Questõessobre Acentuação Gráfica: Proparoxítonas, Paraxítonas, Oxítonas e Hiatos

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EBMSP 2018 - Português - Morfologia - Verbos, Ortografia, Flexão verbal de tempo (presente, pretérito, futuro), Formação das Palavras: Composição, Derivação, Hibridismo, Onomatopeia e Abreviação, Crase, Acentuação Gráfica: Proparoxítonas, Paraxítonas, Oxítonas e Hiatos, Pontuação, Morfologia, Uso da Vírgula

Com relação aos aspectos linguísticos que compõem o texto, é correto afirmar:

Questão

    Malala luta pelo acesso à escola de meninas no Paquistão e sobreviveu a uma tentativa de homicídio por parte de talibãs, em 2012. A jovem foi baleada por militantes em 9 outubro de 2012, no vale de Swat, na província rebelde paquistanesa de Khyber Pakhtunkhwa. O Talibã assumiu a autoria do ataque, alegando em comunicado que Malala foi visada por promover o “secularismo” no país. Depois de receber tratamento médico inicial no Paquistão, Malala foi enviada para o Reino Unido, onde reside atualmente com sua família.
    Antes do atentado, Malala vinha fazendo campanha pelo direito das meninas à educação em Swat, além de ser uma crítica veemente dos extremistas islâmicos. Ela foi elogiada mundo afora por escrever sobre as atrocidades do Talibã num blog da BBC no idioma urdu.
    Malala percorreu um longo caminho desde então, sendo um ícone internacional da resistência, do fortalecimento das mulheres e do direito à educação. Entre as numerosas distinções que recebeu está o prestigioso prêmio de direitos humanos Sakharov, da União Europeia. Ela também foi a ganhadora do Prêmio Nobel da Paz em 2014. Em seu próprio país, no entanto, é desprezada por muitos, que a acusam de ser agente dos EUA, decidida a difamar o Paquistão e o islã.
    Em 2017, Malala foi nomeada Mensageira da Paz pela ONU. Numa cerimônia na sede das Nações Unidas em Nova York, o secretário-geral da ONU, António Guterres, entregou-lhe o grande prêmio, dizendo ter-se sentido inspirado pelo “compromisso inabalável” da jovem com a paz, assim como por sua “determinação em promover um mundo melhor”.
MALALA YOUSAFZAI vem a São Paulo falar sobre direito à educação Disponível em: <http://www.cartaeducacao.com.br>. Acesso em: set. 2018.
A
O emprego da crase em “Malala luta pelo acesso à escola de meninas” é facultativo.
B
A forma verbal “sobreviveu” está no pretérito, indicando uma ação inconclusa, assim como “percorreu”.
C
O vocábulo “veemente”, quanto ao processo de formação, faz parte do grupo de derivados impróprios.
D
A palavra “Europeia”, segundo o Novo Acordo Ortográfico, não é mais acentuada por ser oxítona.
E
A vírgula em “Em 2017, Malala foi nomeada” tem por objetivo isolar um termo circunstancial deslocado.
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EBMSP 2018 - Português - Ortografia, Acentuação Gráfica: Proparoxítonas, Paraxítonas, Oxítonas e Hiatos

Tomando como referência os conhecimentos sobre acentuação gráfica, é correto afirmar que os vocábulos,

Questão

    Malala luta pelo acesso à escola de meninas no Paquistão e sobreviveu a uma tentativa de homicídio por parte de talibãs, em 2012. A jovem foi baleada por militantes em 9 outubro de 2012, no vale de Swat, na província rebelde paquistanesa de Khyber Pakhtunkhwa. O Talibã assumiu a autoria do ataque, alegando em comunicado que Malala foi visada por promover o “secularismo” no país. Depois de receber tratamento médico inicial no Paquistão, Malala foi enviada para o Reino Unido, onde reside atualmente com sua família.
    Antes do atentado, Malala vinha fazendo campanha pelo direito das meninas à educação em Swat, além de ser uma crítica veemente dos extremistas islâmicos. Ela foi elogiada mundo afora por escrever sobre as atrocidades do Talibã num blog da BBC no idioma urdu.
    Malala percorreu um longo caminho desde então, sendo um ícone internacional da resistência, do fortalecimento das mulheres e do direito à educação. Entre as numerosas distinções que recebeu está o prestigioso prêmio de direitos humanos Sakharov, da União Europeia. Ela também foi a ganhadora do Prêmio Nobel da Paz em 2014. Em seu próprio país, no entanto, é desprezada por muitos, que a acusam de ser agente dos EUA, decidida a difamar o Paquistão e o islã.
    Em 2017, Malala foi nomeada Mensageira da Paz pela ONU. Numa cerimônia na sede das Nações Unidas em Nova York, o secretário-geral da ONU, António Guterres, entregou-lhe o grande prêmio, dizendo ter-se sentido inspirado pelo “compromisso inabalável” da jovem com a paz, assim como por sua “determinação em promover um mundo melhor”.
MALALA YOUSAFZAI vem a São Paulo falar sobre direito à educação Disponível em: <http://www.cartaeducacao.com.br>. Acesso em: set. 2018.
A
“homicídio” e “prêmio” são acentuados por diferentes razões.
B
“país” e “além”, recebem sinal diacrítico, no primeiro caso, porque o “í” faz hiato com a vogal anterior e forma sílaba com “s”, e, no segundo, porque é oxítona com a terminação "em".
C
“islâmicos” e “ícone”, por serem trissilábicos, levam, respectivamente, acento circunflexo e agudo, devido à pronúncia fechada e aberta que possuem.
D
“está” e “também” pertencem ao grupo das palavras cuja tônica é a última sílaba e todas são assinaladas graficamente.
E
“próprio” e “inabalável” aparecem sinalizados da mesma maneira por se tratar de proparoxítonos.
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IF-RS 2017 - Português - Ortografia, Acentuação Gráfica: Proparoxítonas, Paraxítonas, Oxítonas e Hiatos

Em qual das alternativas abaixo todas as palavras retiradas do texto são acentuadas graficamente pelo mesmo motivo?

