Questõesde UECE sobre Sociologia

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b641f92d-a9
UECE 2022 - Sociologia - Cultura e sociedade

Atente para o trecho a seguir.

“Tornamo-nos conscientes de que o ‘pertencimento’ e a ‘identidade’ não têm a solidez de uma rocha, não são garantidos para toda a vida, são bastante negociáveis e revogáveis, e de que as decisões que o próprio indivíduo toma, os caminhos que percorre, a maneira como age – e a determinação de se manter firme a tudo isso – são fatores cruciais tanto para o ‘pertencimento’ quanto para a ‘identidade’. Em outras palavras, a ideia de ‘ter uma identidade’ não vai ocorrer às pessoas enquanto o ‘pertencimento’ continua sendo o seu destino, uma condição sem alternativa. Só começarão a ter essa ideia na forma de uma tarefa a ser realizada, e realizada vezes e vezes sem conta, e não de uma só.

Essa concepção sobre “identidade” se refere a qual dos seguintes sociólogos e das teorias?

A
O trecho está se referindo à teoria da Alienação de Karl Marx, a qual aponta como os indivíduos se perdem de si mesmos nas sociedades capitalistas.
B
O texto trata da Sociologia Formal, de Georg Simmel, que sugere como as relações sociais são duráveis e irredutíveis às realidades intersubjetivas.
C
O fragmento de texto indica a teoria da Ação Social, de Max Weber, a qual diz que as identidades são orientadas subjetivamente por sentidos sociais.  
D
O enunciado se refere à teoria da Modernidade Líquida, de Zygmunt Bauman, que faz com que tudo, inclusive as identidades, se reconstitua continuamente.  
b63fb1e4-a9
UECE 2022 - Sociologia - Cultura de massa e indústria cultural, Cultura e sociedade

Neste início de século XXI, o mundo humano está vivenciando em uma dimensão nunca antes vivida na história: a Era da Informação e da Sociedade em Rede. As relações sociais, na maioria das sociedades, estão se organizando, cada vez mais, em torno da Informação e das Redes. As relações sociais, nesse cenário, se tornam dinâmicas e em autoexpansão. Tecnologias, nesse contexto, transformam todas as esferas da vida sociocultural, política e econômica, mundialmente. E a Sociedade em Rede não tem um Centro, como aponta o sociólogo espanhol Manuel Castells, mas uma série de Nódulos de importâncias variadas. Castells entende as Redes como sendo estruturas abertas capazes de se expandir de forma ilimitada, integrando novos Nódulos desde que consigam compartilhar os mesmos códigos de comunicação.

Partindo do exposto sobre a Era da Informação e da Sociedade em Rede, atente para o que se diz a seguir e assinale com V o que for verdadeiro e com F o que for falso.  

( ) A Era da Informação e da Sociedade em Rede são impulsionadas, de modo predominante, pela economia mundial, que já está embasada no desenvolvimento das novas tecnologias de comunicação.
( ) Uma das consequências econômicas da Sociedade em Rede é que as grandes empresas, em conjunto com os Estados nacionais, modificam o processo produtivo de vários países pelo mundo.
( ) As elites econômicas mundiais estabelecem agora sua dominação mundial a partir dos países desenvolvidos onde se encontram fisicamente os grandes computadores que redirecionam as informações.
( ) As novas tecnologias de comunicação e os processos de interconexões globais fazem com que as identidades culturais estejam mais ligadas às comunidades tradicionais e menos às Nações.

A sequência correta, de cima para baixo, é

A
V, F, V, F.
B
F, V, F, V.
C
V, V, F, F. 
D
F, V, V, F.
b63d6545-a9
UECE 2022 - Sociologia - Política, poder e Estado

Há, nas últimas décadas, o surgimento de uma globalização contra-hegemônica com uma nova gramática democrática que se opõe a um estilo de globalização hegemônica Neoliberal. Esta é a compreensão de Boaventura de Sousa Santos, sociólogo português, que tem estudado e pesquisado sobre o tema. Essa globalização hegemônica se caracteriza pela propagação do livre mercado como principal agenda política que é pautada, por exemplo, pela privatização de serviços essenciais do Estado e por leis de desregulamentação trabalhista, ensejando uma específica concepção de democracia. Dentre as características desse tipo de democracia da globalização hegemônica, estão a apatia política com a premissa de que o cidadão comum não participa de modo ativo de decisões e de questões políticas, a não ser exclusivamente na escolha de seus representantes por meio do voto, e um pluralismo político resumido no sistema representativo-partidário que não retrata as diferenças sociais e a imensa diversidade cultural que é encontrada nas sociedades democráticas contemporâneas.

