Questõesde UNICAMP sobre Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

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6e20ce06-1d
UNICAMP 2016 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto


Assinale a alternativa correta.

A
A pergunta lançada no último quadrinho (“Você sabe quem inventou o avião?ˮ) remete-nos a Santos Dumont, portanto confirma o que se diz no primeiro e segundo quadrinhos.
B
A pergunta lançada no último quadrinho (“Você sabe quem inventou o avião?ˮ) retifica a afirmação do primeiro quadrinho (“Não há lei que o brasileiro não burle.ˮ).
C
A afirmação do segundo quadrinho (“Há a lei da Gravidade.ˮ) refere-se a uma lei da física que nenhum brasileiro é capaz de burlar, como se admite no primeiro quadrinho.
D
A pergunta lançada no último quadrinho (“Você sabe quem inventou o avião?ˮ) é retórica, já que não há uma resposta para ela nem no primeiro nem no segundo quadrinhos.
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UNICAMP 2015 - Português - Interpretação de Textos, Tipologia Textual, Coesão e coerência, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Leia o seguinte trecho da obra Terra Sonâmbula, de Mia Couto, extraído do Sexto caderno de Kindzu, subintitulado O regresso a Matimati.

Lembrei meu pai, sua palavra sempre azeda: agora, somos um povo de mendigos, nem temos onde cair vivos. Era como se ainda escutasse:

- Mas você, meu filho, não se meta a mudar os destinos.

Afinal, eu contrariava suas mandanças. Fossem os naparamas, fosse o filho de Farida: eu não estava a deixar o tempo quieto. Talvez, quem sabe, cumprisse o que sempre fora: sonhador de lembranças, inventor de verdades. Um sonâmbulo passeando entre o fogo. Um sonâmbulo como a terra em que nascera. Ou como aquelas fogueiras por entre as quais eu abria caminho no areal.

(Mia Couto, Terra Sonâmbula. São Paulo: Companhia de Bolso, 2015, p. 104.)

Na passagem citada, a personagem Kindzu recorda os ensinamentos de seu pai diante do estado desolador em que se encontrava sua terra, assolada pela guerra, e reflete sobre a coerência de suas ações em relação a tais ensinamentos. Levando em consideração o contexto da narrativa do romance de Mia Couto, é correto afirmar que:

A
A demanda realizada por Kindzu e que é relatada em seus cadernos funciona como uma forma de fuga para a personagem Muidinga, que se aliena da realidade da guerra pela leitura dos cadernos, indicando de modo inequívoco a função social da literatura.
B
A narrativa contida nos cadernos de Kindzu, lida por Muidinga e Tuahir, representa o universo onírico e se contrapõe à realidade objetiva das duas personagens, razão pela qual ambas as narrativas aparecem no livro de modo intercalado, sem, necessariamente, haver uma interseção entre elas.
C
Segundo a personagem Kindzu, a sua terra, sonâmbula como ele, seria um lugar da sobreposição entre sonho e realidade, tal como ocorre na narrativa que registra em seus cadernos, em que é impossível o estabelecimento de uma delimitação entre o onírico e o real.
D
O sonho, sugerido pelo termo “sonâmbulo”, contrapõe-se à realidade da guerra, sugerida pela palavra “fogo”; terra sonâmbula seria, pois, um lugar em que os limites entre realidade e sonho aparecem bem delimitados e no qual as personagens estão condenadas definitivamente à miséria da guerra.
69cf124a-19
UNICAMP 2015 - Português - Interpretação de Textos, Tipologia Textual, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Quanto ao conto Negrinha, de Monteiro Lobato, é correto afirmar que:

A
O narrador adere à perspectiva de dona Inácia, fazendo com que o leitor enxergue a história guiado pela ótica dessa personagem e se torne cúmplice dos valores éticos apresentados no conto.
B
O modo como o narrador caracteriza o contexto histórico no conto permite concluir que Negrinha é escrava de dona Inácia e, portanto, está fadada a uma vida de humilhações.
C
A maneira como o narrador comenta as características atribuídas às personagens contrasta com as falas e as ações realizadas por elas, o que caracteriza um modo irônico de apresentação.
D
O narrador apresenta as falas e pensamentos das personagens de modo objetivo; assim, o leitor fica dispensado de elaborar um juízo crítico sobre as relações de poder entre as personagens.
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UNICAMP 2015 - Português - Interpretação de Textos, Figuras de Linguagem, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Morro da Babilônia


À noite, do morro

descem vozes que criam o terror

(terror urbano, cinquenta por cento de cinema,

e o resto que veio de Luanda ou se perdeu na língua

Geral).


