Questõesde UNESP sobre Análise sintática
Em “Inútil dormir que a dor não passa” (1ª estrofe), o termo
sublinhado introduz uma oração que expressa, em relação à
anterior, ideia de
Para responder à questão, leia a letra da canção “Bom conselho”, de Chico Buarque, composta em 1972.
Ouça um bom conselho
Que eu lhe dou de graça
Inútil dormir que a dor não passa
Espere sentado
Ou você se cansa
Está provado:
Quem espera nunca alcança
Venha, meu amigo
Deixe esse regaço
Brinque com meu fogo
Venha se queimar
Faça como eu digo
Faça como eu faço
Aja duas vezes antes de pensar
Corro atrás do tempo
Vim de não sei onde
Devagar é que não se vai longe
Eu semeio vento na minha cidade
Vou pra rua e bebo a tempestade
(www.chicobuarque.com.br)
Sempre que haja necessidade expressiva de reforço, de
ênfase, pode o objeto direto vir repetido. Essa reiteração recebe o nome de objeto direto pleonástico.
(Adriano da Gama Kury. Novas lições de análise sintática, 1997. Adaptado.)
Antônio Vieira recorre a esse recurso expressivo em:
No fim da carta de que V. M.1 me fez mercê me manda V. M. diga meu parecer sobre a conveniência de haver neste estado ou dois capitães-mores ou um só governador.
Eu, Senhor, razões políticas nunca as soube, e hoje as sei muito menos; mas por obedecer direi toscamente o que me parece.
Digo que menos mal será um ladrão que dois; e que mais dificultoso serão de achar dois homens de bem que um. Sendo propostos a Catão dois cidadãos romanos para o provimento de duas praças, respondeu que ambos lhe descontentavam: um porque nada tinha, outro porque nada lhe bastava. Tais são os dois capitães-mores em que se repartiu este governo: Baltasar de Sousa não tem nada, Inácio do Rego não lhe basta nada; e eu não sei qual é maior tentação, se a 1 , se a 2 . Tudo quanto há na capitania do Pará, tirando as terras, não vale 10 mil cruzados, como é notório, e desta terra há-de tirar Inácio do Rego mais de 100 mil cruzados em três anos, segundo se lhe vão logrando bem as indústrias.
Tudo isto sai do sangue e do suor dos tristes índios, aos quais trata como tão escravos seus, que nenhum tem liberdade nem para deixar de servir a ele nem para poder servir a outrem; o que, além da injustiça que se faz aos índios, é ocasião de padecerem muitas necessidades os portugueses e de perecerem os pobres. Em uma capitania destas confessei uma pobre mulher, das que vieram das Ilhas, a qual me disse com muitas lágrimas que, dos nove filhos que tivera, lhe morreram em três meses cinco filhos, de pura fome e desamparo; e, consolando-a eu pela morte de tantos filhos, respondeu-me: “Padre, não são esses os por que eu choro, senão pelos quatro que tenho vivos sem ter com que os sustentar, e peço a Deus todos os dias que me os leve também.”
São lastimosas as misérias que passa esta pobre gente das Ilhas, porque, como não têm com que agradecer, se algum índio se reparte não lhe chega a eles, senão aos poderosos; e é este um desamparo a que V. M. por piedade deverá mandar acudir.
Tornando aos índios do Pará, dos quais, como dizia, se serve quem ali governa como se foram seus escravos, e os traz quase todos ocupados em seus interesses, principalmente no dos tabacos, obriga-me a consciência a manifestar a V. M. os grandes pecados que por ocasião deste serviço se cometem.
(Sérgio Rodrigues (org.). Cartas brasileiras, 2017. Adaptado.)
1V. M.: Vossa Majestade.
Para que a julguemos boa, é necessário e suficiente que
ela contribua para que a obra lítero-musical de que faz parte
seja boa.
No período em destaque, a oração Para que a julguemos boa
indica, em relação à oração principal,
Para que a julguemos boa, é necessário e suficiente que ela contribua para que a obra lítero-musical de que faz parte seja boa.
No período em destaque, a oração Para que a julguemos boa indica, em relação à oração principal,
“Tivesse vivido o suficiente para ver os frutos de suas ideias,
Copérnico decerto teria odiado a revolução que involuntariamente causou.” (3o
parágrafo)
Em relação ao trecho que o sucede, o trecho sublinhado tem
sentido de
“Tivesse vivido o suficiente para ver os frutos de suas ideias, Copérnico decerto teria odiado a revolução que involuntariamente causou.” (3o parágrafo)
Em relação ao trecho que o sucede, o trecho sublinhado tem
sentido de
Leia o trecho do livro A dança do universo, do físico brasileiro
Marcelo Gleiser, para responder a questão.
Algumas pessoas tornam-se heróis contra sua própria
vontade. Mesmo que elas tenham ideias realmente (ou potencialmente) revolucionárias, muitas vezes não as reconhecem como tais, ou não acreditam no seu próprio potencial.