Partindo do exposto, avalie as seguintes proposições.  

I. O tipo de democracia da globalização hegemônica contribui para o surgimento de problemas de participação e de representação políticas nas sociedades atuais.
II. Movimentos sociais reivindicativos e propositivos de mudanças reais nas sociedades atuais indicam uma concepção contra-hegemônica de democracia.
III. Na democracia Neoliberal, o sistema representativopartidário é limitado para atender as demandas de sociedades desiguais e de diversidade cultural. 
IV. Na democracia contra-hegemônica, limita-se a participação cidadã aos dias das eleições e desestimula-se um ambiente social com mais sociodiversidade.

É correto o que se afirma em

A
I e II, apenas.  
B
III e IV, apenas. 
C
I, II e III, apenas.  
D
I, III e IV, apenas.
a678debc-a2
UECE 2022 - Sociologia - Política, poder e Estado

O fazer da política em sociedade é produzido e mantido pelo conflito, pelo embate e pelas oposições. E é recorrente, nas sociedades modernas, apontar a existência de dois lados político-ideológicos opostos: esquerda e direita. Para Norberto Bobbio, imaginar esses dois lados não é simplificar, mas conceder uma representação da realidade conflitiva que os embates políticos nas sociedades atuais possuem. Não é correto afirmar, isso é evidente, que tal distinção é a única possível no universo social político, mas essa distinção ainda é representativa. Porém, o que pode diferenciar esses hemisférios políticos opositores? Bobbio aponta alguns critérios de diferenciação, e um deles está centrado no ideal da igualdade. A direita, em geral, considera que as desigualdades sociais não são elimináveis e são úteis na medida que promovem a constante luta pela melhoria da sociedade. Além disso, defendem a liberdade da economia frente a um Estado regulamentador. Já a esquerda, no geral, considera que é preciso combater as desigualdades em busca de justiça social e de mais igualdade de oportunidades entre as classes sociais. Em consequência, defendem um Estado provedor e protetor de diversas classes e grupos sociais vulneráveis.

Considerando o exposto, é correto afirmar que

A
a esquerda acredita na permeabilidade do mercado e entrega a ele a solução de todos os problemas da convivência social. 
B
a direita aponta que, quanto mais o mercado se estende, mais aumentam os problemas sociais, e o Estado precisa intervir.
C
a esquerda parte da convicção de que a maior parte das desigualdades indignam e são elimináveis através da ação política.
D
a direita luta por reforma agrária, políticas públicas assistenciais, de inclusão social e mais investimento público em todas áreas. 
a676b2e7-a2
UECE 2022 - Sociologia - Preconceitos de Raça, Classe e Gênero e a interseccionalidade

Nos últimos anos, no Brasil, surgiu a falácia de uma “ideologia de gênero”, que tem constrangido e, mesmo, reprimido uma educação para a diversidade nas escolas. Grosso modo, os que pregam contra o debate de gênero nas escolas têm o receio de que trazer esse tema para perto das crianças possa significar “destruir os valores morais da família” e “ensinar as novas gerações a serem gays”. Todavia, a discussão sobre gênero passa por outros caminhos e objetivos educacionais: trata de ensinar limites pessoais, tolerância, respeito à diversidade humana, que é, além de sexual, também, racial e social. Entretanto, quando a escola não planeja uma educação para a diversidade e procura evitar, a todo custo, o debate sobre gênero e orientação sexual, por exemplo, prioriza outros temas e possibilita a continuidade, na sociedade como um todo, de intolerâncias, violências ligadas à questão de gênero, preconceitos e discriminações.