Quando houve revolução, os soldados

espalharam no morro,

o quartel pegou fogo, eles não voltaram.

Alguns, chumbados, morreram.

O morro ficou mais encantado.


Mas as vozes do morro

não são propriamente lúgubres.

Há mesmo um cavaquinho bem afinado

que domina os ruídos da pedra e da folhagem

e desce até nós, modesto e recreativo,

como uma gentileza do morro.

(Carlos Drummond de Andrade, Sentimento do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2012, p.19.)


No poema “Morro da Babilônia”, de Carlos Drummond de Andrade, 

A
a menção à cidade do Rio de Janeiro é feita de modo indireto, metonimicamente, pela referência ao Morro da Babilônia.
B
o sentimento do mundo é representado pela percepção particular sobre a cidade do Rio de Janeiro, aludida pela metáfora do Morro da Babilônia.
C
o tratamento dado ao Morro da Babilônia assemelha-se ao que é dado a uma pessoa, o que caracteriza a figura de estilo denominada paronomásia.
D
a referência ao Morro da Babilônia produz, no percurso figurativo do poema, um oxímoro: a relação entre terror e gentileza no espaço urbano.
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UNICAMP 2015 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

(...) plantai batatas, ó geração de vapor e de pó de pedra, *macadamizai estradas, fazei caminhos de ferro, construí passarolas de Ícaro, para andar a qual mais depressa, estas horas contadas de uma vida toda material, maçuda e grossa como tendes feito esta que Deus nos deu tão diferente do que a que hoje vivemos. Andai, ganha-pães, andai: reduzi tudo a cifras, todas as considerações deste mundo a equações de interesse corporal, comprai, vendei, agiotai. – No fim de tudo isto, o que lucrou a espécie humana? Que há mais umas poucas dúzias de homens ricos. E eu pergunto aos economistas políticos, aos moralistas, se já calcularam o número de indivíduos que é forçoso condenar à miséria, ao trabalho desproporcionado, à desmoralização, à infâmia, à ignorância crapulosa, à desgraça invencível, à penúria absoluta, para produzir um rico?

*Macadamizar: pavimentar.

(Almeida Garrett, Viagens na minha terra. São Paulo: Ateliê Editorial, 2012, p.77.)

Formou Deus o homem, e o pôs num paraíso de delícias; tornou a formá-lo a sociedade, e o pôs num inferno de tolices.

(Almeida Garrett, Viagens na minha terra. São Paulo: Ateliê Editorial, 2012, p.190.)

Vários discursos organizam a estrutura narrativa do romance Viagens na minha terra, de Almeida Garrett. Isso permite afirmar que a visão de mundo dessa narrativa

A
compartilha exclusivamente dos valores éticos dos ricos e é demagógica com a miséria social, marca inconfundível do romance de Garrett.
B
relativiza posições dogmáticas sobre a vida social, cultural e política, permitindo vários ângulos de observação.
C
denuncia as condições sociais injustas dos pobres da sociedade, o que indica o caráter panfletário do romance de Garrett.
D
divide o mundo entre ricos e pobres e não leva em consideração que uma vida justa depende da riqueza produzida na sociedade.
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UNICAMP 2015 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

(...) pediu-me desculpa da alegria, dizendo que era alegria de pobre que não via, desde muitos anos, uma nota de cinco mil réis.

– Pois está em suas mãos ver outras muitas, disse eu.

– Sim? acudiu ele, dando um bote pra mim.

– Trabalhando, concluí eu. Fez um gesto de desdém; calou-se alguns instantes, depois disse-me positivamente que não queria trabalhar.

(Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas. São Paulo: Ateliê Editorial, 2001, p.158.)