Divididas entre enfrentar sua insegurança expondo suas
ideias à opinião dos outros, ou manter-se na defensiva, elas
preferem a segunda opção. O mundo está cheio de poemas
e teorias escondidos no porão.
Copérnico é, talvez, o mais famoso desses relutantes heróis da história da ciência. Ele foi o homem que colocou o Sol de volta no centro do Universo, ao mesmo tempo fazendo de tudo para que suas ideias não fossem difundidas, possivelmente com medo de críticas ou perseguição religiosa. Foi quem colocou o Sol de volta no centro do Universo, motivado por razões erradas. Insatisfeito com a falha do modelo de Ptolomeu, que aplicava o dogma platônico do movimento circular uniforme aos corpos celestes, Copérnico propôs que o equante fosse abandonado e que o Sol passasse a ocupar o centro do cosmo. Ao tentar fazer com que o Universo se adaptasse às ideias platônicas, ele retornou aos pitagóricos, ressuscitando a doutrina do fogo central, que levou ao modelo heliocêntrico de Aristarco dezoito séculos antes.
Seu pensamento reflete o desejo de reformular as ideias cosmológicas de seu tempo apenas para voltar ainda mais no passado; Copérnico era, sem dúvida, um revolucionário conservador. Ele jamais poderia ter imaginado que, ao olhar para o passado, estaria criando uma nova visão cósmica, que abriria novas portas para o futuro. Tivesse vivido o suficiente para ver os frutos de suas ideias, Copérnico decerto teria odiado a revolução que involuntariamente causou.
Entre 1510 e 1514, compôs um pequeno trabalho resumindo suas ideias, intitulado Commentariolus (Pequeno comentário). Embora na época fosse relativamente fácil publicar um manuscrito, Copérnico decidiu não publicar seu texto, enviando apenas algumas cópias para uma audiência seleta. Ele acreditava piamente no ideal pitagórico de discrição; apenas aqueles que eram iniciados nas complicações da matemática aplicada à astronomia tinham permissão para compartilhar sua sabedoria. Certamente essa posição elitista era muito peculiar, vinda de alguém que fora educado durante anos dentro da tradição humanista italiana. Será que Copérnico estava tentando sentir o clima intelectual da época, para ter uma ideia do quão “perigosas” eram suas ideias? Será que ele não acreditava muito nas suas próprias ideias e, portanto, queria evitar qualquer tipo de crítica? Ou será que ele estava tão imerso nos ideais pitagóricos que realmente não tinha o menor interesse em tornar populares suas ideias? As razões que possam justificar a atitude de Copérnico são, até hoje, um ponto de discussão entre os especialistas.
(A dança do universo, 2006. Adaptado.)
Em “Tales também previu um eclipse solar que ocorreu no
dia 28 de maio de 585 a.C.” (3° parágrafo), o termo destacado
exerce função de
Leia o trecho extraído do livro A dança do universo do físico brasileiro Marcelo Gleiser para responder à questão.
Durante o século VI a.C., o comércio entre os vários Estados gregos cresceu em importância, e a riqueza gerada levou a uma melhoria das cidades e das condições de vida. O centro das atividades era em Mileto, uma cidade-Estado situada na parte sul da Jônia, hoje a costa mediterrânea da Turquia. Foi em Mileto que a primeira escola de filosofia pré-socrática floresceu. Sua origem marca o início da grande aventura intelectual que levaria, 2 mil anos depois, ao nascimento da ciência moderna. De acordo com Aristóteles, Tales de Mileto foi o fundador da filosofia ocidental.
A reputação de Tales era legendária. Usando seu conhecimento astronômico e meteorológico (provavelmente herdado dos babilônios), ele previu uma excelente colheita de azeitonas com um ano de antecedência. Sendo um homem prático, conseguiu dinheiro para alugar todas as prensas de azeite de oliva da região e, quando chegou o verão, os produtores de azeite de oliva tiveram que pagar a Tales pelo uso das prensas, que acabou fazendo uma fortuna.
Supostamente, Tales também previu um eclipse solar que ocorreu no dia 28 de maio de 585 a.C., que efetivamente causou o fim da guerra entre os lídios e os persas. Quando lhe perguntaram o que era difícil, Tales respondeu: “Conhecer a si próprio”. Quando lhe perguntaram o que era fácil, respondeu: “Dar conselhos”. Não é à toa que era considerado um dos Sete Homens Sábios da Grécia Antiga. No entanto, nem sempre ele era prático. Um dia, perdido em especulações abstratas, Tales caiu dentro de um poço. Esse acidente aparentemente feriu os sentimentos de uma jovem escrava que estava em frente ao poço, a qual comentou, de modo sarcástico, que Tales estava tão preocupado com os céus que nem conseguia ver as coisas que estavam a seus pés.