A partir do exposto, é correto afirmar que

A
é na infância e na adolescência que se constrói o entendimento sobre o mundo social, e são momentos importantes para ensinar respeito e tolerância.
B
as escolas que estimulam esses temas procuram aumentar a quantidade de pessoas trans na sociedade brasileira.
C
a discussão sobre gênero e sexualidade junto às crianças e aos adolescentes tem o objetivo social de evitar a falência da família e de prevenir infecções sexualmente transmissíveis.
D
o debate sobre gênero nas escolas tem a finalidade de dar visibilidade às causas LGBT+ e reprimir a livre expressão desse grupo de pessoas desde a infância.
a6745cdb-a2
UECE 2022 - Sociologia - Mundo do trabalho

Segundo Ricardo Antunes, o empreendedorismo é um mito que cresce pelo desemprego, o enfraquecimento das políticas sociais e pela inserção das tecnologias digitais, que têm contribuído para novas formas de trabalho autônomo e precarizado. O discurso do empreendedorismo, hoje, ocorre em uma sociedade como a brasileira, em que as taxas de desemprego são elevadas, e a recente reforma trabalhista fez com que o Estado e as empresas flexibilizassem direitos dos trabalhadores. Antunes aponta, ainda, que esse discurso incentiva a informalização e transfere a responsabilidade do Estado para o cidadão pela sua situação de desempregado.

Partindo do exposto, é correto afirmar que

A
o empreendedorismo procura resolver o problema social causado pelas plataformas digitais de trabalho autônomo e sem direitos trabalhistas. 
B
o discurso do empreendedorismo estimula, nos desempregados, a ideia de que a solução para a situação em que se encontram provém de sua iniciativa.
C
os empreendedores conseguem ter melhores trabalhos e ganhos do que os que estão empregados com essas novas leis trabalhistas no Brasil. 
D
é preciso estimular os trabalhadores autônomos através de programas para liberação de crédito e disponibilizar cursos sobre administração e inovação. 
a66eddde-a2
UECE 2022 - Sociologia - Preconceitos de Raça, Classe e Gênero e a interseccionalidade

Para Gilberto Freyre, a miscigenação que ocorreu desde o início do processo de colonização do Brasil corrigiu, ao longo do tempo, a distância social entre os brancos conquistadores e senhores de engenho e os indígenas e os negros escravizados. São dois polos, duas classes ou dois grupos sociais antagônicos de dominantes-dominados, mas que teriam sido aproximados na formação da sociedade brasileira pela mestiçagem. É aqui que se fundamenta o mito da democracia racial. Segundo Freyre, os mestiços desde a colonização brasileira ocasionaram efeitos sociais que equilibraram diferenças e desigualdades. E foram, principalmente, a mulher índia, a negra-mina e depois a mulata, aponta Freyre, as categorias de mulheres que agiram poderosamente no sentido dessa “democratização social no Brasil”. Faltou a Freyre, todavia, ressaltar que essas mulheres estavam, em grande maioria, na condição de escravizadas ou subalternizadas na relação com seus senhores e donos e foi assim que conceberam a mestiçagem na história brasileira. Essa concepção mitológica foi fortalecida pelos séculos de dominação patriarcalista e branca sobre indígenas, negros e mestiços. Trata-se de um mito ou uma ideologia que persiste sem maior reflexão, conhecimento histórico, consciência crítica e tanto disfarça a existência do racismo na sociedade brasileira contemporânea como não contribui para o debate público das lutas políticas e sociais dos movimentos negros e dos povos tradicionais indígenas.

A partir do exposto, é correto afirmar que

A
diferentemente da sociedade norte-americana, a formação social brasileira é oriunda de três raças que contribuíram para uma luta étnico-racial equilibrada.
B
para Freyre, as mulheres negras e as indígenas eram valorosas e resistiram aos antagonismos estabelecidos pelo domínio da sociedade patriarcal branca.
C
a dominação patriarcal e branca na história brasileira explica a força ideológica de mitos como o da democracia racial, que se difunde irrefletidamente.
D
tal mito, na verdade, esconde um equilíbrio histórico entre as raças e demonstra que já não somos mais negros, índios ou brancos, mas, sim, mestiços.
a6687686-a2
UECE 2022 - Sociologia - Preconceitos de Raça, Classe e Gênero e a interseccionalidade

