Questão 114cc2dd-03
Prova:UniREDENTOR 2020
Disciplina:Literatura
Assunto:Teoria Literária

Poeta do Modernismo, Manuel Bandeira escreveu vários poemas que podem ser considerados “poéticas”, ou seja, eles tratam do “fazer poesia”, ora dizendo para que a poesia serve, ora dizendo como ela deve ser.
Indique a alternativa em que NÃO fragmento de texto com a mesma intenção poética:

Vou lançar a poesia do poeta sórdido. Poeta sórdido: Aquele em cuja poesia há a marca suja da vida. Vai um sujeito, Sai um sujeito de casa com a roupa de brim branco [muito bem engomada, [e na primeira esquina passa um caminhão, [salpica-lhe o paletó de uma nódoa de lama: É a vida. O poema deve ser como a nódoa do brim: Fazer o leitor satisfeito de si dar o desespero. Sei que a poesia é também orvalho. Mas este fica para as menininhas, as estrelas alfas, [as virgens cem por cento [e as amadas que envelhecem sem maldade. (BANDEIRA, Manuel. Antologia poética. 1986)

A
Não faças versos sobre acontecimentos./Não há criação nem morte perante a poesia. (Drummond, À procura da poesia)
B
Penetra surdamente no reino das palavras./Lá estão os poemas que esperam ser escritos.(Drummond, À procura da poesia)
C
De onde ela vem?! De que matéria bruta/Vem essa luz que sobre as nebulosas. (Augusto do Anjos/ A ideia)
D
Não me importa a palavra, esta corriqueira./Quero é o esplêndido caos de onde emerge a sintaxe ( Adélia Prado/ Antes do nome)
E
Não sei quantas almas tenho./Cada momento mudei.(Fernando Pessoa/ Não sei quantas almas tenho)

Gabarito comentado

G
Giovana Siqueira Monitor do Qconcursos

Tema central: A questão explora o conceito de metalinguagem na poesia, ou seja, quando o poema reflete sobre o próprio ato de criar poesia, sobre a função ou essência do fazer poético.

Contexto teórico: Segundo autores como Candido e Antonio Houaiss, textos metalinguísticos são aqueles em que a linguagem fala de si mesma, especialmente presente em poemas chamados “poéticas”. O trecho de Manuel Bandeira exemplifica isso ao discutir como a poesia deve ser como a “nódoa do brim”, marcando o leitor com a realidade.

Justificativa da alternativa correta (E):

A alternativa E traz versos em que Fernando Pessoa discute a multiplicidade do eu: “Não sei quantas almas tenho./Cada momento mudei.”. Não há qualquer referência ao ato de fazer poesia, à linguagem, à inspiração ou à construção do texto poético. Ou seja, não há intenção metalinguística – o poema aborda a questão existencial do sujeito lírico, diferentemente das demais opções.

Análise das alternativas incorretas:

A) (Drummond) Reflete sobre o que a poesia deve evitar como tema (“Não faças versos sobre acontecimentos”), discutindo o fazer poético, ou seja, é claramente metalinguística.

B) (Drummond) Trata do processo de criação (“Penetra surdamente no reino das palavras”), indicando reflexão sobre a gênese do poema. É metalinguagem.

C) (Augusto dos Anjos) Questiona o surgimento da inspiração poética e essência do poema (“De onde ela vem?!...Vem essa luz”), sendo manifestação de metalinguagem.

D) (Adélia Prado) Faz reflexão sobre o papel da palavra dentro do processo criativo (“Não me importa a palavra…”), explicitando preocupação com a construção poética. Novamente, metalinguística.

Estratégia de prova: Sempre que o enunciado pedir para buscar um texto metalinguístico, procure por sinais de reflexão sobre o próprio texto, a função da poesia ou a atitude do poeta. Versos sobre o “eu”, sentimentos ou experiências pessoais, sem referência direta à linguagem ou à construção poética, fogem do metalinguístico.

Resumo: A correta é E porque é a única que não se refere ao fazer poético, à linguagem nem à criação literária – diferenciando-se do conceito de metalinguagem exigido na questão.

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