Questão 112a099c-03
Prova:UniREDENTOR 2020
Disciplina:Português
Assunto:Formação do imperativo, Morfologia - Verbos

Segundo a gramática normativa, o imperativo é um modo verbal em que a ação transmitida pelo verbo constitui um pedido, convite, exortação, ordem, comando, conselho ou súplica.
Aponte a opção em que há ocorrência de verbo no imperativo.

Texto: Aos estudantes de Medicina

Na coluna de hoje vou resumir-lhes as lições mais importantes que aprendi em quarenta anos de atividade clínica. Na verdade, a ideia de reuni-las surgiu semanas atrás quando o diretor Wolf Maia me convidou para fazer uma pequena palestra para atrizes e atores que interpretavam papéis de estudantes de medicina numa cena da novela das nove. “Haverá uma classe com alunos e nenhuma dramaturgia, diga o que quiser”, propôs ele. Hesitei diante do convite inusitado, mas no fim achei que seria boa oportunidade para dizer aos alunos: 1- Tenham sempre em mente que encontrarão mais dificuldade para receber os cuidados de vocês justamente as pessoas que mais necessitarão deles. O médico deve lutar por condições dignas de trabalho e por remuneração condizente com as exigências do exercício profissional, mas sem esquecer de cobrar da sociedade o acesso universal dos brasileiros ao sistema de saúde. 2- É fundamental ouvir as queixas dos doentes. Sem ouvi-las com atenção, como descobrir o mal que os aflige? Embora as características do atendimento em ambulatórios, hospitais e unidades de saúde criem restrições de tempo, cabe a nós exigirmos para cada consulta a duração mínima que nos permita recolher as informações imprescindíveis. Com a prática vocês verão que ficará mais fácil, porque aprenderão a orientar o interrogatório, especialmente no caso de pessoas prolixas e pouco objetivas. O desconhecimento da história e da evolução da enfermidade é causa de erros graves. 3- Medicina se faz com as mãos. Os exames laboratoriais e as imagens radiológicas ajudam bastante, mas não substituem o exame físico. Esse ensinamento dos tempos de Hipócrates deve ser repetido à exaustão, porque a tendência do ensino nas faculdades tem sido a ênfase nos exames subsidiários em prejuízo da palpação, da ausculta e da observação atenta aos sinais que o corpo emite. Como consequência, cada vez são mais frequentes as queixas de que o médico pediu e analisou os exames e preencheu a prescrição sem chegar perto do doente. Não culpem a falta de tempo nem tenham preguiça, em cinco minutos é possível fazer um exame físico razoável. Tocar o corpo do outro faz parte dos fundamentos de nossa profissão. 4- Procurem colocar-se na pele da pessoa enferma. Quanto mais empatia houver, mais fácil será compreender suas angústias, seus desejos e seu modo de encarar a vida. Não cabe ao médico fazer julgamentos morais, impor soluções nem decidir por ela, mas orientá-la para encontrar o caminho que mais atenda suas necessidades. 5- Medicina é profissão para quem gosta muito. Exige do estudante bem mais do que as outras: são seis anos de graduação, dos quais os dois últimos dedicados ao internato, que não por acaso recebeu esse nome. Depois vem a residência, com três, quatro e até cinco anos de duração. O dia inteiro nos hospitais públicos, os plantões de vinte e quatro horas, as jornadas intermináveis. É a única profissão que obriga o trabalhador a cumprir horários que a abolição da escravatura eliminou. Por exemplo, trabalhar o dia inteiro, entrar no plantão noturno e emendar o expediente do dia seguinte; trinta e seis horas sem dormir. Existe outra categoria de profissionais em que essa prática desumana faça parte da rotina? Se o exercício da medicina já é árduo para os apaixonados por ela, é possível que se torne insuportável para os demais. Se vocês escolheram segui-la apenas em busca de reconhecimento social ou recompensa financeira, estão no caminho errado, existem opções menos sacrificadas e bem mais vantajosas. 6- Medicina é para quem pretende estudar a vida inteira. É para gente curiosa que tem fascínio pelo funcionamento corpo humano e quer aprender como ele reage nas diversas circunstâncias que se apresentam. O médico que não estuda é mais do que irresponsável, coloca em risco a vida alheia. 7- Finalmente, para que foi criada a medicina? Qual a função desse ofício que resiste à passagem dos séculos? Embora a arte de curar encante os jovens e encha de prazer os mais experientes, não é esse o papel mais importante do médico. É interminável a lista de doenças que não sabemos curar. A finalidade primordial de nossa profissão é aliviar o sofrimento humano. (Drauzio Varella é médico cancerologista e escritor. Foi um dos pioneiros no tratamento da aids no Brasil. Disponível em https://drauziovarella.uol.com.br/dra uzio/aos-estudantes-de-medicina/)

A
Exige do estudante bem mais do que as outras.
B
Tenham sempre em mente que encontrarão mais dificuldade para receber os cuidados de vocês justamente as pessoas que mais necessitarão deles.
C
Existe outra categoria de profissionais em que essa prática desumana faça parte da rotina?
D
Medicina é para quem pretende estudar a vida inteira.
E
O médico que não estuda é mais do que irresponsável, coloca em risco a vida alheia.

Gabarito comentado

R
Roberta Carvalho Monitor do Qconcursos

Tema central: A questão aborda a identificação do modo verbal imperativo em um trecho textual, elemento fundamental da morfologia verbal pela norma-padrão da Língua Portuguesa. O modo imperativo expressa demandas, conselhos, ordens ou pedidos, sendo essencial distinguir suas formas das do indicativo.

A alternativa correta é a B: “Tenham sempre em mente que encontrarão mais dificuldade para receber os cuidados de vocês justamente as pessoas que mais necessitarão deles.”

Justificativa: O verbo “tenham” está empregado no imperativo afirmativo, dirigido aos interlocutores (“vocês”/“estudantes”). Neste caso, aconselha ou exorta que mantenham algo em mente, função clássica do imperativo. De acordo com Bechara (Moderna Gramática Portuguesa), o imperativo, tanto afirmativo quanto negativo, serve a essas funções de orientação, ordem e conselho.

Análise das alternativas incorretas:

A) “Exige do estudante bem mais do que as outras.” – “Exige” está no presente do indicativo, terceira pessoa do singular. Indica um fato, não uma ordem.

C) “Existe outra categoria de profissionais em que essa prática desumana faça parte da rotina?” – “Existe” também está no presente do indicativo, terceira pessoa. Expressa existência/interrogação, e não pedido ou comando.

D) “Medicina é para quem pretende estudar a vida inteira.” – “Pretende” no presente do indicativo, terceira pessoa do singular, informando uma característica.

E) “O médico que não estuda é mais do que irresponsável, coloca em risco a vida alheia.” – “Estuda” e “coloca” estão ambos no presente do indicativo, sem tom de convocação/conselho.

Estratégias para evitar confusão: O imperativo geralmente é direcionado diretamente ao(s) interlocutor(es), muitas vezes omitindo o pronome. Já o indicativo refere-se ao enunciador, expressando ação real ou habitual. Atente-se aos finais verbais e ao contexto do enunciado.

Resumo da regra: O imperativo se utiliza para dirigirmo-nos ao interlocutor, sendo formado a partir das terminações do presente do subjuntivo para “você”, “nós” e “vocês”, e do presente do indicativo (sem o “s”) para “tu” e “vós”.

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