O racismo a que se refere o texto tem suas raízes históricas nos papéis sociais subalternos que desempenharam, nos EUA, as populações africanas e latinas, bem como no orgulho de raça e no sentimento de superioridade de credo do grupo social que se considerava herdeiro dos pais fundadores da nação.
Os Estados Unidos da América (EUA) são uma grande
e velha república onde ainda se aplica a pena de morte. Na prática
judiciária, esse recurso põe a descoberto todas as injustiças e
mazelas da sociedade: a desigualdade social, uma vez que são os
menos favorecidos e os mais marginalizados que povoam os
pavilhões da morte nas prisões americanas; a desigualdade
financeira, pois, no sistema judiciário americano, somente os ricos
ou mafiosos têm os meios de aceder a serviços de advogados
especializados, capazes de enfrentar um ministério público
poderoso e uma polícia eficiente; a desigualdade racial, já que,
nos casos hediondos — em que o horror do crime provoca, no
público e em alguns jurados, pulsão de ódio e de vingança —, o
racismo, que, no cotidiano, se disfarça, pode, ali, manifestar-se.
Não é irrelevante o fato de que, nos pavilhões da morte, o número
de negros ou de latinos é proporcionalmente bem superior à sua
representação na população americana.
Robert Badinter. Contre la peine de mort. Écrits 1970-2006.
Paris: Fayard, 2006, p. 19-21 (tradução com adaptações).
Tendo o texto acima como referência e considerando os múltiplos
aspectos que ele suscita, julgue os próximos itens.
e velha república onde ainda se aplica a pena de morte. Na prática
judiciária, esse recurso põe a descoberto todas as injustiças e
mazelas da sociedade: a desigualdade social, uma vez que são os
menos favorecidos e os mais marginalizados que povoam os
pavilhões da morte nas prisões americanas; a desigualdade
financeira, pois, no sistema judiciário americano, somente os ricos
ou mafiosos têm os meios de aceder a serviços de advogados
especializados, capazes de enfrentar um ministério público
poderoso e uma polícia eficiente; a desigualdade racial, já que,
nos casos hediondos — em que o horror do crime provoca, no
público e em alguns jurados, pulsão de ódio e de vingança —, o
racismo, que, no cotidiano, se disfarça, pode, ali, manifestar-se.
Não é irrelevante o fato de que, nos pavilhões da morte, o número
de negros ou de latinos é proporcionalmente bem superior à sua
representação na população americana.
Robert Badinter. Contre la peine de mort. Écrits 1970-2006.
Paris: Fayard, 2006, p. 19-21 (tradução com adaptações).
Tendo o texto acima como referência e considerando os múltiplos
aspectos que ele suscita, julgue os próximos itens.
Gabarito comentado
Gabarito: C — Certo
Tema central: o item pede reconhecer que o racismo exposto no texto possui raízes históricas vinculadas aos papéis sociais subalternos atribuídos a negros e latinos e ao sentimento de superioridade étnico-racial do grupo dominante — entendimento essencial para questões sobre estratificação e desigualdade.
Resumo teórico: Racismo estrutural é resultado de processos históricos (escravidão, segregação, dispossession), que alocaram grupos raciais em posições sociais e econômicas subalternas e legitimaram uma ideologia de superioridade do grupo dominante. Conceitos-chave: estratificação social (distribuição desigual de recursos), racismo institucional (políticas e práticas que reproduzem desigualdades) e formação racial (Omi & Winant).
Por que a alternativa C está correta
A afirmação conecta-se diretamente a evidências históricas e sociológicas: nos EUA, a escravidão e depois as leis de Jim Crow colocaram a população africana em condição subalterna; imigrantes latinos foram frequentemente inseridos em empregos precarizados (mão de obra agrícola e industrial de baixa remuneração). Esse enquadramento socioeconômico, aliado a narrativas de superioridade racial entre setores que se viam herdeiros fundadores, produziu desigualdades concretas — inclusive no sistema penal (cf. Bonilla-Silva, "Racism without Racists"; Omi & Winant, "Racial Formation").
Fontes e evidências: estudos sobre pena de morte e discriminação racial (p.ex. Baldus et al.; relatórios da Equal Justice Initiative e ACLU) mostram que fatores raciais e socioeconômicos influenciam sentenças capitais. Relatos históricos (escravidão, segregação, leis migratórias) confirmam as raízes apontadas pelo item.
Estratégia para responder: ao encontrar termos como "raízes históricas" e "papéis sociais subalternos", associe imediatamente à trajetória histórica (escravidão, segregação, trabalho imigrante) e à teoria do racismo estrutural. Verifique se o enunciado faz correlação causal plausível — aqui, faz — e escolha "Certo".
Observação final: a alternativa está coerente com a literatura sociológica sobre desigualdade racial e com evidências empíricas sobre o sistema penal norte-americano.
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