Questõesde USP sobre Interpretação de Textos

1
1
1
Foram encontradas 192 questões
33dcb55b-d4
USP 2017 - Português - Interpretação de Textos

Uma característica do Naturalismo presente no texto é:

      

A
forte apelo aos sentidos.
B
idealização do espaço.
C
exaltação da natureza.
D
realce de aspectos raciais.
E
ênfase nas individualidades.
33df6e00-d4
USP 2017 - Português - Interpretação de Textos, Variação Linguística

Constitui marca do registro informal da língua o trecho

      

A
“mas um só ruído compacto” (L. 2-3).
B
“ouviam-se gargalhadas” (L. 5).
C
“o prazer animal de existir” (L. 8-9).
D
“gritou ela para baixo” (L. 14).
E
“bata na porta” (L. 15).
33e229f6-d4
USP 2017 - Português - Interpretação de Textos

As declarações de Graciliano Ramos na Carta e o excerto do romance permitem afirmar que a personagem Baleia, em Vidas secas, representa

      (...) procurei adivinhar o que se passa na alma duma cachorra. Será que há mesmo alma em cachorro? Não me importo. O meu bicho morre desejando acordar num mundo cheio de preás. Exatamente o que todos nós desejamos. A diferença é que eu quero que eles apareçam antes do sono, e padre Zé Leite pretende que eles nos venham em sonhos, mas no fundo todos somos como a minha cachorra Baleia e esperamos preás. (...)

                                                                                              Carta de Graciliano Ramos a sua esposa.



      (...) Uma angústia apertou-lhe o pequeno coração. Precisava vigiar as cabras: àquela hora cheiros de suçuarana deviam andar pelas ribanceiras, rondar as moitas afastadas. Felizmente os meninos dormiam na esteira, por baixo do caritó onde sinha Vitória guardava o cachimbo.

      (...)

      Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num mundo cheio de preás. E lamberia as mãos de Fabiano, um Fabiano enorme. As crianças se espojariam com ela, rolariam com ela num pátio enorme, num chiqueiro enorme. O mundo ficaria todo cheio de preás, gordos, enormes.

                                                                                                              Graciliano Ramos, Vidas secas.

A
o conformismo dos sertanejos.
B
os anseios comunitários de justiça social.
C
os desejos incompatíveis com os de Fabiano.
D
a crença em uma vida sobrenatural.
E
o desdém por um mundo melhor.
33e4e2b2-d4
USP 2017 - Português - Interpretação de Textos

A comparação entre os fragmentos, respectivamente, da Carta e de Vidas secas, permite afirmar que

      (...) procurei adivinhar o que se passa na alma duma cachorra. Será que há mesmo alma em cachorro? Não me importo. O meu bicho morre desejando acordar num mundo cheio de preás. Exatamente o que todos nós desejamos. A diferença é que eu quero que eles apareçam antes do sono, e padre Zé Leite pretende que eles nos venham em sonhos, mas no fundo todos somos como a minha cachorra Baleia e esperamos preás. (...)

                                                                                              Carta de Graciliano Ramos a sua esposa.



      (...) Uma angústia apertou-lhe o pequeno coração. Precisava vigiar as cabras: àquela hora cheiros de suçuarana deviam andar pelas ribanceiras, rondar as moitas afastadas. Felizmente os meninos dormiam na esteira, por baixo do caritó onde sinha Vitória guardava o cachimbo.

      (...)

      Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num mundo cheio de preás. E lamberia as mãos de Fabiano, um Fabiano enorme. As crianças se espojariam com ela, rolariam com ela num pátio enorme, num chiqueiro enorme. O mundo ficaria todo cheio de preás, gordos, enormes.

                                                                                                              Graciliano Ramos, Vidas secas.