NSTRUÇÃO: Para responder à questão, considere o texto abaixo. 


Disponível em: <http://www.meusdicionarios.com.br/humildade>. Acesso em: 09 ago. 2016.

A
clássicas – característica – sinônimo
B
é – língua – português
C
arrogância – prepotência – alguém
D
são – fácil – acessível
E
modéstia – característica – econômicos
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IF-PE 2017 - Português - Emprego do hífen, Ortografia, Acentuação Gráfica: Proparoxítonas, Paraxítonas, Oxítonas e Hiatos

A respeito das regras do Novo Acordo Ortográfico, assinale a opção CORRETA.

TRABALHO ESCRAVO É AINDA UMA REALIDADE NO BRASIL

Esse tipo de violação não prende mais o indivíduo a correntes, mas acomete a liberdade do trabalhador e o mantém submisso a uma situação de exploração.

(1) O trabalho escravo ainda é uma violação de direitos humanos que persiste no Brasil. A sua existência foi assumida pelo governo federal perante o país e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) em 1995, o que fez com que se tornasse uma das primeiras nações do mundo a reconhecer oficialmente a escravidão contemporânea em seu território. Daquele ano até 2016, mais de 50 mil trabalhadores foram libertados de situações análogas à de escravidão em atividades econômicas nas zonas rural e urbana.
(2) Mas o que é trabalho escravo contemporâneo? O trabalho escravo não é somente uma violação trabalhista, tampouco se trata daquela escravidão dos períodos colonial e imperial do Brasil. Essa violação de direitos humanos não prende mais o indivíduo a correntes, mas compreende outros mecanismos, que acometem a dignidade e a liberdade do trabalhador e o mantêm submisso a uma situação extrema de exploração.
(3) Qualquer um dos quatro elementos abaixo é suficiente para configurar uma situação de trabalho escravo: TRABALHO FORÇADO: o indivíduo é obrigado a se submeter a condições de trabalho em que é explorado, sem possibilidade de deixar o local seja por causa de dívidas, seja por ameaça e violências física ou psicológica. JORNADA EXAUSTIVA: expediente penoso que vai além de horas extras e coloca em risco a integridade física do trabalhador, já que o intervalo entre as jornadas é insuficiente para a reposição de energia. Há casos em que o descanso semanal não é respeitado. Assim, o trabalhador também fica impedido de manter vida social e familiar.
SERVIDÃO POR DÍVIDA: fabricação de dívidas ilegais referentes a gastos com transporte, alimentação, aluguel e ferramentas de trabalho. Esses itens são cobrados de forma abusiva e descontados do salário do trabalhador, que permanece sempre devendo ao empregador.
CONDIÇÕES DEGRADANTES: um conjunto de elementos irregulares que caracterizam a precariedade do trabalho e das condições de vida sob a qual o trabalhador é submetido, atentando contra a sua dignidade.
(4) Quem são os trabalhadores escravos? Em geral, são migrantes que deixaram suas casas em busca de melhores condições de vida e de sustento para as suas famílias. Saem de suas cidades atraídos por falsas promessas de aliciadores ou migram forçadamente por uma série de motivos, que podem incluir a falta de opção econômica, guerras e até perseguições políticas. No Brasil, os trabalhadores provêm de diversos estados das regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte, mas também podem ser migrantes internacionais de países latino-americanos – como a Bolívia, Paraguai e Peru –, africanos, além do Haiti e do Oriente Médio. Essas pessoas podem se destinar à região de expansão agrícola ou aos centros urbanos à procura de oportunidades de trabalho.
(5) Tradicionalmente, o trabalho escravo é empregado em atividades econômicas na zona rural, como a pecuária, a produção de carvão e os cultivos de cana-de-açúcar, soja e algodão. Nos últimos anos, essa situação também é verificada em centros urbanos, principalmente na construção civil e na confecção têxtil.
(6) No Brasil, 95% das pessoas submetidas ao trabalho escravo rural são homens. Em geral, as atividades para as quais esse tipo de mão de obra é utilizado exigem força física, por isso os aliciadores buscam principalmente homens e jovens. Os dados oficiais do Programa Seguro-Desemprego de 2003 a 2014 indicam que, entre os trabalhadores libertados, 72,1% são analfabetos ou não concluíram o quinto ano do Ensino Fundamental.
(7) Muitas vezes, o trabalhador submetido ao trabalho escravo consegue fugir da situação de exploração, colocando a sua vida em risco. Quando tem sucesso em sua empreitada, recorre a órgãos governamentais ou organizações da sociedade civil para denunciar a violação que sofreu. Diante disso, o governo brasileiro tem centrado seus esforços para o combate desse crime, especialmente na fiscalização de propriedades e na repressão por meio da punição administrativa e econômica de empregadores flagrados utilizando mão de obra escrava.
(8) Enquanto isso, o trabalhador libertado tende a retornar à sua cidade de origem, onde as condições que o levaram a migrar permanecem as mesmas. Diante dessa situação, o indivíduo pode novamente ser aliciado para outro trabalho em que será explorado, perpetuando uma dinâmica que chamamos de “Ciclo do Trabalho Escravo”.
(9) Para que esse ciclo vicioso seja rompido, são necessárias ações que incidam na vida do trabalhador para além do âmbito da repressão do crime. Por isso, a erradicação do problema passa também pela adoção de políticas públicas de assistência à vítima e prevenção para reverter a situação de pobreza e de vulnerabilidade de comunidades.

