Em consequência, essa lógica [dicotômica] supõe que a relação entre masculino-feminino constitui uma oposição entre um polo dominante e outro dominado – e essa seria a única e permanente forma de relação entre os dois elementos. O processo desconstrutivo permite perturbar essa ideia de relação de via única e observar que o poder se exerce em várias direções. [...] Os sujeitos que constituem a dicotomia não são, de fato, apenas homens e mulheres, mas homens e mulheres de várias classes, raças, religiões, idades, etc, e suas solidariedades e antagonismos podem provocar arranjos mais diversos, perturbando a noção simplista e reduzida de “homem dominante versus mulher dominada. (LOURO, 1997, p. 33).

Sobre o texto, é correto afirmar:


Autilizaçãodacategoriaanalíticagênero,associadaaoutrosmarcadoressociais,comoraça,classe,idade, etc., complexificam a análise do mundo social, a forma como as relações de poder estãoconstituídaseasestruturasdeproduçãodedesigualdades.

Alternativa correta: C — Certo

Tema central: a questão trata da categoria analítica gênero e de como sua articulação com outros marcadores sociais (classe, raça, idade, religião etc.) amplia e complexifica a explicação das relações de poder e dos processos de produção de desigualdades.

Resumo teórico: a perspectiva interseccional afirma que identidades e hierarquias sociais se cruzam — não atuam isoladamente — produzindo efeitos específicos de dominação e exclusão (Crenshaw, 1989). A crítica desconstrutiva (Louro, 1997) rejeita a leitura binária e linear “homem dominante vs. mulher dominada”, mostrando que o poder circula em múltiplas direções e é mediado por classe, raça, geração, religião etc. Isso significa que as desigualdades são estruturadas por combinações de marcadores sociais e por relações institucionais e culturais (ex.: mercado de trabalho, violência, acesso à educação).

Justificativa da resposta: a assertiva da questão diz que utilizar a categoria gênero em conjunto com outros marcadores sociais complexifica a análise das relações de poder e das estruturas de produção de desigualdades. Essa formulação está de acordo com a literatura sociológica contemporânea (interseccionalidade; estudos de gênero) e com o trecho de Louro citado, portanto a sentença é correta.

Breve comentário sobre a alternativa incorreta (E — Errado): considerar a proposição errada seria negar evidências teóricas e empíricas amplas que mostram justamente a necessidade de combinar gênero com outros marcadores para explicar desigualdades. Logo, E é incorreta.

Dica de prova: em questões de “Certo/Errado”, procure por termos absolutos e verifique se o enunciado reconhece complexidade. Quando aparecer “gênero” associado a raça, classe, idade etc., sinalize interseccionalidade — isso costuma indicar respostas corretas quando a frase reconhece multiplicidade de injustiças.

Fontes sugeridas: Louro, G. (1997); Crenshaw, K. (1989) sobre interseccionalidade; textos introdutórios de sociologia do gênero e de estratificação social.

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