A
“será que há mesmo” e “acordaria feliz” sugerem dúvida.
B
“procurei adivinhar” e “precisava vigiar” significam necessidade.
C
“no fundo todos somos” e “andar pelas ribanceiras” indicam lugar.
D
“ padre Zé Leite pretende” e “Baleia queria dormir” indicam intencionalidade.
E
“todos nós desejamos” e “dormiam na esteira” indicam possibilidade.
33d43804-d4
USP 2017 - Português - Interpretação de Textos

Nos dois textos, obtém-se ênfase por meio do emprego de um mesmo recurso expressivo, como se pode verificar nos seguintes trechos:

      Este último capítulo é todo de negativas. Não alcancei a celebridade do emplasto, não fui ministro, não fui califa, não conheci o casamento. Verdade é que, ao lado dessas faltas, coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto. Mais; não padeci a morte de dona Plácida, nem a semidemência do Quincas Borba. Somadas umas coisas e outras, qualquer pessoa imaginará que não houve míngua nem sobra, e, conseguintemente, que saí quite com a vida. E imaginará mal; porque ao chegar a este outro lado do mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa deste capítulo de negativas: - Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria.

                                                                     Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas.


      Não sei por que até hoje todo o mundo diz que tinha pena dos escravos. Eu não penso assim. Acho que se fosse obrigada a trabalhar o dia inteiro não seria infeliz. Ser obrigada a ficar à toa é que seria castigo para mim. Mamãe às vezes diz que ela até deseja que eu fique preguiçosa; a minha esperteza é que a amofina. Eu então respondo: “Se eu fosse preguiçosa não sei o que seria da senhora, meu pai e meus irmãos, sem uma empregada em casa”.

                                                                                                  Helena Morley, Minha vida de menina.

A
“Este último capítulo é todo de negativas” / “Eu não penso assim”.
B
“Não alcancei a celebridade do emplasto, não fui ministro, não fui califa, não conheci o casamento” / “Não sei por que até hoje todo o mundo diz que tinha pena dos escravos”.
C
“Verdade é que, ao lado dessas faltas, coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto” / “Ser obrigada a ficar à toa é que seria castigo para mim”.
D
“qualquer pessoa imaginará que não houve míngua nem sobra” / “Mamãe às vezes diz que ela até deseja que eu fique preguiçosa”.
E
“Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria” / “Acho que se fosse obrigada a trabalhar o dia inteiro não seria infeliz”.
33d16a6c-d4
USP 2017 - Português - Interpretação de Textos

São características dos narradores Brás Cubas e Helena, respectivamente,

      Este último capítulo é todo de negativas. Não alcancei a celebridade do emplasto, não fui ministro, não fui califa, não conheci o casamento. Verdade é que, ao lado dessas faltas, coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu rosto. Mais; não padeci a morte de dona Plácida, nem a semidemência do Quincas Borba. Somadas umas coisas e outras, qualquer pessoa imaginará que não houve míngua nem sobra, e, conseguintemente, que saí quite com a vida. E imaginará mal; porque ao chegar a este outro lado do mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa deste capítulo de negativas: - Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria.

                                                                     Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas.


      Não sei por que até hoje todo o mundo diz que tinha pena dos escravos. Eu não penso assim. Acho que se fosse obrigada a trabalhar o dia inteiro não seria infeliz. Ser obrigada a ficar à toa é que seria castigo para mim. Mamãe às vezes diz que ela até deseja que eu fique preguiçosa; a minha esperteza é que a amofina. Eu então respondo: “Se eu fosse preguiçosa não sei o que seria da senhora, meu pai e meus irmãos, sem uma empregada em casa”.

                                                                                                  Helena Morley, Minha vida de menina.

A
malícia e ingenuidade.
B
solidariedade e egoísmo.
C
apatia e determinação.
D
rebeldia e conformismo.
E
otimismo e pessimismo.
33cbd946-d4
USP 2017 - Português - Interpretação de Textos

De acordo com o texto, a compreensão do significado de uma obra de arte pressupõe

       

A
o reconhecimento de seu significado intrínseco.
B
a exclusividade do ponto de vista mais recente.
C
a consideração de seu caráter imutável.
D
o acúmulo de interpretações anteriores.
E
a explicação definitiva de seu sentido.
33c8f0cc-d4
USP 2017 - Português - Interpretação de Textos

Examine o cartum.