Adaptado.SUZUKI, Natalia; CASTELI, Thiago. Trabalho escravo é ainda uma realidade no Brasil.
Disponível em:<http://www.cartaeducacao.com.br/aulas/fundamental-2/trabalho-escravo-e-ainda-uma-realidade-no-brasil/> .
Acesso:19 mar. 2017.
A
Em “[...] principalmente na construção civil e na confecção têxtil.” (5º parágrafo), o termo grifado passou a receber o acento circunflexo a partir da vigência do novo acordo.
B
Em “Quando tem sucesso em sua empreitada, recorre a órgãos governamentais [...].” (7º parágrafo), o termo sublinhado está grafado incorretamente, pois perdeu o acento agudo.
C
No excerto “[...] cultivos de cana-de-açúcar, soja e algodão” (5º parágrafo), o termo está corretamente grafado, pois não segue a regra aplicada ao termo “mão de obra”, por exemplo, que passou a ser grafado sem hífen.
D
No trecho “[...] migram forçadamente por uma série de motivos [...]” (4º parágrafo), o termo sublinhado está incorretamente grafado, pois já não recebe o acento agudo.
E
Em “[...] são necessárias ações que incidam na vida do trabalhador [...]”(9º parágrafo), o termo sublinhado segue a mesma regra que o termo “ideia” e, por isso, deixou de ser grafado com acento agudo.
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IF-RS 2017 - Português - Ortografia, Acentuação Gráfica: Proparoxítonas, Paraxítonas, Oxítonas e Hiatos, Acentuação Gráfica: acento diferencial

Observe as afirmativas a seguir.

I - têm (l. 03) recebe acento circunflexo, pois o sujeito desse verbo está no plural.

II - última (l. 04), música (l. 10), magnífica (l. 11), árabe (l. 11) e rítmico (l. 11) são acentuadas graficamente pela mesma razão.

III - história (l. 13), século (l. 15) e iorubá (l. 16) são acentuadas graficamente pela mesma razão.

Está(ão) correta(s)

Para responder às questões, considere o texto abaixo.

MIDANI, André. Do vinil ao download. Rio de janeiro: Nova Fronteira, 2015. Adaptado.

A
apenas I.
B
apenas I e II.
C
apenas I e III.
D
apenas II e III.
E
I, II e III.
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Faculdade Cultura Inglesa 2014 - Português - Flexão verbal de número (singular, plural), Morfologia - Verbos, Ortografia, Acentuação Gráfica: Proparoxítonas, Paraxítonas, Oxítonas e Hiatos

_______239 pessoas a bordo.
EUA enviam___________para ajudar
nas buscas de avião desaparecido.
(www.uol.com.br, 08.03.2014. Adaptado.)

De acordo com a norma-padrão da Língua Portuguesa, as lacunas na manchete devem ser preenchidas, respectivamente, com:

A
Era – destróier
B
Tinha – destroier
C
Haviam – destróier
D
Haviam – destroier
E
Havia – destróier
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IF-RR 2016 - Português - Ortografia, Acentuação Gráfica: Proparoxítonas, Paraxítonas, Oxítonas e Hiatos

Com o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, a acentuação gráfica de algumas palavra foi modificada. Isso pode ser confirmado como verdadeiro pelo item:

Para responder a questão, considere o fragmento do conto O Enfermeiro, de Machado de Assis, da obra Várias Histórias.

