Questão 0ac4c7c7-29
Prova:UFBA 2013
Disciplina:Sociologia
Assunto:Estratificação e desigualdade social, Desigualdades de raça, classe e gênero

"As mulheres, pensadas enquanto um grupo social específico, carregam uma longa história de exclusões, privações, discriminações, opressões. Essa é uma constatação genérica que merece ser concretizada, qualificada e relativizada." (RODRIGUES, 2005, p. 1).

A análise do texto e os conhecimentos sobre feminismo e democracia permitem afirmar:


NoBrasil,apartirdaConstituiçãoFederalde1988, inexistem razõesparaqueo feminismocontinuequestionandoocaráterdademocraciabrasileira,vezqueficouestabelecidaa igualdadededireitosedeveresentrehomensemulheres,alémdoreconhecimentodauniãoestávelcomofamília,dodireitoaoplanejamentofamiliar,daobrigatoriedadeestatalnacriaçãodemecanismosparacoibiraviolêncianoâmbitodasrelaçõesfamiliares,entreoutrosavanços.

"As mulheres, pensadas enquanto um grupo social específico, carregam uma longa história de exclusões, privações, discriminações, opressões. Essa é uma constatação genérica que merece ser concretizada, qualificada e relativizada." (RODRIGUES, 2005, p. 1).

A análise do texto e os conhecimentos sobre feminismo e democracia permitem afirmar:

C
Certo
E
Errado

Gabarito comentado

D
Diego Hernandez, Mentor QconcursosMonitor do Qconcursos

Alternativa correta: E — errado

Por quê? A assertiva afirma, de modo absoluto, que a CF/1988 eliminou razões para que o feminismo continue questionando a democracia brasileira, porque teria sido plenamente estabelecida a igualdade entre homens e mulheres e criadas garantias estatais. Essa conclusão é incorreta: a Constituição trouxe avanços formais (ex.: art. 5º — igualdade perante a lei; art. 226 — proteção à família), mas a existência de normas não significa que a desigualdade estrutural foi superada.

Resumo teórico essencial: o feminismo distingue igualdade formal (mesmos direitos legais) de igualdade substantiva (acesso efetivo a bens, poder e oportunidades). Democracia plena exige não só igualdade jurídica, mas também condições materiais e simbólicas que permitam participação real. Por isso o feminismo segue criticando instituições, práticas e assimetrias de poder — trabalho remunerado e doméstico, representação política, violência de gênero — que persistem apesar das normas constitucionais.

Evidências e normas relevantes:

  • CF/88: reconhecimento de igualdade formal (art. 5º) e competências do Estado para políticas sociais;
  • Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha): demonstra reconhecimento estatal da violência doméstica, mas também evidencia que a violência persiste e exige legislação específica;
  • Dados empíricos (IBGE, relatórios sobre trabalho e violência): mostram desigualdade salarial, dupla jornada, sub-representação política e altos índices de violência contra mulheres — sinais de desigualdade substantiva.

Raciocínio para justificar “Errado”:

  • A frase usa termos absolutos (“inexistem razões”), sinal de armadilha: em questões sociais, afirmações absolutas costumam ser falsas;
  • A existência de direitos constitucionais não elimina discriminações estruturais nem garante implementação universal;
  • Portanto, é incorreto dizer que o feminismo deixou de ter razão de questionar a democracia brasileira após 1988.

Dica de interpretação de enunciados: procure palavras absolutas (sempre, inexistem, nunca) e verifique se a afirmação confunde igualdade formal com igualdade real. Em temas de estratificação e desigualdade, a diferença entre lei e prática é recorrente nas pegadinhas.

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