Poeta do Modernismo, Manuel
Bandeira escreveu vários poemas
que podem ser considerados
“poéticas”, ou seja, eles tratam do
“fazer poesia”, ora dizendo para que
a poesia serve, ora dizendo como ela
deve ser.
Indique a alternativa em que NÃO
fragmento de texto com a mesma
intenção poética:
Vou lançar a poesia do poeta
sórdido.
Poeta sórdido: Aquele em cuja
poesia há a marca suja da vida.
Vai um sujeito, Sai um sujeito de
casa com a roupa de brim branco
[muito bem engomada,
[e na primeira esquina passa um
caminhão,
[salpica-lhe o paletó de uma nódoa
de lama: É a vida.
O poema deve ser como a nódoa do
brim: Fazer o leitor satisfeito de si dar
o desespero.
Sei que a poesia é também orvalho.
Mas este fica para as menininhas, as
estrelas alfas,
[as virgens cem por cento [e as
amadas que envelhecem sem
maldade.
(BANDEIRA, Manuel. Antologia
poética. 1986)
Gabarito comentado
Tema central: A questão explora o conceito de metalinguagem na poesia, ou seja, quando o poema reflete sobre o próprio ato de criar poesia, sobre a função ou essência do fazer poético.
Contexto teórico: Segundo autores como Candido e Antonio Houaiss, textos metalinguísticos são aqueles em que a linguagem fala de si mesma, especialmente presente em poemas chamados “poéticas”. O trecho de Manuel Bandeira exemplifica isso ao discutir como a poesia deve ser como a “nódoa do brim”, marcando o leitor com a realidade.
Justificativa da alternativa correta (E):
A alternativa E traz versos em que Fernando Pessoa discute a multiplicidade do eu: “Não sei quantas almas tenho./Cada momento mudei.”. Não há qualquer referência ao ato de fazer poesia, à linguagem, à inspiração ou à construção do texto poético. Ou seja, não há intenção metalinguística – o poema aborda a questão existencial do sujeito lírico, diferentemente das demais opções.
Análise das alternativas incorretas:
A) (Drummond) Reflete sobre o que a poesia deve evitar como tema (“Não faças versos sobre acontecimentos”), discutindo o fazer poético, ou seja, é claramente metalinguística.
B) (Drummond) Trata do processo de criação (“Penetra surdamente no reino das palavras”), indicando reflexão sobre a gênese do poema. É metalinguagem.
C) (Augusto dos Anjos) Questiona o surgimento da inspiração poética e essência do poema (“De onde ela vem?!...Vem essa luz”), sendo manifestação de metalinguagem.
D) (Adélia Prado) Faz reflexão sobre o papel da palavra dentro do processo criativo (“Não me importa a palavra…”), explicitando preocupação com a construção poética. Novamente, metalinguística.
Estratégia de prova: Sempre que o enunciado pedir para buscar um texto metalinguístico, procure por sinais de reflexão sobre o próprio texto, a função da poesia ou a atitude do poeta. Versos sobre o “eu”, sentimentos ou experiências pessoais, sem referência direta à linguagem ou à construção poética, fogem do metalinguístico.
Resumo: A correta é E porque é a única que não se refere ao fazer poético, à linguagem nem à criação literária – diferenciando-se do conceito de metalinguagem exigido na questão.
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