Pretende-se, dessa forma, recolocar o debate no campo do social, pois é nele que se constroem e se reproduzem as relações (desiguais) entre os sujeitos. As justificativas para as desigualdades precisariam ser buscadas não nas diferenças biológicas (se é que mesmo essas podem ser compreendidas fora de sua constituição social), mas sim nos arranjos sociais, na história, nas condições de acesso aos recursos da sociedade, nas formas de representação (LOURO, 1997, p.22).
Sobre o excerto, é correto afirmar:
A forma como as diferenças corporais entre homens emulheres são tomadas e transformadas emdesigualdadesestápresentenasmaisdiversasmanifestaçõessociais,culturaisepolíticas,edescreveadimensãodegênero.
Sobre o excerto, é correto afirmar:
A forma como as diferenças corporais entre homens emulheres são tomadas e transformadas emdesigualdadesestápresentenasmaisdiversasmanifestaçõessociais,culturaisepolíticas,edescreveadimensãodegênero.
Gabarito comentado
Alternativa correta: C — certo
Tema central: a distinção entre sexo (diferenças corporais) e gênero (construção social dessas diferenças) e como as diferenças corporais são socialmente interpretadas e convertidas em desigualdades sociais, culturais e políticas. Esse é um ponto-chave nas teorias de gênero e nas análises sobre estratificação e reprodução social.
Resumo teórico: autores clássicos distinguem sexo (atributos biológicos) de gênero (papéis, expectativas e representações atribuídas socialmente). Judith Butler (Gender Trouble, 1990) mostra como o gênero é performativo; Ann Oakley (Sex, Gender and Society, 1972) e Raewyn Connell (Gender and Power, 1987) explicam como estruturas sociais produzem e mantêm desigualdades. Pierre Bourdieu também contribui ao mostrar mecanismos de reprodução social (habitus, capital, campo) que tornam as diferenças legitimadas e persistentes.
Por que a alternativa C está correta: o enunciado afirma que as justificativas das desigualdades não podem ser reduzidas a diferenças biológicas, mas devem ser buscadas em arranjos históricos, acesso a recursos e formas de representação. Isso corresponde exatamente à ideia de que as diferenças corporais são interpretadas socialmente e transformadas em desigualdades nas várias esferas (mercado de trabalho, família, política, cultura). Exemplos práticos: a diferença salarial, a sub-representação política, e a divisão desigual do trabalho doméstico ilustram como representações e estruturas sociais produzem desigualdade.
Análise da alternativa incorreta (E): considerar a assertiva como errada implicaria negar que as desigualdades de gênero são construídas socialmente — posição incompatível com a vasta literatura sociológica e com o próprio excerto de Louro (1997). Ignora-se aí a historicidade e os mecanismos sociais que legitimam e reproduzem diferenças como desigualdades.
Dica para provas: busque palavras-chave do enunciado — "construem", "reproduzem", "arranjos sociais", "formas de representação" — que sinalizam abordagem sociológica (construção social). Questões que contrapõem biologia x sociedade tendem a valorizar a explicação social quando o texto enfatiza história, instituições e representação.
Referências úteis: Butler, J. (1990). Gender Trouble; Oakley, A. (1972). Sex, Gender and Society; Connell, R. (1987). Gender and Power; Bourdieu, P. (1973/1990). La Reproduction.
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