Sobre a grande dicotomia público/privado, à luz das críticas feministas, é correto afirmar:

John Locke e Jean Jacques Rousseau, embora tenham se eternizado como teóricos defensores da

liberdade, da racionalidade e da autonomia individual, sustentaram, abertamente, a ideia da “natural”

inferioridade feminina, justificando, assim, a manutenção da mulher na esfera privada e sua sujeição na

sociedade conjugal.

Resposta: C — Certo

Tema central: a dicotomia público/privado e a crítica feminista. Importa entender que a separação entre esfera pública (política, trabalho, direitos) e privada (família, cuidados, lar) foi historicamente usada para justificar a exclusão das mulheres da participação pública e para naturalizar seu papel doméstico.

Resumo teórico: pensadores contratualistas como Rousseau e, em interpretações históricas, Locke contribuíram, com suas formulações, para uma visão que legitima a autoridade masculina no âmbito da família e a delimitação das mulheres à esfera privada. Rousseau, explicitamente em Emílio, afirma que as mulheres devem ser educadas para agradar e servir; Locke, apesar de enfatizar liberdade e direitos individuais, estruturou teorias de propriedade e contrato numa matriz que, na prática social da época, não problematizava a subordinação feminina.

Fontes clássicas e críticas: consulte Rousseau (Emílio), Locke (Two Treatises), e as críticas feministas modernas — Carole Pateman, The Sexual Contract; Susan Moller Okin, Justice, Gender, and the Family — que mostram como a teoria do contrato social exclui e subordina mulheres.

Justificativa do gabarito: a alternativa é certa porque as formulações desses autores (especialmente Rousseau) reforçaram a ideia de diferenças “naturais” que colocavam a mulher na esfera privada. As feministas demonstram que essa separação ideológica legitimou a desigualdade e a sujeição conjugal, tornando a exclusão feminina aparentemente “natural” e não histórica/política.

Por que a alternativa "Errado" seria incorreta: negar que esses autores tenham sustentado argumentos que favoreceram a manutenção da mulher no âmbito privado ignora tanto textos clássicos (Rousseau) quanto análises críticas que mostram como o contrato social naturalizou desigualdades de gênero.

Dica de prova: ao ler enunciados, destaque palavras como “abertamente”, “natural” e relate-as ao contexto histórico e às críticas teóricas; use nomes de autores e obras para sustentar a resposta.

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