Na história recente do Brasil, quando a juventude é tida como problema social, ela apareceu na figura do perigo, do risco ou da regressão às drogas, à promiscuidade e à violência. De modo esquemático, pode-se dizer que tais imagens sobre a juventude foram usadas como motes e justificativas de muitos programas socioeducativos, de leis, de ações do Terceiro Setor – as organizações não governamentais (ONGs) – e de fundações empresariais em áreas ditas como “vulneráveis” desde os anos 1990. Contudo, existe uma outra concepção sobre a juventude que a encara como sujeito social capaz de refletir e decidir sobre sua ação, ter posicionamentos acerca das mais diversas questões sociais e ser protagonista, contribuindo para o crescimento pessoal e da sociedade. Essa concepção deve melhor fundamentar e reformular ações, projetos de leis e programas, privados e públicos, para as juventudes das áreas “vulneráveis”, principalmente, e que possa pensar esses jovens como cidadãos ativos e participativos.

Acerca do exposto, marque a alternativa correta.

A
A medida socioeducativa de internação, prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente, está embasada na perspectiva da juventude como protagonista.
B
Um projeto exemplar embasado na concepção de juventude como sujeito social é o das Unidades de Polícia Pacificadora nas comunidades cariocas.
C
A imagem do jovem como problema, a juventude perigosa no Brasil, aparece como importante elemento para projetos de lei de redução da maioridade penal.
D
A concepção de juventude como risco está nos programas da Rede Cuca de Fortaleza que incentivam a mobilização dos jovens para a arte e a comunicação. 
a665ce58-a2
UECE 2022 - Sociologia - Cidadania e movimentos sociais, Movimentos sociais no Brasil

As populações indígenas no Brasil lutam, hoje, majoritariamente, por direitos como o de demarcação de seus territórios e por políticas públicas nas áreas de educação e de saúde. Ainda hoje, ainda sofrem preconceitos, como o argumento de que não existiriam mais povos indígenas atualmente, uma vez que eles estariam quase extintos e os poucos que sobraram já estariam integrados à vida moderna e à sociedade brasileira. Contudo, a integração dos povos indígenas tanto à modernidade quanto à sociedade brasileira não significa a perda de suas culturas e de suas identidades socioculturais. Existem indígenas de várias etnias pelo Brasil que conseguem formação acadêmica, são aprovados em concursos públicos e possuem emprego formal. Essas pessoas não deixam de ser indígenas enquanto mantiverem o sentimento de pertencer às suas comunidades, de cultivarem suas tradições, de terem seus direitos constitucionais garantidos e de se reconhecerem e serem reconhecidos como indígenas, mesmo que participem da vida moderna.

Partindo do exposto, avalie as seguintes afirmações. 

I. O indígena não é uma questão de cocar de pena, urucum e arco e flecha, mas sim um modo de ser, e não de parecer.
II. A principal luta indígena é pelo reconhecimento do Estado e da sociedade de que o indígena não tem preguiça de trabalhar.
III. Os povos tradicionais indígenas sofrem com a conquista cultural da modernidade que os descaracterizam.
IV. A preservação das culturas dos povos tradicionais no Brasil não pode estar desassociada da manutenção da cidadania.

É correto o que se afirma em

A
II e III, apenas. 
B
I e IV, apenas.
C
I e III, apenas.
D
II e IV, apenas.
a663c1a0-a2
UECE 2022 - Sociologia - Cidadania e movimentos sociais, Sociedade civil

Para Ulrich Beck, as sociedades modernas são “sociedades de risco”. Isso significa dizer que elas se preocupam com os resultados e as consequências do desenvolvimento técnico-científico e econômico para todos os seus membros e, evidentemente, para o meio ambiente natural. São sociedades modernas que nos apresentam os mais variados tipos de riscos causadas pelo avanço tecnológico e da economia: riscos sociais, político-econômicos e ambientais. Ter preocupações acerca de prevenção e de cuidados com os riscos que convivemos com a intervenção das atividades humanas é o que procuram fazer, cada vez mais, as instituições, como o Estado, as corporações e várias entidades das sociedades modernas. Nesses tempos, o mundo corporativo, os Estados modernos e as entidades supranacionais como a Organização das Nações Unidas (ONU), passam a colocar, em suas pautas, agendas, programas e políticas públicas, o monitoramento, as precauções e os planos para amenizar ou controlar riscos locais e globais, os mais variados.