     Parece-lhe então que o que se deu comigo em 1860, pode entrar numa página de livro? Vá que seja, com a condição única de que não há de divulgar nada antes da minha morte. Não esperará muito, pode ser que oito dias, se não for menos; estou desenganado. 
    Olhe, eu podia mesmo contar-lhe a minha vida inteira, em que há outras cousas interessantes, mas para isso era preciso tempo, ânimo e papel, e eu só tenho papel; o ânimo é frouxo, e o tempo assemelha-se à lamparina de madrugada. Não tarda o sol do outro dia, um sol dos diabos, impenetrável como a vida. Adeus, meu caro senhor, leia isto e queira-me bem; perdoe-me o que lhe parecer mau, e não maltrate muito a arruda, se lhe não cheira a rosas. Pediu-me um documento humano, ei-lo aqui. Não me peça também o império do Grão-Mogol, nem a fotografia dos Macabeus; peça, porém, os meus sapatos de defunto e não os dou a ninguém mais.
    Já sabe que foi em 1860. No ano anterior, ali pelo mês de agosto, tendo eu quarenta e dois anos, fiz-me teólogo, — quero dizer, copiava os estudos de teologia de um padre de Niterói, antigo companheiro de colégio, que assim me dava, delicadamente, casa, cama e mesa. Naquele mês de agosto de 1859, recebeu ele uma carta de um vigário de certa vila do interior, perguntando se conhecia pessoa entendida, discreta e paciente, que quisesse ir servir de enfermeiro ao coronel Felisberto, mediante um bom ordenado. O padre falou-me, aceitei com ambas as mãos, estava já enfarado de copiar citações latinas e fórmulas eclesiásticas. Vim à Corte despedir-me de um irmão, e segui para a vila.
     Chegando à vila, tive más notícias do coronel. Era homem insuportável, estúrdio, exigente, ninguém o aturava, nem os próprios amigos. Gastava mais enfermeiros que remédios. A dous deles quebrou a cara. Respondi que não tinha medo de gente sã, menos ainda de doentes; e depois de entender-me com o vigário, que me confirmou as notícias recebidas, e me recomendou mansidão e caridade, segui para a residência do coronel.
    Achei-o na varanda da casa estirado numa cadeira, bufando muito. Não me recebeu mal. Começou por não dizer nada; pôs em mim dous olhos de gato que observa; depois, uma espécie de riso maligno alumiou-lhe as feições, que eram duras. Afinal, disse-me que nenhum dos enfermeiros que tivera, prestava para nada, dormiam muito, eram respondões e andavam ao faro das escravas; dous eram até gatunos!
    — Você é gatuno?
    — Não, senhor
   Em seguida, perguntou-me pelo nome: disse-lho e ele fez um gesto de espanto. Colombo? Não, senhor: Procópio José Gomes Valongo. Valongo? achou que não era nome de gente, e propôs chamar-me tão somente Procópio, ao que respondi que estaria pelo que fosse de seu agrado. Conto-lhe esta particularidade, não só porque me parece pintá-lo bem, como porque a minha resposta deu de mim a melhor idéia ao coronel. Ele mesmo o declarou ao vigário, acrescentando que eu era o mais simpático dos enfermeiros que tivera. A verdade é que vivemos uma lua-de-mel de sete dias.
     No oitavo dia, entrei na vida dos meus predecessores, uma vida de cão, não dormir, não pensar em mais nada, recolher injúrias, e, às vezes, rir delas, com um ar de resignação e conformidade; reparei que era um modo de lhe fazer corte. Tudo impertinências de moléstia e do temperamento. A moléstia era um rosário delas, padecia de aneurisma, de reumatismo e de três ou quatro afecções menores. Tinha perto de sessenta anos, e desde os cinco toda a gente lhe fazia a vontade. Se fosse só rabugento, vá; mas ele era também mau, deleitava-se com a dor e a humilhação dos outros. No fim de três meses estava farto de o aturar; determinei vir embora; só esperei ocasião. Não tardou a ocasião.
      Um dia, como lhe não desse a tempo uma fomentação, pegou da bengala e atirou-me dous ou três golpes. Não era preciso mais; despedi-me imediatamente, e fui aprontar a mala. Ele foi ter comigo, ao quarto, pediu-me que ficasse, que não valia a pena zangar por uma rabugice de velho. Instou tanto que fiquei.
      — Estou na dependura, Procópio, dizia-me ele à noite; não posso viver muito tempo. Estou aqui, estou na cova. Você há de ir ao meu enterro, Procópio; não o dispenso por nada. Há de ir, há de rezar ao pé da minha sepultura. Se não for, acrescentou rindo, eu voltarei de noite para lhe puxar as pernas. Você crê em almas de outro mundo, Procópio?
      — Qual o quê!
     — E por que é que não há de crer, seu burro? redargüiu vivamente, arregalando os olhos.
    Eram assim as pazes; imagine a guerra. Coibiu-se das bengaladas; mas as injúrias ficaram as mesmas, se não piores. Eu, com o tempo, fui calejando, e não dava mais por nada; era burro, camelo, pedaço d’asno, idiota, moleirão, era tudo. Nem, ao menos, havia mais gente que recolhesse uma parte desses nomes.
      Não tinha parentes; tinha um sobrinho que morreu tísico, em fins de maio ou princípios de julho, em Minas. Os amigos iam por lá às vezes aprová-lo, aplaudi-lo, e nada mais; cinco, dez minutos de visita. Restava eu; era eu sozinho para um dicionário inteiro. Mais de uma vez resolvi sair; mas, instado pelo vigário, ia ficando. Não só as relações foram-se tornando melindrosas, mas eu estava ansioso por tornar à Corte. Aos quarenta e dois anos não é que havia de acostumar-me à reclusão constante, ao pé de um doente bravio, no interior.
     Para avaliar o meu isolamento, basta saber que eu nem lia os jornais; salvo alguma notícia mais importante que levavam ao coronel, eu nada sabia do resto do mundo. Entendi, portanto, voltar para a Corte, na primeira ocasião, ainda que tivesse de brigar com o vigário. Bom é dizer (visto que faço uma confissão geral) que, nada gastando e tendo guardado integralmente os ordenados, estava ansioso por vir dissipá-los aqui. Era provável que a ocasião aparecesse.
     O coronel estava pior, fez testamento, descompondo o tabelião, quase tanto como a mim. O trato era mais duro, os breves lapsos de sossego e brandura faziam-se raros. Já por esse tempo tinha eu perdido a escassa dose de piedade que me fazia esquecer os excessos do doente; trazia dentro de mim um fermento de ódio e aversão.
     No princípio de agosto resolvi definitivamente sair; o vigário e o médico, aceitando as razões, pediram-me que ficasse algum tempo mais. Concedi-lhes um mês; no fim de um mês viria embora, qualquer que fosse o estado do doente. O vigário tratou de procurar-me substituto. Vai ver o que aconteceu. Na noite de vinte e quatro de agosto, o coronel teve um acesso de raiva, atropelou-me, disse-me muito nome cru, ameaçou-me de um tiro, e acabou atirando-me um prato de mingau, que achou frio, o prato foi cair na parede onde se fez em pedaços.
         — Hás de pagá-lo, ladrão! bradou ele. Resmungou ainda muito tempo.
       Às onze horas passou pelo sono. Enquanto ele dormia, saquei um livro do bolso, um velho romance de d’Arlincourt, traduzido, que lá achei, e pus-me a lê-lo, no mesmo quarto, a pequena distância da cama; tinha de acordá-lo à meia-noite para lhe dar o remédio. Ou fosse de cansaço, ou do livro, antes de chegar ao fim da segunda página adormeci também. Acordei aos gritos do coronel, e levantei-me estremunhado. Ele, que parecia delirar, continuou nos mesmos gritos, e acabou por lançar mão da moringa e arremessá-la contra mim. Não tive tempo de desviar-me; a moringa bateu-me na face esquerda, e tal foi a dor que não vi mais nada; atirei-me ao doente, pus-lhe as mãos ao pescoço, lutamos, e esganei-o. (...)
A
ânimo que hoje passou a ser grafada animo em razão da nova regra aplicada aos proparoxítonos.
B
redargüiu que hoje passou a ser grafada redarguiu em razão da nova regra que excluiu o trema.
C
propôs que hoje passou a ser grafada propos em razão da nova regra do acento diferencial.
D
impenetrável que hoje passou a ser grafada impenetravel em razão da nova regra do acento dos paroxítonos.
E
estúrdio hoje passou a ser grafada esturdio em razão da nova regra do acento dos paroxítonos terminado em ditongo crescente.
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IF Sul - MG 2016 - Português - Ortografia, Acentuação Gráfica: Proparoxítonas, Paraxítonas, Oxítonas e Hiatos

Assinale a alternativa em que todas as palavras sejam acentuadas pela mesma razão que o vocábulo DOMÉSTICA.