O efeito de humor presente no cartum decorre, principalmente, da

A
semelhança entre a língua de origem e a local.
B
falha de comunicação causada pelo uso do aparelho eletrônico.
C
falta de habilidade da personagem em operar o localizador geográfico.
D
discrepância entre situar-se geograficamente e dominar o idioma local.
E
incerteza sobre o nome do ponto turístico onde as personagens se encontram.
ffa35b8d-e1
USP 2016 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Mas o pecado maior contra a Civilização e o Progresso, contra o Bom Senso e o Bom Gosto e até os Bons Costumes, que estaria sendo cometido pelo grupo de regionalistas a quem se deve a ideia ou a organização deste Congresso, estaria em procurar reanimar não só a arte arcaica dos quitutes finos e caros em que se esmeraram, nas velhas casas patriarcais, algumas senhoras das mais ilustres famílias da região, e que está sendo esquecida pelos doces dos confeiteiros franceses e italianos, como a arte - popular como a do barro, a do cesto, a da palha de Ouricuri, a de piaçava, a dos cachimbos e dos santos de pau, a das esteiras, a dos ex-votos, a das redes, a das rendas e bicos, a dos brinquedos de meninos feitos de sabugo de milho, de canudo de mamão, de lata de doce de goiaba, de quenga de coco, de cabaça - que é, no Nordeste, o preparado do doce, do bolo, do quitute de tabuleiro, feito por mãos negras e pardas com uma perícia que iguala, e às vezes excede, a das sinhás brancas.

Gilberto Freyre. Manifesto regionalista (7ª ed.). Recife: FUNDAJ, Ed. Massangana, 1996.

De acordo com o texto de Gilberto Freyre, o Manifesto regionalista, publicado em 1926,

A
opunha-se ao cosmopolitismo dos modernistas, especialmente por refutar a alteração nos hábitos alimentares nordestinos.
B
traduzia um projeto político centralizador e antidemocrático associado ao retorno de instituições monárquicas.
C
exaltava os valores utilitaristas do moderno capitalismo industrial, pois reconhecia a importância da tradição agrária brasileira.
D
preconizava a defesa do mandonismo político e da integração de brancos e negros sob a forma da democracia racial.
E
promovia o desenvolvimento de uma cultura brasileira autêntica pelo retorno a seu passado e a suas tradições e riquezas locais.
ff7b8fcd-e1
USP 2016 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Um aspecto do poema em que se manifesta a persistência de um valor afirmado também no Modernismo da década de 1920 é o

Considere as imagens e o texto, para responder à questão.



II / São Francisco de Assis*

Senhor, não mereço isto.

Não creio em vós para vos amar.

Trouxestes-me a São Francisco

e me fazeis vosso escravo.


Não entrarei, senhor, no templo,

seu frontispício me basta.

Vossas flores e querubins

são matéria de muito amar.


Dai-me, senhor, a só beleza

destes ornatos. E não a alma.

Pressente-se dor de homem,

paralela à das cinco chagas.


Mas entro e, senhor, me perco

na rósea nave triunfal.

Por que tanto baixar o céu?

por que esta nova cilada?


Senhor, os púlpitos mudos

entretanto me sorriem.

Mais que vossa igreja, esta

sabe a voz de me embalar.


Perdão, senhor, por não amar-vos.


*O texto faz parte do conjunto de poemas “Estampas de Vila Rica”, que integra a edição crítica de Claro enigma. São Paulo: Cosac Naify, 2012.

A
destaque dado às características regionais.
B
uso da variante oral-popular da linguagem.
C
elogio do sincretismo religioso.
D
interesse pelo passado da arte no Brasil.
E
delineamento do poema em feitio de oração.
ff790cb0-e1
USP 2016 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Analise as seguintes afirmações relativas à arquitetura das igrejas sob a estética do Barroco:
I. Unem-se, no edifício, diferentes artes, para assaltar de uma vez os sentidos, de modo que o público não possa escapar.
II. O arquiteto procurava surpreender o observador, suscitando nele uma reação forte de maravilhamento.
III. A arquitetura e a ornamentação dos templos deviam encenar, entre outras coisas, a preeminência da Igreja.
A experiência que se expressa no poema de Drummond registra, em boa medida, as reações do eu lírico ao que se encontra registrado em

Considere as imagens e o texto, para responder à questão.



II / São Francisco de Assis*

Senhor, não mereço isto.

Não creio em vós para vos amar.

Trouxestes-me a São Francisco

e me fazeis vosso escravo.