O trecho citado diz respeito ao encontro entre Brás Cubas e Quincas Borba, no capítulo 49, e, mais precisamente, apanha o momento em que Brás dá uma esmola ao amigo. Considerando o conjunto do romance, é correto afirmar que essa passagem

A
explicita a desigualdade das classes sociais na primeira metade do século XIX e propõe a categoria de trabalho como fator fundamental para a emancipação do pobre.
B
indica o ponto de vista da personagem Brás Cubas e propõe a meritocracia como dispositivo pedagógico e moral para a promoção do ser humano no século XIX.
C
elabora, por meio do narrador, o preconceito da classe social a que pertence Brás Cubas em relação à classe média do século XIX, na qual se insere Quincas Borba.
D
sugere as posições de classe social das personagens machadianas, mediante um narrador que valoriza o trabalho, embora ele mesmo, sendo rico, não trabalhe.
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UNICAMP 2015 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Considere que uma das funções da comédia é corrigir os costumes ou criticar os valores de uma sociedade em um período histórico. O cômico em Lisbela e o prisioneiro é

A
progressista, porque as ações dramáticas das personagens afrontam a ordem policial e familiar e revelam a inconsistência moral dessa ordem.
B
liberal, porque visa a restaurar a ordem hierárquica das personagens de classe social superior em um mundo marcado por corrupção moral e religiosa.
C
radical, porque Citonho e Lisbela planejam a fuga dos presos, rompendo com o pacto da autoridade policial e com a norma do casamento monogâmico.
D
revolucionário, porque Frederico Evandro encarna a figura do justiceiro que desmoraliza a autoridade corrupta e os falsos sentimentos.
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UNICAMP 2015 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Cem anos depois


Vamos passear na floresta

Enquanto D. Pedro não vem.

D. Pedro é um rei filósofo,

Que não faz mal a ninguém.


Vamos sair a cavalo,

Pacíficos, desarmados:

A ordem acima de tudo.

Como convém a um soldado.


Vamos fazer a República,

Sem barulho, sem litígio,

Sem nenhuma guilhotina,

Sem qualquer barrete frígio.


Vamos, com farda de gala,

Proclamar os tempos novos,

Mas cautelosos, furtivos,

Para não acordar o povo.

(José Paulo Paes, O melhor poeta da minha rua, em Fernando Paixão (sel. e org.), Para gostar de ler. São Paulo: Ática, 2008, p.43.)


O tom irônico do poema em relação à história do Brasil põe em evidência 

A
o modo como a democracia surge no Brasil por interferência do Imperador.
B
a maneira despótica como os republicanos trataram os símbolos nacionais.
C
a postura inconsequente que sempre caracterizou os governantes do Brasil.
D
a forma astuciosa como ocorreram os movimentos políticos no Brasil.
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UNICAMP 2015 - Português - Interpretação de Textos, Tipologia Textual, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

No conto “Amor”, de Clarice Lispector, a percepção da personagem Ana, em relação ao seu mundo, é alterada de forma significativa pelo seguinte acontecimento:

A
os ovos quebrados no embrulho do jornal, que simbolizam a mudança psicológica da protagonista no relato ficcional.
B
o cego parado no ponto do bonde, que modifica a visão da protagonista em relação aos vínculos familiares.
C
o estouro do fogão da cozinha, que significa, no percurso narrativo, a ruptura psíquica da protagonista com a opressão da vida matrimonial.
D
a aparição súbita do gato no Jardim Botânico, que deflagra uma reviravolta afetiva de Ana com o seu amante.
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UNICAMP 2015 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Leia o poema “Mar Português”, de Fernando Pessoa.

MAR PORTUGUÊS

Ó mar salgado, quanto do teu sal

São lágrimas de Portugal!

Por te cruzarmos, quantas mães choraram,

Quantos filhos em vão rezaram!

Quantas noivas ficaram por casar

Para que fosses nosso, ó mar!


Valeu a pena? Tudo vale a pena

Se a alma não é pequena.

Quem quer passar além do Bojador

Tem que passar além da dor.

Deus ao mar o perigo e o abismo deu,

Mas nele é que espelhou o céu.

(Disponível em http://www.jornaldepoesia.jor.br/fpesso03.html.)