A
salário, ônibus, gratuíto, cárcere.
B
dependência, eloquência, divergência, secretária.
C
aríete, ibérica, asiáticos, gramática.
D
fortuíto, saúde, esquipáticas, heroína.
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UENP 2018 - Português - Interpretação de Textos, Ortografia, Problemas da língua culta, Uso das aspas, Acentuação Gráfica: Proparoxítonas, Paraxítonas, Oxítonas e Hiatos, Pontuação, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Com base no texto, considere as afirmativas a seguir.
I. Em “quem diz ter um ‘amigo negro’ é absolvido automaticamente”, as aspas empregadas em “amigo negro” indicam ironia por parte do autor do texto.
II. As palavras “inexistência”, “comentário” e “próprios”, retiradas do texto, são acentuadas pela mesma razão.
III. Em “É como acusar os judeus pelo holocausto ou grupos indígenas pelo seu próprio extermínio”, temos uma comparação.
IV. Em “Mas há quem faça”, o verbo “haver” é impessoal e se refere a tempo passado.

Assinale a alternativa correta.

Leia o texto a seguir e responda à questão.
Racismo em tempos modernos
Democracia racial costuma ser um termo utilizado no Brasil por quem, infelizmente, acredita na inexistência de preconceito de cor. Atualmente, as redes sociais são, por excelência, uma amostragem da presença dessa crença muito debatida no século anterior. Dentro da lenda da democracia racial, seus adeptos, consciente ou inconscientemente, reclamam que a ausência de preconceito é justificada pela atmosfera pacífica da convivência social, sem guerras civis, onde quem diz ter um “amigo negro” é absolvido automaticamente após qualquer piada racista ou comentário degradante. E assim foi argumentada por homens como Florestan Fernandes, décadas atrás, ao responder a muitas das questões postas hoje, mas que aparentemente são ignoradas pelos paladinos da negação do racismo sob os interesses dos mais obscuros.
No habitat virtual emerge um antigo modelo de discurso que, se antes estava reservado a lugares próprios e passíveis de camuflagens, agora está despido para quem quiser ver. Basta uma notícia de constatação de preconceito racial, que uma burricada surge para reafirmar que o racismo é uma ilusão confeccionada por elementos X ou Y. Isso, é claro, quando não sentenciam os próprios negros por sofrerem racismo. É como acusar os judeus pelo holocausto ou grupos indígenas pelo seu próprio extermínio. Mas há quem faça.
Em suas mastodônticas moralidades, acham que cotas raciais, por exemplo, legitimam o preconceito. Ignoram a estrutura das relações do pós-Abolição, que fortificou uma sociedade desigual não apenas socioeconômica, mas pela cor, como subterfúgio da manutenção das divisões sociais. Divisões que sobrevivem.
Em uma sociedade em que, segundo o IBGE (2014), mais de 53% se declaram negros ou pardos, as tentativas de destacar as exceções confirmam o grau de disparidade. Enquanto o acesso profissional e universitário não representar o cotidiano, qualquer discurso de meritocracia é vazio. Não tão distante, ainda sobrevive a frase de George Bernard Shaw: “Faz-se o negro passar a vida a engraxar sapatos e depois prova-se a inferioridade do negro pelo fato de ele ser engraxate”.
(Adaptado de: <https://oglobo.globo.com/opiniao/racismo-em-tempos-modernos-18605034. Acesso em: 22 jun. 2018.)
A
Somente as afirmativas I e II são corretas.
B
Somente as afirmativas I e IV são corretas.
C
Somente as afirmativas III e IV são corretas.
D
Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
E
Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.
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UDESC 2017 - Português - Interpretação de Textos, Ortografia, Formação das Palavras: Composição, Derivação, Hibridismo, Onomatopeia e Abreviação, Acentuação Gráfica: Proparoxítonas, Paraxítonas, Oxítonas e Hiatos, Conjunções: Relação de causa e consequência, Morfologia, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Assinale a alternativa correta em relação à obra Vitória Valentina, Elvira Vigna, e ao Texto 4.

TEXTO 4


A PARTE BOA ERA LU.

TENTOU ESCOLA.

DOIS DIAS.

NO TERCEIRO,

SE JOGOU NO CHÃO.

NEM ARRASTADO.

JÁ NÃO FALAVA,

DESCONFIARAM:

ELE ESTAVA COM

ALGUM PROBLEMA.

SÓ PODIA SER A MÃE.

FUGIU DALI.

ISSO DÁ PROBLEMA,

MÃE FUGIR.

TODO MUNDO ACHA.

PROBLEMA CERTO.

CLARO QUE É.

MAS TINHA MAIS.

LU PODIA NÃO FALAR,

MAS COMPUTAVA.

E A MÃE LEVOU O NOTE.

ESTÁ CERTO.

RUIM, MÃE IR.

MAS LU POUCO A VIA.

ERA CHEGADA

A UMA BALADA.

ALI, NO MEIO DO NADA.

QUEM CUIDAVA DELE

ERA O PAI.

SEMPRE FOI.

SEM A MÃE, FOI RUIM.

SEM O NOTE, FOI PIOR.

DAÍ QUEREREM

UMA BABÁ.

PRESENÇA FEMININA.

PODIA AJUDAR.

E CHAMARAM CARLA.


VIGNA, Elvira. Vitória Valentina.1ª. ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2016.

A
Da leitura da obra, infere-se que as imagens e os desenhos nela encontrados representam a sociedade perfeita, simbolizam o desejo da autora em relação ao mundo ideal.
B
O vocábulo “NOTE”, assim como cine, zoo, pneu, quanto à formação de palavras, sofreu o processo de derivação regressiva.
C
O desfecho da narrativa deixa claro para o leitor que Nando e Carla, mais uma vez, terminam juntos como sempre ocorrerá em várias etapas da vida deles.
D
Em “SEM A MÃE, FOI RUIM” a palavra destacada é, quanto à prosódia, oxítona.
E
Em: “MAS TINHA MAIS” as palavras destacadas, na morfologia, pertencem à mesma classe gramatical: conjunção coordenada.
5b79f295-b0
IFF 2016 - Português - Interpretação de Textos, Ortografia, Homonímia, Paronímia, Sinonímia e Antonímia, Acentuação Gráfica: Proparoxítonas, Paraxítonas, Oxítonas e Hiatos, Morfologia

Dentre as palavras transcritas do texto 1, identifique a que sofreria uma alteração morfossemântica caso fosse retirado o acento gráfico.

