos os esforços devem ser feitos, em todos
os planos possíveis, para atacar o complexo
problema da violência entre os jovens. Mas,
ultrapassado o limite da integridade física e moral,
assim como o da disciplina em sala de aula, não
pode haver tolerância com a violência. O recente
episódio da brutal agressão sofrida pela professora
Márcia Friggi, da cidade de Indaial, em Santa
Catarina – que está longe de ser um caso isolado –,
vítima de um aluno de 15 anos, que já havia
agredido antes a própria mãe, mostra o alto preço
que sempre se paga por tolerar a impunidade,
dentro ou fora das escolas.
O Estado de S. Paulo, 25 agosto 2017.
Disponível em http://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,cresceviolencia-nas-escolas,70001949611. Acesso em 30.11.2017
Leia o texto ‘Cresce violência nas escolas’ e responda à questão.
Os atos de violência contra os professores têm aumentado, de maneira inquietadora, apesar das medidas tomadas pelas autoridades para coibilos, como mostram dados levantados pela reportagem do Estado nas escolas públicas e particulares de ensino fundamental e médio do Estado de São Paulo. No primeiro semestre deste ano, foram registrados nada menos do que 548 boletins de ocorrência de agressão física de alunos contra professores, o que dá uma média de três por dia.
No caso da rede pública estadual, que conta com 5,2 mil unidades, dados da Secretaria da Educação indicam que aqueles casos de agressão subiram de 188 em 2015 para 249 em 2016. O problema não é de hoje. Resultados de um levantamento publicado em 2013 mostram que 44% dos professores da rede de ensino básico já haviam sofrido algum tipo de violência, sendo as mais comuns as verbais (39%) e as de assédio moral (10%). As de violência física não passavam de 5%, o que indica que a situação vem piorando.
Esse problema é um grande desafio para as autoridades porque tem vários aspectos importantes a serem atacados ao mesmo tempo, tais como a quebra de disciplina e autoridade – que começa em casa –, sem as quais a escola não funciona, a desestruturação da família, as carências sociais, a falta de perspectiva profissional para os jovens, em contraste com a sedução das drogas e do tráfico, e a difusão da cultura da violência. Sem se esquecer de que esse tipo de violência não é exclusivo das regiões e populações mais carentes.
Em contraposição a esta situação estarrecedora, em 2009, as autoridades educacionais de São Paulo lançaram a ideia inovadora da criação da figura de um professor mediador de conflitos para promover o diálogo e melhorar as relações entre os professores e os alunos. A ideia teve o apoio do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) e da Prefeitura da capital e a participação, em sua implantação, do Tribunal de Justiça. A intenção dessa iniciativa é resolver os conflitos dentro da escola, evitando que eles descambem para a violência.
“Buscamos evitar a judicialização de conflitos. Desde criança se aprende que violência se responde com violência. E assim a justiça se tornou uma espécie de vingança”, afirma o juiz Egberto de Almeida Penido, que participa de um dos projetos desse programa, indicando o esforço que os mediadores devem fazer para matar no nascedouro o ciclo de ódio que leva à agressão.
Um exemplo dos resultados que podem ser obtidos com a ação dos mediadores de conflitos, citado pela reportagem, é o da Escola Estadual Sérgio Murilo Raduan, no Jardim Varginha, extremo sul da capital. Ali, só no primeiro bimestre de 2016, foram registrados 46 casos de desrespeito ao professor ou funcionário por aluno e neste ano, no mesmo período, o número baixou para 12 por causa do diálogo promovido entre as partes pelos mediadores, precedido de uma calma conversa com o aluno exaltado.
Apesar desses resultados animadores, os números que mostram o aumento das agressões deixam claro que a ação dos mediadores de conflito não é uma panaceia. Tem limites. Quando o diálogo falha e a agressão ocorre, quebrando o princípio da autoridade – além, é claro, do dano físico ou moral causado ao agredido –, o caso tem de ter desdobramentos administrativos e criminais. O agressor tem de ser responsabilizado por seus atos.
Todos os esforços devem ser feitos, em todos os planos possíveis, para atacar o complexo problema da violência entre os jovens. Mas, ultrapassado o limite da integridade física e moral, assim como o da disciplina em sala de aula, não pode haver tolerância com a violência. O recente episódio da brutal agressão sofrida pela professora Márcia Friggi, da cidade de Indaial, em Santa Catarina – que está longe de ser um caso isolado –, vítima de um aluno de 15 anos, que já havia agredido antes a própria mãe, mostra o alto preço que sempre se paga por tolerar a impunidade, dentro ou fora das escolas.
O Estado de S. Paulo, 25 agosto 2017.
Disponível em http://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,cresceviolencia-nas-escolas,70001949611. Acesso em 30.11.2017