No poema, a apóstrofe, uma figura de linguagem, indica que o enunciador 

A
convoca o mar a refletir sobre a história das navegações portuguesas.
B
apresenta o mar como responsável pelo sofrimento do povo português.
C
revela ao mar sua crítica às ações portuguesas no período das navegações.
D
projeta no mar sua tristeza com as consequências das conquistas de Portugal.
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UNICAMP 2015 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

A partir da identificação de várias expressões nominais ao longo do texto, é correto afirmar que:

É possível fazer educação de qualidade sem escola

É possível fazer educação embaixo de um pé de manga? Não só é, como já acontece em 20 cidades brasileiras e em Angola, Guiné-Bissau e Moçambique.

Decepcionado com o processo de “ensinagem”, o antropólogo Tião Rocha pediu demissão do cargo de professor da UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto) e criou em 1984 o CPCD (Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento).

Curvelo, no Sertão mineiro, foi o laboratório da “escola” que abandonou mesa, cadeira, lousa e giz, fez das ruas a sala de aula e envolveu crianças e familiares na pedagogia da roda. “A roda é um lugar da ação e da reflexão, do ouvir e do aprender com o outro. Todos são educadores, porque estão preocupados com a aprendizagem. É uma construção coletiva”, explica.

O educador diz que a roda constrói consensos. “Porque todo processo eletivo é um processo de exclusão, e tudo que exclui não é educativo. Uma escola que seleciona não educa, porque excluiu alguns. A melhor pedagogia é aquela que leva todos os meninos a aprenderem. E todos podem aprender, só que cada um no seu ritmo, não podemos uniformizar.”

Nesses 30 anos, o educador foi engrossando seu dicionário de terminologias educacionais, todas calcadas no saber popular: surgiu a pedagogia do abraço, a pedagogia do brinquedo, a pedagogia do sabão e até oficinas de cafuné. Esta última foi provocada depois que um garoto perguntou: “Tião, como faço para conquistar uma moleca?” Foi a deixa para ele colocar questões de sexualidade na roda.

Para resolver a falência da educação, Tião inventou uma UTI educacional, em que “mães cuidadoras” fazem “biscoito escrevido” e “folia do livro” (biblioteca em forma de festa) para ajudar na alfabetização. E ainda colocou em uso termos como “empodimento”, após várias vezes ser questionado pelas comunidades: “Pode [fazer tal coisa], Tião?” Seguida da resposta certeira: “Pode, pode tudo”.

Aos 66 anos, Tião diz estar convicto de que a escola do futuro não existirá e que ela será substituída por espaços de aprendizagem com todas as ferramentas possíveis e necessárias para os estudantes aprenderem.

Educação se faz com bons educadores, e o modelo escolar arcaico aprisiona e há décadas dá sinais de falência. Não precisamos de sala, precisamos de gente. Não precisamos de prédio, precisamos de espaços de aprendizado. Não precisamos de livros, precisamos ter todos os instrumentos possíveis que levem o menino a aprender.”

Sem pressa, seguindo a Carta da Terra e citando Ariano Suassuna para dizer que “terceira idade é para fruta: verde, madura e podre”, Tião diz se sentir “privilegiado” de viver o que já viveu e acreditar na utopia de não haver mais nenhuma criança analfabeta no Brasil. “Isso não é uma política de governo, nem de terceiro setor, é uma questão ética”, pontua.

(Qsocial, 09/12/2014. Disponível em http://www.cpcd.org.br/ portfolio/e_possivel_fazer_educacao_de_qualidade_100_escola/.)

A
As expressões “pedagogia do abraço”, “pedagogia da roda”, “pedagogia do sabão”, “pedagogia do brinquedo”, “oficinas de cafuné” são referências a terminologias educacionais de caráter técnico.
B
As expressões “biscoito escrevido”, “processo de ensinagem” e “folia do livro” são neologismos criados por meio da manipulação de processos de formação de palavras.
C
A expressão “escola” está entre aspas porque se refere aos espaços de aprendizagem diferentes da escola tradicional de hoje e que não serão encontrados no futuro.
D
A expressão “processo eletivo”, compreendida no texto como exclusão social, pressupõe a existência de um projeto educacional que tem por objetivo a uniformização da aprendizagem.
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UNICAMP 2015 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

A publicidade acima foi divulgada no site da agência FAMIGLIA no dia 24 de janeiro de 2007, véspera do aniversário de São Paulo, no período em que foi proposta a campanha “Cidade Limpa”. Na base da foto, em letras bem pequenas, está escrito: Tomara, mas tomara mesmo, que nos próximos aniversários o paulistano comemore uma cidade nova de verdade.