(A dança do universo, 2006. Adaptado.)
Na última estrofe do poema, os termos “Afilhadas do luar”,
“mãos de rainha” e “Mãos que sois um perpétuo amanhecer”
funcionam, no período de que fazem parte, como
A questão abordam um poema do português Eugênio de Castro (1869-1944).
Os termos “o uso do papel” e “um manual de instrução”
(1° parágrafo) se identificam sintaticamente por exercerem
nas respectivas orações a função de
A questão toma por base uma crônica de Luís Fernando Veríssimo.
A invasão
A divisão ciência/humanismo se reflete na maneira como as pessoas, hoje, encaram o computador. Resiste-se ao computador, e a toda a cultura cibernética, como uma forma de ser fiel ao livro e à palavra impressa. Mas o computador não eliminará o papel. Ao contrário do que se pensava há alguns anos, o computador não salvará as florestas. Aumentou o uso do papel em todo o mundo, e não apenas porque a cada novidade eletrônica lançada no mercado corresponde um manual de instrução, sem falar numa embalagem de papelão e num embrulho para presente. O computador estimula as pessoas a escreverem e imprimirem o que escrevem. Como hoje qualquer um pode ser seu próprio editor, paginador e ilustrador sem largar o mouse, a tentação de passar sua obra para o papel é quase irresistível.
Desconfio que o que salvará o livro será o supérfluo, o que não tem nada a ver com conteúdo ou conveniência. Até que lancem computadores com cheiro sintetizado, nada substituirá o cheiro de papel e tinta nas suas duas categorias inimitáveis, livro novo e livro velho. E nenhuma coleção de gravações ornamentará uma sala com o calor e a dignidade de uma estante de livros. A tudo que falta ao admirável mundo da informática, da cibernética, do virtual e do instantâneo acrescente-se isso: falta lombada. No fim, o livro deverá sua sobrevida à decoração de interiores.
(O Estado de S.Paulo, 31.05.2015.)
Nós criamos produtos; fixamos preços; definimos os locais onde vendê-los; e fazemos anúncios. Nós controlamos a mensagem.
Nas orações que compõem os dois períodos transcritos, os termos destacados exercem a função de
Nas orações que compõem os dois períodos transcritos, os termos destacados exercem a função de
O fim do marketing
A empresa vende ao consumidor
— com a web não é mais assim
Com a internet se tornando onipresente, os Quatro Ps do
marketing — produto, praça, preço e promoção — não funcionam
mais. O paradigma era simples e unidirecional: as
empresas vendem aos consumidores. Nós criamos produtos;
fixamos preços; definimos os locais onde vendê-los; e fazemos
anúncios. Nós controlamos a mensagem. A internet transforma
todas essas atividades.
(...)
Os produtos agora são customizados em massa, envolvem
serviços e são marcados pelo conhecimento e os gostos dos
consumidores. Por meio de comunidades online, os consumidores
hoje participam do desenvolvimento do produto. Produtos
estão se tornando experiências. Estão mortas as velhas
concepções industriais na definição e marketing de produtos.
(...)
Graças às vendas online e à nova dinâmica do mercado,
os preços fixados pelo fornecedor estão sendo cada vez mais
desafiados. Hoje questionamos até o conceito de “preço”, à
medida que os consumidores ganham acesso a ferramentas
que lhes permitem determinar quanto querem pagar. Os consumidores
vão oferecer vários preços por um produto, dependendo
de condições específicas. Compradores e vendedores
trocam mais informações e o preço se torna fluido. Os mercados,
e não as empresas, decidem sobre os preços de produtos
e serviços.
(...)
A empresa moderna compete em dois mundos: um físico
(a praça, ou marketplace) e um mundo digital de informação
(o espaço mercadológico, ou marketspace). As empresas não
devem preocupar-se com a criação de um web site vistoso,
mas sim de uma grande comunidade online e com o capital
de relacionamento. Corações, e não olhos, são o que conta.
Dentro de uma década, a maioria dos produtos será vendida
no espaço mercadológico. Uma nova fronteira de comércio é a
marketface — a interface entre o marketplace e o marketspace.
(...)
Publicidade, promoção, relações públicas etc. exploram
“mensagens” unidirecionais, de um-para-muitos e de tamanho
único, dirigidas a consumidores sem rosto e sem poder.
As comunidades online perturbam drasticamente esse modelo.
Os consumidores com frequência têm acesso a informações
sobre os produtos, e o poder passa para o lado deles. São eles
que controlam as regras do mercado, não você. Eles escolhem
o meio e a mensagem. Em vez de receber mensagens enviadas
por profissionais de relações públicas, eles criam a “opinião
pública” online.
Os marqueteiros estão perdendo o controle, e isso é muito bom.
(Don Tapscott. O fim do marketing. INFO, São Paulo,Editora Abril, janeiro 2011, p. 22.)