TEXTO 1

MEIRELES, C.Romanceiro da Inconfidência. 3.ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989, p.182. 



TEXTO 2


Disponível em:< http://filosofiavo2.blogspot.com.br/2011/04/argumento-falacias.html>
Acesso em: 07 out 2016. 



TEXTO 3
Fuja da falácia no texto argumentativo

(Mayra Gabriella de Rezende Pavan)
Em um texto argumentativo, é importante tomar cuidado com a falácia, ou seja, argumentos falsos, ilógicos, raciocínios infundados, pois prejudicam a argumentação. 
Falar que o ovo é “fruto” do coelho é um argumento falso (falácia). Entretanto, apesar de ilógico, na
Páscoa, todos o aguardam

       Todo texto argumentativo busca convencer. Para alcançar esse objetivo, os argumentos tornam-se imprescindíveis. Há várias estratégias argumentativas, as citações, exemplos, argumento, contra-argumento, entre outras.
       Todos os argumentos são válidos? Posso usar qualquer exemplo para embasar meu texto? Ao argumentar, buscam-se razões que embasem uma conclusão, por isso é preciso tomar cuidado com as falácias.
       Falácia é um substantivo, derivado de um adjetivo latino fallace, que significa enganador, ilusório. Todas as vezes em que um raciocínio errado ou mentiroso é colocado como verdadeiro ocorre a falácia.
[...]
        Por isso, é preciso estar atento à construção textual, porque o texto argumentativo deve usar argumentos plausíveis, pautados na lógica. Então, cuidado com aqueles que parecem sustentar uma conclusão, mas na realidade não sustentam. [...]  
Disponível em:< http://portugues.uol.com.br/redacao/fuja-falacia-no-texto-argumentativo.html>
Acesso em: 07 out 2016.


TEXTO 4

      Disponível em http://acervo.novaescola.org.br/lingua-portuguesa/fundamentos/leitura-textoscomplexidades-diferentes-466478.shtml
Acesso em: 07 out 2016. 

A
calúnia
B
fúria
C
impérios
D
rápida
E
frágil
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IFN-MG 2017 - Português - Ortografia, Acentuação Gráfica: Proparoxítonas, Paraxítonas, Oxítonas e Hiatos

“Ordens aqui e ali, alguém sopra as falas, outro desenha os gestos, vai sair tudo bem: nada depressivo nem negativo, tudo tem de parecer uma festa, noite de estreia com adrenalina a aplausos ao final.” (Linhas 48-49)


Marque a opção cujas palavras obedecem a mesma regra de acentuação ortográfica da palavra “estreia”, de acordo com a recente reforma ortográfica da Língua Portuguesa:

A
Farnéis, anzóis
B
Assembleia, ideia
C
Abencoo, vôo
D
Légua, tábua
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UNICAMP 2018 - Português - Interpretação de Textos, Ortografia, Acentuação Gráfica: Proparoxítonas, Paraxítonas, Oxítonas e Hiatos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Há dois tipos de palavras: as proparoxítonas e o resto. As proparoxítonas são o ápice da cadeia alimentar do léxico.
As palavras mais pernósticas são sempre proparoxítonas. Para pronunciá-las, há que ter ânimo, falar com ímpeto - e, despóticas, ainda exigem acento na sílaba tônica! Sob qualquer ângulo, a proparoxítona tem mais crédito. É inequívoca a diferença entre o arruaceiro e o vândalo. Uma coisa é estar na ponta – outra, no vértice. Ser artesão não é nada, perto de ser artífice.
Legal ser eleito Papa, mas bom mesmo é ser Pontífice.

(Adaptado de Eduardo Affonso, “Há dois tipos de palavras: as proparoxítonas e o resto”. Disponível em www.facebook.com/eduardo22affonso/.)

Segundo o texto, as proparoxítonas são palavras que

A
garantem sua pronúncia graças à exigência de uma sílaba tônica.
B
conferem nobreza ao léxico da língua graças à facilidade de sua pronúncia.
C
revelam mais prestígio em função de seu pouco uso e de sua dupla acentuação.
D
exibem sempre sua prepotência, além de imporem a obrigatoriedade da acentuação.
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IFF 2018 - Português - Ortografia, Análise sintática, Parônimos e Homônimos, Acentuação Gráfica: Proparoxítonas, Paraxítonas, Oxítonas e Hiatos, Sintaxe, Pontuação, Uso da Vírgula

Assinale a alternativa que avalia CORRETAMENTE as assertivas seguintes:


I. No texto IV, caso seja retirado o acento gráfico de “histórias”, não haverá alteração semântica tampouco morfológica, o que comprova a acentuação gráfica ser fundamental para a coerência textual.

II. Corroborando ser a ortografia recurso importante para se manter a coerência de um enunciado, no texto IV, em “...espiava em silêncio...”, se a palavra em negrito for substituída por seu homônimo homófono “expiava”, manter-se-á o sentido original da expressão.

III. “Rhodes chama a atenção para os diferentes tipos de sentimento que permeiam a vida...” (texto V) – No período transcrito, o acréscimo de uma vírgula antes do pronome relativo “que” mudará o caráter restritivo da oração. Isso demonstra que a pontuação contribui para a coerência do texto.

Texto IV

Felicidade clandestina

    Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme, enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono de livraria. Pouco aproveitava. E nós, menos ainda: até para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima palavras como "data natalícia" e "saudade".

    Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia.

    Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possuía As Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato.

    Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria. Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança da alegria: eu não vivia, eu nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam.

    No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disseme que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez. Mas não ficou simplesmente 

nisso. O plano secreto da filha do dono de livraria era tranquilo e diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do "dia seguinte" com ela ia se repetir com meu coração batendo.