Considerando os sentidos produzidos por esse anúncio, é correto afirmar:

A
As duas perguntas e as duas respostas que configuram o texto do outdoor na publicidade acima pressupõem que os paulistanos estão discutindo o número de outdoors e também o abandono de muitos dos moradores da cidade.
B
O texto escrito em letras pequenas tem a função de exortar os paulistanos a refletir sobre as próximas eleições e sobre como fazer para que seja estabelecido um conjunto de prioridades socialmente relevantes para toda a sociedade.
C
A publicidade pretende levar os leitores a perceber que as prioridades estabelecidas pela gestão municipal da cidade não permitem que os paulistanos enxerguem os verdadeiros problemas que estão nas ruas de São Paulo.
D
A publicidade, composta de texto verbal e imagem, tem como objetivo principal encampar o projeto “Cidade Limpa” elaborado pela gestão municipal e também propor a discussão de outras prioridades para a cidade.
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UNICAMP 2015 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Considerando os recursos linguísticos e discursivos presentes na configuração do texto, é correto afirmar que:

Leia com atenção o texto abaixo.

Nunca conheci quem tivesse sido tão feliz como nas redes sociais

(...) Eu tenho inveja de mim no Instagram.

(…) Eu queria ser feliz como eu sou no Instagram.

Eu queria ter certeza, como eu tenho no Facebook, sobre as minhas posições políticas.

E no Twitter, bem, no Twitter eu não sou tão feliz nem certa e é por isso que de longe essa ganha como rede social de mi corazón.

E quanto mais eu me sinto angustiada (quem nunca?), mais eu entro no Instagram e vejo a foto das pessoas superfelizes. E mais angustiada eu fico. Por mais que eu saiba que aquela felicidade é de mentira.

Outro dia uma editora de moda que faz muito sucesso no Instagram escreveu em uma legenda: "até que estou bem depois de tomar um stillnox e um rivotril." (!!!!! Gente!) Mas ufa, ela assumiu. Até então, seus seguidores talvez pudessem achar que ela era uma super-heroína que nunca tinha levado porrada (nem conhecido quem tivesse tomado). Ela viaja de um lado para o outro, acorda cedo, mas tem uma decoração linda na mesa, viaja de país em país. Trabalha loucamente. Mas ela sempre está disposta e apaixonada pelo que faz.

Escuta! Quanta mentira! Nenhuma de nós está apaixonada o tempo todo pelo que faz. Eu, hoje, escrevi esse texto com muito esforço. Eu, hoje, estou achando que eu escrevo mal e que perdi o jeito para a coisa. Quem nunca?

Quem nunca muitas vezes?

Quem estamos querendo enganar? A gente. Mas tem vezes, como agora, em que não dá. Eu queria muito voltar no tempo quando as redes sociais não existiam só para lembrar como era… Às vezes eu acho que, com todas as vantagens da vida em rede…, talvez a gente se sentisse melhor. Sério. "Estou farto de semideuses. Onde é que há gente nesse mundo?", grita o Fernando Pessoa lá do túmulo.

(Adaptado de Nina Lemos, disponível em http://revistatpm. uol.com.br/blogs/berlimmandaavisar/2015/07/13/nunca-conheci-quem-tivesse-sido-tao-feliz-como-nas-redes-sociais.html.)

A
“Nunca conheci quem tivesse sido tão feliz como nas redes sociais / Eu tenho inveja de mim no Instagram” é um enunciado que se espelha nos versos “Nunca conheci quem tivesse levado porrada / Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo”, do Poema em Linha Reta, de Fernando Pessoa, por meio do recurso ao paralelismo de estruturas sintáticas.
B
No texto de Nina Lemos, alguns recursos linguísticos e discursivos são mobilizados de modo a promover um tipo particular de interação entre o produtor do texto e seus leitores por meio de diálogos entre personagens, pontuação com funções estilisticamente diversas, um léxico de natureza coloquial e perguntas retóricas.
C
Baseado no Poema em Linha Reta de Fernando Pessoa, o texto de Nina Lemos apresenta argumentos para convencer seus leitores de que ela tem uma vida difícil em relação à de outras pessoas felizes que conhece pelo Instagram, e de que é possível mostrar a essas pessoas que a vida não é tão boa quanto parece.
D
O texto de Nina Lemos apresenta uma organização textual e sintática típica da esfera jornalística, que se caracteriza pelo uso de marcas de oralidade como o recurso a sequências de diálogos (“Quem estamos querendo enganar? A gente.”), o uso de marcadores discursivos (“bem”, “sério”) e de enunciados inseridos (“quem nunca?”).
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UNICAMP 2014 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Dados numéricos e recursos linguísticos colaboram para a construção dos sentidos de um texto. Leia os títulos de notícias a seguir sobre as vendas do comércio no último Dia dos Pais.