Não entrarei, senhor, no templo,

seu frontispício me basta.

Vossas flores e querubins

são matéria de muito amar.


Dai-me, senhor, a só beleza

destes ornatos. E não a alma.

Pressente-se dor de homem,

paralela à das cinco chagas.


Mas entro e, senhor, me perco

na rósea nave triunfal.

Por que tanto baixar o céu?

por que esta nova cilada?


Senhor, os púlpitos mudos

entretanto me sorriem.

Mais que vossa igreja, esta

sabe a voz de me embalar.


Perdão, senhor, por não amar-vos.


*O texto faz parte do conjunto de poemas “Estampas de Vila Rica”, que integra a edição crítica de Claro enigma. São Paulo: Cosac Naify, 2012.

A
I, apenas.
B
II, apenas.
C
II e III, apenas.
D
I e III, apenas.
E
I, II e III.
ff6ed892-e1
USP 2016 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Se pudesse mudar-se, gritaria bem alto que o roubavam. Aparentemente resignado, sentia um ódio imenso a qualquer coisa que era ao mesmo tempo a campina seca, o patrão, os soldados e os agentes da prefeitura. Tudo na verdade era contra ele. Estava acostumado, tinha a casca muito grossa, mas às vezes se arreliava. Não havia paciência que suportasse tanta coisa.

- Um dia um homem faz besteira e se desgraça.

Graciliano Ramos, Vidas secas.

Tendo em vista as causas que a provocam, a revolta que vem à consciência de Fabiano, apresentada no texto como ainda contida e genérica, encontrará foco e uma expressão coletiva militante e organizada, em época posterior à publicação de Vidas secas, no movimento

A
carismático de Juazeiro do Norte, orientado pelo Padre Cícero Romão Batista.
B
das Ligas Camponesas, sob a liderança de Francisco Julião.
C
do Cangaço, quando chefiado por Virgulino Ferreira da Silva (Lampião).
D
messiânico de Canudos, conduzido por Antônio Conselheiro.
E
da Coluna Prestes, encabeçado por Luís Carlos Prestes.
ff696094-e1
USP 2016 - Português - Interpretação de Textos, Figuras de Linguagem

Dentre os recursos expressivos empregados no texto, tem papel preponderante a

TEXTO PARA A QUESTÃO


A
metonímia (uso de uma palavra fora do seu contexto semântico normal, com base na relação de contiguidade existente entre ela e o referente).
B
hipérbole (ênfase expressiva resultante do exagero da significação linguística).
C
alegoria (sequência de metáforas logicamente ordenadas).
D
sinestesia (associação de palavras ou expressões em que ocorre combinação de sensações diferentes numa só impressão).
E
prosopopeia (atribuição de sentimentos humanos ou de palavras a seres inanimados ou a animais).
ff715b07-e1
USP 2016 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Considerando-se o excerto no contexto de Mayombe, os paralelos que nele são estabelecidos entre aspectos da natureza e da vida humana podem ser interpretados como uma

Observe a imagem e leia o texto, para responder à questão.


    O Comissário apertou-lhe mais a mão, querendo transmitir-lhe o sopro de vida. Mas a vida de Sem Medo esvaía-se para o solo do Mayombe, misturando-se às folhas em decomposição.

    [...]

    Mas o Comissário não ouviu o que o Comandante disse. Os lábios já mal se moviam.

    A amoreira gigante à sua frente. O tronco destaca-se do sincretismo da mata, mas se eu percorrer com os olhos o tronco para cima, a folhagem dele mistura-se à folhagem geral e é de novo o sincretismo. Só o tronco se destaca, se individualiza. Tal é o Mayombe, os gigantes só o são em parte, ao nível do tronco, o resto confunde-se na massa. Tal o homem. As impressões visuais são menos nítidas e a mancha verde predominante faz esbater progressivamente a claridade do tronco da amoreira gigante. As manchas verdes são cada vez mais sobrepostas, mas, num sobressalto, o tronco da amoreira ainda se afirma, debatendo-se. Tal é a vida.

    [...]

    Os olhos de Sem Medo ficaram abertos, contemplando o tronco já invisível do gigante que para sempre desaparecera no seu elemento verde.

Pepetela, Mayombe.