Partindo do exposto, é correto afirmar que

A
o maior controle sobre a venda e a circulação de medicamentos, como os antibióticos, é um controle que o Estado e a indústria farmacêutica possuem sob o risco da criação de bactérias resistentes.
B
o processo de desindustrialização é uma agenda social e ambiental das instituições atuais, que tentam monitorar e controlar os riscos ao meio ambiente e incentivar o emprego dentro das indústrias.
C
o uso de combustíveis fósseis, como a combustão da gasolina, provoca poluição do ar nas cidades do mundo, e a agenda da indústria automobilística é a de desenvolver carburadores mais potentes.
D
a construção da rede hoteleira e de resorts na costa do Nordeste do Brasil é, atualmente, uma preocupação política importante, que deve focar em empreendimentos turísticos eficazes na economia. 
a661a880-a2
UECE 2022 - Sociologia - Preconceitos de Raça, Classe e Gênero e a interseccionalidade

A atual sociedade brasileira se defronta, de forma corriqueira, com situações de racismo, de preconceitos, de discriminações e de violências contra mulheres, negros, indígenas, pessoas com deficiência, pessoas trans e pobres. Para que se possa combater tais situações, um dos caminhos é através da educação formal, uma educação que tome justas e eficientes posições, que adote certas práticas pedagógicas e seja orientada por valores e por princípios que possam combater os mais diversos tipos de discriminações e de preconceitos e que promova o respeito e o cultivo aos Direitos Humanos e à cidadania.

Partindo do exposto, avalie as seguintes proposições.

I. Os projetos pedagógicos que promovem igualdade racial devem se deter com exclusividade à comunidade escolar interna, que envolve alunos e professores.
II. Estudantes negros, indígenas, com deficiência e gays devem ter cuidados especiais à parte nas escolas, como ter turmas e salas próprias.
III. Em escolas indígenas, o ensino que privilegia tanto as línguas nativas, como a língua portuguesa, garante o cultivo das tradições e a inserção na cidadania.
IV. Para as pessoas com deficiência, é necessária a criação de escolas destinadas apenas para elas com rampas de acesso e professores de Libras.

É correto o que se afirma em

A
I e IV, apenas.
B
II e III, apenas.
C
IV, apenas.
D
III, apenas.
a65f9ce8-a2
UECE 2022 - Sociologia - Política, poder e Estado, Teorias clássicas do Estado

O nacionalismo, grosso modo, se fundamenta em um sentimento de pertencimento que os membros de uma nação compartilham entre si. Para Ernest Gellner, o nacionalismo é fruto do avanço da modernidade ocidental e da formação dos Estados-Nações dos últimos séculos, pois tal sentimento não existia nas sociedades tradicionais, seja em coletividades dentro ou fora da Europa. Para Gellner, foi a implementação da educação escolar em massa que, quando da consolidação do Estado moderno, estabeleceu a criação de uma língua oficial para todos os membros de uma nação que contribuiu para dar mais consistência a esse sentimento de pertencimento coletivo em que se sustentam as nacionalidades. Todavia, o nacionalismo não conseguiu dissipar as contradições, os problemas e as lutas em que estão envolvidas as diferentes ideias sobre a nação em toda sociedade.

Conforme o exposto, é correto afirmar que

A
o nacionalismo, de forma resumida, é o sentimento de pertencimento de um sujeito a uma ideia que se consolidou nas sociedades medievais europeias.
B
a nação é uma ideologia que exalta o Estado e suas foças armadas e que um grupo das elites toma propriedade e se contrapõe às nações estrangeiros.
C
a ideia de união gerada pela nação não está livre de ideais nem sempre harmônicos e das divergências dos vários grupos sociais que compõem a nação.
D
a escola é a produtora de unidade nacional, pois, no processo educativo, incute parâmetros de unificação pela língua e combate a ocorrência de conflitos sociais. 
a65b4fa6-a2
UECE 2022 - Sociologia - Preconceitos de Raça, Classe e Gênero e a interseccionalidade