Venda para o Dia dos Pais cresceu 2% em relação ao ano passado.

(Adaptado de O Diário Online, 15/08/2014. Disponível em http://www.odiarioonline.com.br/noticia/26953/. Acessado em 20/08/2014.)

Só 4 em cada 10 brasileiros compraram presentes no Dia dos Pais.

(Época São Paulo, 17/08/2014. Disponível em http://epoca.globo.com/regional/sp/Consumo. Acessado em 20/08/2014.)

Podemos afirmar que:

A
As informações apresentadas nos títulos fornecem análises convergentes sobre as vendas.
B
A avaliação sobre as vendas expressa no segundo título é confirmada pela proporção apresentada no primeiro título.
C
Uma avaliação pessimista das vendas no Dia dos Pais é apresentada no segundo título.
D
O crescimento de 2% mencionado no primeiro título garante que as vendas este ano foram satisfatórias.
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UNICAMP 2014 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Muito me pesa, leitor amigo, se outra coisa esperavas das minhas Viagens, se te falto, sem o querer, a promessas que julgaste ver nesse título, mas que eu não fiz decerto. Querias talvez que te contasse, marco a marco, as léguas das estradas?

(Almeida Garrett, Viagens na minha terra. São Paulo: Ateliê Editorial, 2012, p. 218.)

No trecho acima, o narrador garrettiano admite que traiu as expectativas do leitor. Tal fato deveu-se

A
à descrição pormenorizada da natureza e dos monumentos históricos das cidades portuguesas.
B
ao caráter linear do relato ficcional, que se fixou nos detalhes do percurso realizado durante a viagem a Santarém.
C
ao caráter digressivo do relato ficcional, que mesclou vários gêneros textuais.
D
às posições políticas assumidas pelo narrador, que propõe uma visão conservadora da história de Portugal.
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UNICAMP 2014 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Para a questão, considere os versos abaixo dos poemas “Sentimento do mundo” e “Noturno à janela do apartamento”, de Carlos Drummond de Andrade, ambos publicados no livro Sentimento do mundo.

esse amanhecer
mais noite que a noite.

(Carlos Drummond de Andrade. Sentimento do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2012, p.12.)

Silencioso cubo de treva:
um salto, e seria a morte.
Mas é apenas, sob o vento,
a integração na noite.

Nenhum pensamento de infância,
nem saudade nem vão propósito.
Somente a contemplação
de um mundo enorme e parado.

A soma da vida é nula.
Mas a vida tem tal poder:
na escuridão absoluta,
como líquido, circula.

Suicídio, riqueza, ciência...
A alma severa se interroga
e logo se cala. E não sabe
se é noite, mar ou distância.

Triste farol da Ilha Rasa.
(Idem, p. 71.)

Considerando a obra Sentimento do mundo em seu conjunto e tendo em vista que os primeiros versos transcritos pertencem ao poema que abre e dá título ao livro de Drummond, e que o segundo poema, citado integralmente, corresponde ao fechamento do volume, é correto afirmar que

A
a oposição de base dos poemas reside nas imagens contrapostas de luz e trevas, manifestando o tema do pessimismo acerca da condição humana.
B
o percurso figurativo dos poemas é marcado apenas pelas imagens da noite, associadas às ideias de negatividade e de esperança para a humanidade.
C
a unidade de sentido do conjunto dos textos poéticos reside na clássica oposição entre luz e trevas, sendo que o percurso figurativo manifesta o tema da maldade.
D
as imagens de luz e trevas significam a luta eterna entre o bem e o mal, o que se confirma no verso “Suicídio, riqueza, ciência”, que sugere o impasse do eu lírico.
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UNICAMP 2014 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

‘Robótica não é filme de Hollywood', diz Nicolelis sobre o exoesqueleto.