    E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido, enquanto o fel não escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra. Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. Às vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os meus olhos espantados.

    Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler!

    E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a descoberta horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava em silêncio: a potência de perversidade de sua filha desconhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento das ruas de Recife. Foi então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha: você vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim: "E você fica com o livro por quanto tempo quiser." Entendem? Valia mais do que me dar o livro: "pelo tempo que eu quisesse" é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer.

    Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo. 

    Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada.

    Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo.

    Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com o seu amante.


                                          LISPECTOR, Clarice. Felicidade Clandestina. In: Felicidade Clandestina: contos.                                           Rio de Janeiro: Ed. Rocco, 1998 (adaptado).



Texto V

A busca pela felicidade está nos tornando infelizes e as redes sociais não estão ajudando

    A opinião é do pianista James Rhodes, "Não somos destinados a ser felizes o tempo inteiro", diz ele no quadro opinativo Viewsnight, do programa da BBC Newsnight, afirmando que a busca pela felicidade a todo custo está nos tornando infelizes.

    Na visão do pianista, "a busca pela felicidade parece nobre, mas é fundamentalmente falha".

    Ele considera que "a felicidade não é algo a se perseguir mais do que a tristeza, a raiva, a esperança ou o amor".

    A felicidade "é, simplesmente, um estado de ser, que é fluido, passageiro e às vezes inatingível".

    Negar a existência de outros sentimentos, nem sempre considerados positivos, afirma, não é o melhor caminho. [...]

    Rhodes observa que estamos em uma era de ritmo sem precedentes no dia a dia e que "nossa mentalidade 'sempre ligada' criou um ambiente impraticável e insustentável".

    "Estamos em apuros", diz ele. "E as selfies cuidadosamente escolhidas e postadas no Instagram; a perfeição física espalhada por todas as mídias – inalcançável e extremamente 'photoshopada' – e o anonimato das redes sociais, onde descarregamos nossa ira, não estão ajudando".


"Sentimentos desafiadores"

    Rhodes chama a atenção para os diferentes tipos de sentimento que permeiam a vida e nem todos têm a ver com satisfação ou alegrias. Há também o outro lado. 

    "Todos nos sentimos alternadamente ansiosos, para baixo, tranquilos, aflitos, contentes. Ocasionalmente, alguns de nós podemos nos perder no continuum em direção a depressão, ao transtorno de estresse pós-traumático e a pensamentos suicidas", diz.

    Mas pondera: "Só porque não estamos felizes não significa que estamos infelizes".

    Para o pianista, assim é a complexidade da vida: "repleta de sentimentos e situações tumultuados, desafiadores e difíceis".

    "Negá-los, resistir a eles, se desculpar por eles ou fingir que não existem é contraintuitivo e contraproducente".

    Foi justamente o caminho contrário, o do reconhecimento de que "coisas ruins também acontecem" e de que é preciso falar sobre elas que ele decidiu trilhar há alguns anos – quando resolveu contar em livro problemas que enfrentou ao longo da vida.


Disponível em: http://www.bbc.com/portuguese/salasocial-42680542. Acesso em: 06 abr. 2018 (adaptado). 

A
Todas as assertivas estão corretas.
B
Não há assertiva correta.
C
As assertivas I e III estão corretas.
D
Apenas a assertiva III está correta.
E
Estão corretas as assertivas I e II.
34846b1d-3b
UFPR 2016 - Português - Flexão verbal de número (singular, plural), Flexão verbal de pessoa (1ª, 2ª, 3ª pessoa), Morfologia - Verbos, Ortografia, Flexão verbal de tempo (presente, pretérito, futuro), Acentuação Gráfica: Proparoxítonas, Paraxítonas, Oxítonas e Hiatos, Flexão verbal de modo (indicativo, subjuntivo, imperativo)

As duas estrofes a seguir iniciam o poema Y-Juca-Pyrama de Gonçalves Dias, publicado em 1851.

No meio das tabas de amenos verdores
Cercadas de troncos – cobertos de flores,
Alteião-se os tectos d’altiva nação;
São muitos seus filhos, nos animos fortes,
Temiveis na guerra, que em densas cohortes
Assombrão das matas a imensa extensão

São rudes, severos, sedentos de gloria,
Já prelios incitão, já cantão victoria,
Já meigos attendem a voz do cantor:
São todos tymbiras, guerreiros valentes!
Seu nome la vôa na bocca das gentes,
Condão de prodigios, de gloria e terror!
Últimos Cantos, Gonçalves Dias


Nesse trecho, o poeta apresenta a tribo dos timbiras. Constatamos, sem dificuldades, que a ortografia da época era, em muitos aspectos, diferente da que usamos atualmente. Tendo isso em vista, considere as seguintes afirmativas:

1. As palavras paroxítonas terminadas em ditongo não eram acentuadas naquela época, diferentemente de hoje.
2. As formas verbais se alternam entre presente e futuro do presente do indicativo, com a mesma terminação.
3. A 3ª pessoa do plural dos verbos do presente do indicativo se diferencia graficamente da forma atual.
4. Os monossílabos tônicos perderam o acento na ortografia contemporânea.

Assinale a alternativa correta. 

A
Somente a afirmativa 1 é verdadeira.
B
Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras.
C
Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras.
D
Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.
E
As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras.
50a91d61-77
PUC - PR 2012 - Português - Encontros vocálicos: Ditongo, Tritongo, Hiato, Emprego do hífen, Ortografia, Acentuação Gráfica: Proparoxítonas, Paraxítonas, Oxítonas e Hiatos

A ortografia da língua portuguesa sofreu algumas alterações, a fim de unificar a escrita do português brasileiro e do português europeu. Entre as alterações estão as seguintes:

1 - Eliminação do acento agudo nos ditongos abertos -ei, -oi e -eu das palavras paroxítonas.

2 - Inclusão do hífen em vocábulos derivados por prefixação cujo prefixo terminar por vogal igual à vogal inicial do segundo elemento.