Conforme Reginaldo Pranti, historicamente, as religiões afro-brasileiras se fizeram sincréticas, estabelecendo paralelismos entre divindades africanas e santos católicos, adotando o calendário de festas do catolicismo, por exemplo, e valorizando a frequência aos ritos e sacramentos da Igreja Católica. Assim aconteceu com o Candomblé e a Umbanda, religiões que eram proibidas e reprimidas pelo Estado brasileiro até os 1930 e, por isso, duramente perseguidas por órgãos oficiais. Atualmente, os membros de tais religiões continuam a sofrer agressões, hoje menos da polícia e mais por pessoas, grupos e congregações ligadas ao cristianismo no Brasil. Como exemplo, na cidade do Rio de Janeiro, em junho de 2015, uma menina de 11 anos levou uma pedrada na cabeça ao sair de um culto de Candomblé com familiares e amigos. Segundo relatos de testemunhas, os agressores levantaram a Bíblia cristã e gritaram: "diabo", "Vai para o inferno”, “Jesus está voltando”. Ainda, de janeiro de 2018 a abril de 2022, segundo dados da Polícia Civil do Distrito Federal, foram registradas 55 ocorrências criminais tipificadas como intolerância religiosa, e 70,9% estão relacionadas a ofensas dirigidas a fiéis de cultos afro-brasileiros. E isso pode refletir nos censos estatísticos da população brasileira. O número de pessoas que se consideram membras dessas religiões é extremamente irrisório. No Censo do IBGE de 2010, apenas 0,3% de toda a população recenseada (na época de 195,7 milhões de pessoas) se manifestou como pertencentes ao segmento religioso afro-brasileiro.

Considerando o enunciado anterior, avalie as seguintes afirmações.

I. A intolerância religiosa se direciona às antigas religiões dos Orixás devido aos seus mitos e ritos originários terem sido deturpadores do cristianismo no país.
II. Mesmo atualmente, quando a liberdade de escolha religiosa é garantida pela Constituição Federal, os membros de religiões de terreiro sofrem repressão.
III. Uma possível explicação para que as religiões afrobrasileiras apareçam subestimadas nos censos oficiais do Brasil é justamente pela intolerância.

É correto o que se afirma em

A
I e II, apenas.
B
II e III, apenas.
C
III, apenas. 
D
I, apenas.
a6594a03-a2
UECE 2022 - Sociologia - Preconceitos de Raça, Classe e Gênero e a interseccionalidade

Para as ciências sociais, hoje, de modo geral, o que se chama de heteronormatividade está fundamentado por práticas e discursos ainda hegemônicos na sociedade brasileira quanto às questões ligadas à sexualidade. A normatividade heterossexual traz a lógica do binarismo dos corpos: homem-mulher, e tudo que é diferente disso é considerado “anormal”, “não natural”, “pecaminoso”. Essa normatividade ao tratar, por exemplo, como “anormais” todos os grupos de pessoas que, por vezes, não se enquadrem ou se identifiquem nessa sexualidade binária hegemônica gera, por vezes, preconceitos, exclusões e repressões.

Considerando o exposto, conclui-se que, atualmente,

A
espaços de formação social, como as escolas e as congregações religiosas no Brasil, procuram produzir discursos não excludentes sobre a sexualidade. 
B
a heteronormatividade gera discursos, mas não exerce vigilância ou controle sobre os corpos e suas sexualidades, independente se normais ou anormais.
C
a sexualidade heteronormativa é definida por um conjunto de práticas e de discursos sobre os corpos que delimitam o que é e não é “normal” ou “natural”.
D
a sexualidade é um dado da natureza, e não uma criação sociocultural, pois não pode ser inventada por práticas e discursos sobre os corpos e suas relações.
a654c2e3-a2
UECE 2022 - Sociologia - Mundo do trabalho

A globalização e o advento dos novos meios de comunicação e informação nas últimas décadas remodelaram as relações sociais das sociedades contemporâneas por todo o planeta e causaram diversas consequências. Uma das consequências é o afastamento ou o isolamento das pessoas que vivem e convivem nos mesmos territórios e a aproximação entre pessoas que vivem em territórios ou lugares distantes e diferentes. Há certamente, assim, um processo de desterritorialização de culturas pelo mundo interconectado atualmente. Isso significa dizer que muitas pessoas nas sociedades de hoje, graças a esses novos tempos globais e de conexões em rede, podem se sentir mais distanciadas de vizinhos ou da comunidade em que nasceram e vivem suas vidas e, muitas vezes, mais irmanados e próximos com pessoas que nunca sequer conheceram fisicamente ou presencialmente.