Robô comandado por paraplégico foi mostrado na abertura da Copa. Equipamento transforma força do pensamento em movimentos mecânicos.

Em entrevista ao G1, o neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis comentou que inicialmente estava previsto um jovem paraplégico se levantar da cadeira de rodas, andar alguns passos e dar um chute na bola, que seria o “pontapé inicial” do Mundial do Brasil. Mas a estratégia foi revista após a Fifa informar que o grupo teria 29 segundos para realizar a demonstração científica.
Na última quinta-feira, o voluntário Juliano Pinto, de 29 anos, deu um chute simbólico na bola da Copa usando o exoesqueleto. Na transmissão oficial, exibida por emissoras em todo o mundo, a cena durou apenas sete segundos.
O neurocientista minimizou as críticas recebidas após a rápida apresentação na Arena Corinthians: “Tenham calma, não olhem para isso como se fosse um jogo de futebol. Tem que conhecer tecnicamente e saber o esforço. Robótica não é filme de Hollywood, tem limitações que nós conhecemos. O limite desse trabalho foi alcançado. Os oito pacientes atingiram um grau de proficiência e controle mental muito altos, e tudo isso será publicado”, garante.

(Adaptado de Eduardo Carvalho, ‘Robótica não é filme de Hollywood', diz Nicolelis sobre o exoesqueleto. Disponível em http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2014/06/robotica-nao-e-fil me-de-hollywood-diz-nicolelis-sobre- o-exoesqueleto.html. Acessado em 18/06/2014.)

Considerando a notícia transcrita acima, pode-se dizer que a afirmação reproduzida no título (“Robótica não é filme de Hollywood”).

A
reitera a baixa qualidade técnica das imagens da demonstração com o exoesqueleto, depreciando a própria realização do experimento com voluntários.
B
destaca a grande receptividade da demonstração com o exoesqueleto junto ao público da Copa, superior à dos filmes produzidos em Hollywood.
C
aponta a necessidade de maiores investimentos financeiros na geração de imagens que possam valorizar a importância de conquistas científicas na mídia.
D
sugere que os resultados desse feito científico são muito mais complexos do que as imagens veiculadas pela televisão permitiram ver.
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UNICAMP 2014 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

A busca por vida fora da Terra

Um sinal eletrônico é emitido pelo Laboratório de Propulsão a Jato (JPL, sigla em inglês) da NASA, em Pasadena, Califórnia, e viaja até um robô fixado na parte inferior da camada de gelo de 30 centímetros de espessura em um lago do extremo norte do Alasca. O holofote do robô começa a brilhar. “Funcionou!”, exclama John Leichty, um jovem engenheiro do JPL, que está em uma barraca perto do lago congelado. Embora não pareça uma grande façanha tecnológica, esse talvez seja o primeiro passo para a exploração de uma lua distante.

Mais de sete mil quilômetros ao sul do Alasca, no México, a geomicrobióloga Penelope Boston caminha por uma água turva que bate em seus tornozelos, em uma gruta, cerca de 15 metros abaixo da superfície. Como os outros cientistas que a acompanham, Penelope carrega um respirador pesado, além do tanque adicional de ar, de modo que possa sobreviver em meio ao sulfeto de hidrogênio, monóxido de carbono e outros gases venenosos da caverna. Aos seus pés, a água corrente contém ácido sulfúrico. A lanterna no capacete ilumina a gotícula de uma gosma espessa e semitranslúcida que escorre da parede. “Não é incrível?”, exclama.

Esses dois locais (um lago congelado no ártico e uma gruta nos trópicos) talvez possam fornecer pistas para um dos mistérios mais antigos e instigantes: existe vida fora do nosso planeta? Criaturas em outros mundos, seja em nosso sistema solar, seja em órbita ao redor de estrelas distantes, poderiam muito bem ter de sobreviver em oceanos recobertos de gelo, como os que existem em um dos satélites de Júpiter, ou em grutas fechadas e repletas de gás, que talvez sejam comuns em Marte. Portanto, se for possível determinar um procedimento para isolar e identificar formas de vida em ambientes igualmente extremos aqui na Terra, então estaremos mais preparados para empreender a busca pela vida em outras partes do Universo.

