Pretende-se, dessa forma, recolocar o debate no campo do social, pois é nele que se constroem e se reproduzem as relações (desiguais) entre os sujeitos. As justificativas para as desigualdades precisariam ser buscadas não nas diferenças biológicas (se é que mesmo essas podem ser compreendidas fora de sua constituição social), mas sim nos arranjos sociais, na história, nas condições de acesso aos recursos da sociedade, nas formas de representação (LOURO, 1997, p.22).

Sobre o excerto, é correto afirmar:


Por serem biologicamente distintos, homens e mulheres necessariamente têm de ocupar lugaresdiferentesnahierarquiasocial.

Resposta: E — Errado

Tema central: estratificação e desigualdade de gênero — se as posições sociais são determinadas pela biologia ou por arranjos sociais.

Resumo teórico: A sociologia distingue sexo (diferenças biológicas) de gênero (papéis e expectativas socialmente construídos). Autoras como Simone de Beauvoir ("Não se nasce mulher: torna‑se") e Judith Butler (performatividade de gênero) mostram que as desigualdades de gênero são produzidas por instituições, cultura, trabalho e poder, não por uma necessidade biológica. Louro (1997) reforça que justificativas devem buscar‑se nos arranjos sociais, história e acesso a recursos.

Por que a assertiva é falsa: a frase assume determinismo biológico — palavras como "necessariamente" denunciam uma generalização absoluta. Na prática, posições sociais variam historicamente e entre culturas (ex.: sociedades com divisão de poder diferente; mulheres em chefias, ciência, política). As hierarquias emergem de relações sociais de poder, normas e oportunidades, não de uma relação causal direta entre genitália e status social.

Estrategia de prova: ao encontrar afirmações com termos absolutos ("necessariamente", "sempre", "por serem biologicamente"), suspeite de determinismo — em sociologia contemporânea, explique diferenciação entre biologia e construção social e cite autores ou conceitos (sexo × gênero, performatividade).

Referências indicativas: Beauvoir (1949), Butler (1990), Louro (1997), UN Women/UNESCO sobre gênero como construção social.

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