Partindo do exposto, avalie as seguintes proposições: 

I. As relações sociais em rede podem fazer com que as pessoas percam referências socioculturais dos territórios em que vivem e, assim, provocarem um processo de desterritorialização cultural dos lugares.
II. O mundo globalizado e a Internet têm promovido esse fenômeno de as pessoas estranharem os espaços das culturas locais e de se aproximarem e, mesmo, se sentirem íntimas de culturas estranhas e distantes.
III. As novas relações sociais nascidas com esse mundo interconectado em redes não se assentam em condições físicas e geográficas, mas fomentam mais ainda a aproximação sociocultural nos territórios locais.
IV. Comunhão comunitária, coletivismo, união, solidariedade são as principais características, como se pode deduzir, produzidas por tempos de globalização e de avanço das novas tecnologias de comunicação.

É correto o que se afirma em

A
I e II, apenas.
B
III e IV, apenas.
C
I, II e III, apenas.
D
I, III e IV, apenas. 
a6528363-a2
UECE 2022 - Sociologia - Sociologia Jurídica

Partindo da perspectiva teórica de Hannah Arendt, a autoridade exige obediência e, assim, pode ser confundida com alguma forma de poder autoritário. Contudo, para essa autora, a autoridade exclui a utilização de violências e meios externos de coerção sobre aqueles que estão submetidos a ela. A autoridade, apesar de demandar obediência às suas diretivas, só consegue ter êxito quando é reconhecida como autoridade legítima. Nesse sentido, o poder da autoridade se torna legítimo. Também, nessa mesma concepção, a autoridade não opera pela persuasão, mas mediante um processo de argumentação, de diálogo, pois, onde se utilizam argumentos, não há espaço para coerção ou violência. Assim, para Arendt, a autoridade tanto se contrapõe à coerção pelo uso da violência como se opõe à persuasão através da argumentação.

Considerando o conceito de autoridade expresso, assinale a alternativa correta. 

A
O reconhecimento da autoridade por parte dos que a obedecem concede legitimidade ao poder que é exercido de forma dialógica.
B
A autoridade demanda um reconhecimento de poder por parte dos que a ela se submetem e, assim, pode se impor de forma coercitiva.
C
A autoridade estabelece-se através de discursos de poder que não permitem discursos argumentativos contrários às suas vontades.
D
A concepção de autoridade assim tratada pressupõe uma obediência por parte das pessoas que constrangem suas liberdades.
e623b413-75
UECE 2021 - Sociologia

As crises capitalistas têm sido comuns na história desse sistema de produção econômico pelo mundo, como a gerada pela Quebra da Bolsa de Valores de Nova York de 1929, a que se origina com a Crise do Petróleo em 1973 e, mais recentemente, as chamadas hipotecas subprime norte-americanas que estiveram na origem da crise mundial ocorrida entre 2008 e 2009. Essas hipotecas, de forma simples, concediam créditos a quem não podia pagar e, assim, transformaram em devedores indivíduos sem os requisitos necessários à concessão de um empréstimo. Para complementar, a especulação imobiliária nos EUA instigou o aumento dessas hipotecas subprime de modo artificial inflando preços na vã esperança de que esses indivíduos, sem as devidas condições financeiras, pagassem juros regularmente. Em resumo, isto acarretou uma bolha especulativa que desembocou na depressão e na mais recente crise econômica do sistema capitalista mundial com a falência de empresas e o desemprego em massa em muitos países.


Considerando o entendimento das teorias clássicas das ciências sociais acerca do fenômeno das crises no capitalismo, atente para as seguintes proposições:

I. A teoria crítica marxiana aponta como essas crises econômicas são inerentes aos processos lógicos do capitalismo e não apenas, por exemplo, à falta de gerência técnica na área da economia.

II. Durkheim adianta que nas sociedades modernas organizadas pela interdependência entre funções laborais e instituições existe o contínuo risco de anomia jurídica e moral da vida econômica.

III. A defasagem entre o poder de compra e a venda das mercadorias, como no caso das hipotecas subprime, refletem um momento normal do que Weber denominou de ética protestante do capitalismo.

IV. A Quebra da Bolsa de Nova York, a Crise do Petróleo e a bolha especulativa das hipotecas subprime nos EUA demonstram o que Durkheim e Marx teorizaram sobre a jaula de ferro das burocracias.