(Adaptado de Michael D. Lemonick, A busca por vida fora da Terra. National Geographic, jul. 2014, p. 38-40.)

Assinale a alternativa que resume adequadamente o texto.

A
Estudos sobre formas de vida em ambientes extremos podem preparar os cientistas para enfrentar a questão da busca pela vida fora da Terra.
B
A partir de uma caverna no Alasca, um robô revela pistas sobre outras formas de vida no nosso sistema solar.
C
os trabalhos científicos desenvolvidos em qualquer lugar da Terra permitem compreender formas de vida em outros planetas.
D
Cientistas, trabalhando em ambientes extremos, desenvolveram procedimentos capazes de detectar vida fora da terra.
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UNICAMP 2014 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

O trecho a seguir foi retirado da apresentação da obra Pioneiras da ciência no Brasil. O livro traz biografias de cientistas brasileiras que iniciaram suas carreiras nos anos 1930 e 1940.

Cabe uma reflexão sobre a divisão dos papéis masculino e feminino dentro da família, para tentar melhor entender por que a presença feminina no mundo científico mantém-se minoritária. Constata-se que, no Brasil, ainda cabem às mulheres, fortemente, as responsabilidades domésticas e de socialização das crianças, além dos cuidados com os velhos. Assim, ainda que dividindo o espaço doméstico com companheiros, as mulheres têm, na maioria dos lares, maior necessidade de articular os papéis familiares e profissionais. A ideia de que conciliar vida profissional e familiar representa uma dificuldade é reforçada pela análise da população ocupada feminina com curso superior, feita por estudiosos, que constata que cerca de 46% dessas mulheres vivem em domicílios sem crianças. Como as cientistas são pessoas com diplomas superiores, elas estão compreendidas nesse universo. Por outro lado, talvez a sociedade brasileira ainda mantenha uma visão estereotipada – calcada num modelo masculino tradicional - do que seja um profissional da ciência. E certamente faltam às mulheres modelos positivos, as grandes cientistas que lograram conciliar sucesso profissional com vida pessoal realizada. Para quebrar os estereótipos femininos, para que novas gerações possam se mirar em novos modelos, é necessário resgatar do esquecimento figuras femininas que, inadvertida ou deliberadamente, permaneceram ocultas na história da ciência em nosso país.

(Adaptado de Hildete P. de Melo e Lígia Rodrigues, Pioneiras da ciência no Brasil. Rio de Janeiro: SBPC, 2006, p. 3-4.)

Indique a alternativa correta. No texto,

A
a informação numérica indica a desproporção entre o número de homens e o de mulheres presentes no mundo da ciência.
B
o último período tem a finalidade de justificar a publicação do livro Pioneiras da ciência no Brasil, estabelecendo os objetivos da obra.
C
a visão estereotipada de mulher cientista é exemplificada pelos modelos positivos das pioneiras brasileiras na ciência, tema da obra.
D
as informações sobre o envolvimento das mulheres nos afazeres domésticos não constituem argumentos importantes para justificar a obra.
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UNICAMP 2014 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

O cartaz a seguir foi usado em uma campanha pública para doação de sangue.

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Glossário

Rolezinho: diminutivo de rolê ou rolé; em linguagem informal, significa “pequeno passeio”. Recentemente, tem designado encontros simultâneos de centenas de pessoas em locais como praças, parques públicos e shopping centers, organizados via internet.

Anonymous riot: rebelião anônima.

Considerando como os sentidos são produzidos no cartaz e o seu caráter persuasivo, pode-se afirmar que:

A
As figuras humanas estilizadas, semelhantes umas às outras, remetem ao grupo homogêneo das pessoas que podem ajudar e ser ajudadas.
B
A expressão “rolezinho” remete à meta de se reunir muitas pessoas, em um só dia, para doar sangue.
C
O termo “até” indica o limite mínimo de pessoas a serem beneficiadas a partir da ação de um só indivíduo.
D
O destaque visual dado à expressão “ROLEZINHO NO HEMORIO” tem a função de enfatizar a participação individual na campanha.