A
reflexão relacionada ao próprio Comandante Sem Medo e a seu dilema característico entre a valorização do indivíduo e o engajamento em um projeto eminentemente coletivo.
B
caracterização flagrante da dificuldade de aceder ao plano do raciocínio abstrato, típica da atitude pragmática do militante revolucionário.
C
figuração da harmonia que reina no mundo natural, em contraste com as dissensões que caracterizam as relações humanas, notadamente nas zonas urbanizadas.
D
representação do juízo do Comissário a respeito da manifesta incapacidade que tem o Comandante Sem Medo de ultrapassar o dogmatismo doutrinário.
E
crítica esclarecida à mentalidade animista - que tende a personificar os elementos da natureza - e ao tribalismo, ainda muito difundidos entre os guerrilheiros do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA).
ff742570-e1
USP 2016 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Consideradas no âmbito dos valores que são postos em jogo em Mayombe, as relações entre a árvore e a floresta, tal como concebidas e expressas no excerto, ensejam a valorização de uma conduta que corresponde à da personagem

Observe a imagem e leia o texto, para responder à questão.


    O Comissário apertou-lhe mais a mão, querendo transmitir-lhe o sopro de vida. Mas a vida de Sem Medo esvaía-se para o solo do Mayombe, misturando-se às folhas em decomposição.

    [...]

    Mas o Comissário não ouviu o que o Comandante disse. Os lábios já mal se moviam.

    A amoreira gigante à sua frente. O tronco destaca-se do sincretismo da mata, mas se eu percorrer com os olhos o tronco para cima, a folhagem dele mistura-se à folhagem geral e é de novo o sincretismo. Só o tronco se destaca, se individualiza. Tal é o Mayombe, os gigantes só o são em parte, ao nível do tronco, o resto confunde-se na massa. Tal o homem. As impressões visuais são menos nítidas e a mancha verde predominante faz esbater progressivamente a claridade do tronco da amoreira gigante. As manchas verdes são cada vez mais sobrepostas, mas, num sobressalto, o tronco da amoreira ainda se afirma, debatendo-se. Tal é a vida.

    [...]

    Os olhos de Sem Medo ficaram abertos, contemplando o tronco já invisível do gigante que para sempre desaparecera no seu elemento verde.

Pepetela, Mayombe.

A
João Romão, de O cortiço, observadas as relações que estabelece com a comunidade dos encortiçados.
B
Jacinto, de A cidade e as serras, tendo em vista suas práticas de beneficência junto aos pobres de Paris.
C
Fabiano, de Vidas secas, na medida em que ele se integrava na comunidade dos sertanejos, seus iguais e vizinhos.
D
Pedro Bala, de Capitães da Areia, em especial ao completar sua trajetória de politização.
E
Augusto Matraga, do conto “A hora e vez de Augusto Matraga”, de Sagarana, na sua fase inicial, quando era o valentão do lugar.
ff5c180d-e1
USP 2016 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

De acordo com o texto, a boa tradução precisa

TEXTO PARA A QUESTÃO

    Evidentemente, não se pode esperar que Dostoiévski seja traduzido por outro Dostoiévski, mas desde que o tradutor procure penetrar nas peculiaridades da linguagem primeira, aplique-se com afinco e faça com que sua criatividade orientada pelo original permita, paradoxalmente, afastar-se do texto para ficar mais próximo deste, um passo importante será dado. Deixando de lado a fidelidade mecânica, frase por frase, tratando o original como um conjunto de blocos a serem transpostos, e transgredindo sem receio, quando necessário, as normas do “escrever bem”, o tradutor poderá trazê-lo com boa margem de fidelidade para a língua com a qual está trabalhando.

Boris Schnaiderman, Dostoiévski Prosa Poesia.