É correto o que se afirma somente em 

A
I e II.
B
III e IV.
C
I e III.
D
II e IV.
e62106a4-75
UECE 2021 - Sociologia

A perspectiva teórica política clássica de John Locke (1632-1704) aponta que antes da formação do “contrato social” e do Estado, os seres humanos viviam em um “estado de natureza” com uma relativa paz, mas cada indivíduo não estava livre de inconveniências como o da violação de sua propriedade privada e, assim, de sua vida, de sua liberdade e de seus bens. Daí a propriedade privada, para Locke, já existia assim nesse hipotético “estado de natureza” anterior à formação das sociedades e é, neste sentido, um “direito natural” de todo indivíduo que nasce livre e não pode ser violado pelo Estado ou por outros. Em termos gerais, Locke é um dos pensadores contratualistas que fundamentaram o individualismo liberal ou o liberalismo político do século XVII. Concepção liberal que, ainda nos tempos atuais, reverbera em debates sobre as melhores orientações para o governo das sociedades contemporâneas, defendendo tanto as liberdades individuais como a livre economia.

Acerca dessa concepção liberal, assinale a afirmação verdadeira.

A
A passagem de um estado de natureza para o convívio em um Estado tem a finalidade de preservação da propriedade privada e das liberdades.
B
O pensamento do liberalismo político defende que todos os indivíduos devem ser liberais na economia e conservadores nos costumes.
C
Os liberais possuem um enorme desprazer no convívio com outros quando não existe um poder soberano para manter todos em respeito.
D
O pensamento liberal defende que não é a força do Estado que importa para a vida em sociedade, mas a força da tradição e da ordem natural. 
e61d7426-75
UECE 2021 - Sociologia

A globalização, em geral, refere-se ao fato de que, nas últimas décadas, indivíduos, grupos, entidades e estados-nações se tornaram cada vez mais interdependentes uns dos outros ao redor do mundo no que diz respeito a negociações econômicas, orientações políticas, difusão de conhecimentos técnico-científicos e artístico-culturais. Mas, mesmo com variadas facetas, mais precisamente, foram os agentes econômicos e políticos e/ou as dimensões econômicas e políticas que contribuíram de maneira decisiva para que essa interdependência global tenha se consolidado.


Acerca das dimensões e dos agentes da globalização, assinale a afirmação verdadeira.

A
A globalização econômica, proporcionada pelo aumento das transações comerciais ao redor do planeta, está desconectada das decisões políticas dos estados nacionais.
B
Algumas corporações transnacionais, como a Apple, a Microsoft e a Uber estabelecem cadeias produtivas globais instalando filiais em países com alto custo de mão de obra.
C
A globalização tem sua face política fundada na chamada governança global orientada por entidades e organizações como a ONU, a OMS, a UNICEF e o Tribunal Penal Internacional.
D
As organizações governamentais transnacionais como o Fundo Monetário Internacional – FMI –, o Banco Mundial e a ONU combatem a perda de autonomia dos Estados nacionais.
e6179b1d-75
UECE 2021 - Sociologia

O poder do Estado moderno, para Max Weber (1864-1920), está fundado em uma estrutura típica de dominação legítima que é racional-legal e, em seus princípios, tem a possibilidade de encontrar obediência dos governados através de uma organização idealmente burocrática, normativa e impessoal. Segundo este teórico, a burocracia do Estado é fruto próprio do processo de racionalização que embasa todas as dimensões da vida na modernidade e, justamente, identifica e estrutura as formas de dominação racional-legal de nossa época.


Considerando o tipo de dominação racional-legal do Estado moderno, segundo Weber, avalie as seguintes afirmações:

I. A existência de regulamentações administrativas e normas jurídico-legais regem a organização das sociedades pelos Estados.

II. A dominação racional que estrutura, por exemplo, órgãos do Estado ocorre pela eleição de pessoas carismáticas em suas funções.

III. A obediência dos cidadãos aos ordenamentos estatais é gestada por uma condução pessoal da benevolência dos governantes.

IV. Para que exista legitimidade da dominação burocrático-racional do Estado, é preciso o consentimento por parte daqueles que obedecem.


Está correto o que se afirma somente em

A
II e IV.
B
I e III.
C
II e III.
D
I e IV.