3 - Eliminação do hífen em vocábulos derivados por prefixação, cujo prefixo terminar em vogal e o segundo elemento começar com consoante.

Levando-se em conta as regras acima, analise as asserções e, em seguida, marque a alternativa CORRETA:

I. Em geleia, heroico e Coreia, o acento agudo foi eliminado atendendo ao acordo.

II. As palavras anéis, herói e chapéu se enquadram na regra 1, portanto aqui estão indevidamente grafadas com acento.

III. Contrarregra e microssistema passaram a ser escritos sem hífen, atendendo ao que está explicitado na regra 3.

IV. Co-operar e co-ordenar passaram a ser grafadas com hífen, atendendo à regra 2.

A
Apenas I é verdadeira.
B
Apenas I, II e III são verdadeiras.
C
Apenas I e III são verdadeiras.
D
Apenas I e IV são verdadeiras.
E
Apenas I, III e IV são verdadeiras.
5b54f313-3c
FGV 2014 - Português - Ortografia, Acentuação Gráfica: Proparoxítonas, Paraxítonas, Oxítonas e Hiatos, Sílaba: Monossílabos, Dissílabos, Trissílabos, Polissílabos

Dentre outros fatores, o ritmo do poema é garantido com o emprego recorrente de palavras

Redundâncias

Ter medo da morte
é coisa dos vivos
o morto está livre
de tudo o que é vida

Ter apego ao mundo
é coisa dos vivos
para o morto não há
(não houve)
raios rios risos

E ninguém vive a morte
quer morto quer vivo
mera noção que existe
só enquanto existo
(Ferreira Gullar, Muitas vozes)
A
monossílabas tônicas, sendo flagrante, em muitos pares, a relação de passado e presente.
B
oxítonas e dissílabas, sendo flagrante, em muitos pares, a relação de causa e consequência.
C
paroxítonas e dissílabas, sendo flagrante, em muitos pares, a relação de oposição de sentido.
D
oxítonas trissílabas, sendo flagrante, em muitos pares, a relação de negação e afirmação.
E
paroxítonas trissílabas, sendo flagrante, em muitos pares, a relação de afirmação e inclusão.
ef57f857-36
UNESP 2012 - Português - Ortografia, Acentuação Gráfica: Proparoxítonas, Paraxítonas, Oxítonas e Hiatos

Marque a alternativa em que o verso apresenta acento tônico na segunda e na sexta sílabas:

 As questões de números 06 a 10 tomam por base um poema de Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810).


A
o tempo arrebatado.
B
das belezas que teve
C
daqui a poucos anos
D
e ao brando sol me aquente.
E
na mão formosa e pia.
021269c2-a4
UNB 2011 - Português - Interpretação de Textos, Ortografia, Homonímia, Paronímia, Sinonímia e Antonímia, Acentuação Gráfica: Proparoxítonas, Paraxítonas, Oxítonas e Hiatos

No texto, o vocábulo “sede” (L.24) significa ânsia, desejo e distingue-se de sede, local onde funciona a representação principal de firma ou empresa. No que se refere a esses dois vocábulos, o acento tônico é o recurso da língua com capacidade de discriminar os significados distintos.


Com relação ao texto acima, à obra Memórias Póstumas de Brás Cubas e a aspectos por eles suscitados, julgue os itens de 64 a 75 e assinale a opção correta no item 76, que é do tipo C.


C
Certo
E
Errado
fce3e7a7-e4
UFGD 2010 - Português - Ortografia, Acentuação Gráfica: Proparoxítonas, Paraxítonas, Oxítonas e Hiatos

O uso da acentuação é um recurso linguístico normalizado por regras. Se usado inadequadamente, um acento pode mudar o sentido de uma palavra e alterar a compreensão de uma informação no texto. A presença do acento na palavra ANHANGABAÚ demonstra que é uma palavra

                        Sustentável é pouco

Ideias e experiências que vão além do discurso da sustentabilidade

             Enfim, juntou-se um "dream team" do novo urbanismo mundial para dar ideias para São Paulo. Os arquitetos do escritório de Gehl resolveram dedicar-se a transformar a região do Anhangabaú no centro vivo da cidade, um lugar onde a cidade toda se encontraria. Eles passaram semanas observando o jeito como as pessoas se relacionam com o espaço, entendendo o papel de cada um lá: os mendigos, as prostitutas, os policiais, os meninos de rua, os trabalhadores, os executivos, os camelôs. Ao final, eles propuseram um projeto lindo. Fiquei morrendo de vontade de passear pelo novo Anhangabaú.
             Mas provavelmente não vou ter a chance. São Paulo recusou o projeto do dream team dos urbanistas do mundo. As ideias deles servem para Bogotá, Londres, Nova York, Copenhague, Melbourne, mas não para nós.
             Por quê? Por quê São Paulo - e muitas cidades brasileiras - são tão refratárias a ideias inovadoras? [...].
             Em parte é fácil de entender o porquê. Os setores imobiliários e de construção são os maiores financiadores de campanhas eleitorais, tanto à prefeitura quanto à Câmara dos Vereadores. A Associação Imobiliária Brasileira deu dinheiro a 29 dos 55 vereadores em exercício - o suficiente para ganhar com folga qualquer votação em plenário.
            [...]
             Quer entender por que o espaço público tende a ser tão ruim no Brasil? Talvez a resposta esteja nas regras de financiamento de campanhas e no sistema político. Talvez nosso sistema privilegie os candidatos que se preocupam em agradar empreiteiras e incorporadoras, em vez de se especializar em atender as pessoas e tornar a vida delas melhor.


BURGIERMAN, Denis Russo. Sustentável é pouco. Disponível em: http://veja.abril.com.br/blog/denis-russo/cidade/nossas-cidades-nao- mudam/ Acesso em 25 out. 2010.


A
oxítona terminada em "u".
B
própria de origem indígena.
C
oxítona terminada em hiato "u" tônico.
D
paroxítona terminada em ditongo.
E
oxítona terminada em ditongo "aú" tônico.