A
evitar a transposição fiel dos conteúdos do texto original.
B
desconsiderar as características da linguagem primeira para poder atingir a língua de chegada.
C
desviar-se da norma-padrão tanto da língua original quanto da língua de chegada.
D
privilegiar a inventividade, ainda que em detrimento das peculiaridades do texto original.
E
buscar, na língua de chegada, soluções que correspondam ao texto original.
ff64227d-e1
USP 2016 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Considerado no contexto de Memórias póstumas de Brás Cubas, o “livro” dos amores de Brás Cubas e Virgília, apresentado no breve capítulo aqui reproduzido, configura uma

TEXTO PARA A QUESTÃO


A
demonstração da tese naturalista que postula o fundamento biológico das relações amorosas.
B
versão mais intensa e prolongada da típica sequência de animação e enfado, característica da trajetória de Brás Cubas.
C
incorporação, ao romance realista, dos triângulos amorosos, cuja criação se dera durante o período romântico.
D
manifestação da liberdade que a condição de defunto✁ autor dava a Brás Cubas, permitindo-lhe tratar de assuntos proibidos em sua época.
E
crítica à devassidão que grassava entre as famílias da elite do Império, em particular, na Corte.
ff5f01fc-e1
USP 2016 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Tendo em vista que algumas das recomendações do autor, relativas à prática da tradução, fogem do senso comum, pode-se qualificá-las com o seguinte termo, de uso relativamente recente:

TEXTO PARA A QUESTÃO

    Evidentemente, não se pode esperar que Dostoiévski seja traduzido por outro Dostoiévski, mas desde que o tradutor procure penetrar nas peculiaridades da linguagem primeira, aplique-se com afinco e faça com que sua criatividade orientada pelo original permita, paradoxalmente, afastar-se do texto para ficar mais próximo deste, um passo importante será dado. Deixando de lado a fidelidade mecânica, frase por frase, tratando o original como um conjunto de blocos a serem transpostos, e transgredindo sem receio, quando necessário, as normas do “escrever bem”, o tradutor poderá trazê-lo com boa margem de fidelidade para a língua com a qual está trabalhando.

Boris Schnaiderman, Dostoiévski Prosa Poesia.

A
dubitativas.
B
contraintuitivas.
C
autocomplacentes.
D
especulativas.
E
aleatórias.
ff66a097-e1
USP 2016 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

No último período do texto, o ritmo que o narrador imprime ao relato de seus amores corresponde sobretudo ao que se encontra expresso em

TEXTO PARA A QUESTÃO


A
“prólogo de uma vida de delícias” (L. 13-14).
B
“prazeres que rematavam em dor” (L. 14-15).
C
“hipocrisia paciente e sistemática” (L. 16).
D
“paixão sem freio” (L. 17).
E
“o livro daquele prólogo” (L. 21-22).
ff53ea97-e1
USP 2016 - Português - Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Atente para as seguintes afirmações, extraídas e adaptadas de um estudo do crítico Augusto Meyer sobre José de Alencar:
I. “Nesta obra, assim como nos ‘poemas americanos’ dos nossos poetas, palpita um sentimento sincero de distância poética e exotismo, de coisa notável por estranha para nós, embora a rotulemos como nativa.”
II. “Mais do que diante de um relato, estamos diante de um poema, cujo conteúdo se concentra a cada passo na magia do ritmo e na graça da imagem.”
III. “O tema do bom selvagem foi, neste caso, aproveitado para um romance histórico, que reproduz o enredo típico das narrativas de capa e espada, oriundas da novela de cavalaria.”
É compatível com o trecho de Iracema aqui reproduzido, considerado no contexto dessa obra, o que se afirma em

TEXTO PARA A QUESTÃO

    Nasceu o dia e expirou.

    Já brilha na cabana de Araquém o fogo, companheiro da noite. Correm lentas e silenciosas no azul do céu, as estrelas, filhas da lua, que esperam a volta da mãe ausente.

    Martim se embala docemente; e como a alva rede que vai e vem, sua vontade oscila de um a outro pensamento. Lá o espera a virgem loura dos castos afetos; aqui lhe sorri a virgem morena dos ardentes amores.

    Iracema recosta-se langue ao punho da rede; seus olhos negros e fúlgidos, ternos olhos de sabiá, buscam o estrangeiro, e lhe entram n’alma. O cristão sorri; a virgem palpita; como o saí, fascinado pela serpente, vai declinando o lascivo talhe, que se debruça enfim sobre o peito do guerreiro.

José de Alencar, Iracema.

A
I, apenas.
B
III, apenas.
C
I e II, apenas.
D
II e III, apenas.
E
I, II e III.