Questõesde CÁSPER LÍBERO 2013

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CÁSPER LÍBERO 2013 - Literatura - Realismo, Escolas Literárias

Sobre Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, é correto afirmar que:

A
O tom de Brás Cubas, em sua gratuidade, logo postula um ambiente de aceitação irresponsável e de ironia solta, um “és não és” de farsa metafísica. O leitor não pode levar a sério o tom do suposto autor e logo de saída vê-se na contingência de engatilhar um sorriso divertido ou meio forçado, conforme entram a reagir os seus nervos.
B
O estudo do desagregar-se psicológico do protagonista, a sua persistência no delírio entrelaçada à invenção do emplasto, é extraordinária e contrastada com a agudeza humorística. As intenções propriamente simbólicas do texto, iniciadas com as dissertações paradoxais de Quincas Borba, são levadas avante num andamento seguro que, pela progressão rigorosa e ágil, confirma a excepcional categoria do defunto-autor.
C
Em Brás Cubas, a música exerce uma função organizadora do enredo, analisando o progressivo despertar de Virgília, à medida que ela volta ao piano de que se abstivera com a viuvez. Essa música terá para ela o sentido de anular as distâncias do tempo e do espaço e criar um mundo harmonioso.
D
O defunto-autor é, na superfície, meramente o agente através do qual a verdade é descoberta, o estranho no mundo patriarcal, fechado, da casa-grande, e que tropeça em seus mais terríveis segredos. Mas é mais do que isso; ele próprio nos diz, em diversos trechos, que não está com a consciência tranquila acerca do seu papel no caso.
E
Brás Cubas, apesar da gravidade do tema e da estrutura formal, dá a impressão de um “divertimento”, não há dúvida. E em que consiste tal divertimento? O divertimento, núcleo do livro, é montado sobre a oposição de caracteres de Brás Cubas e Virgília.
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CÁSPER LÍBERO 2013 - Literatura - Realismo, Escolas Literárias

Sobre as características do Naturalismo, escola literária à qual pertence o romance O cortiço, de Aluísio Azevedo, é correto afirmar que:

A
O gosto pela Natureza impele o escritor naturalista na direção da Pátria, entrevista como projeção do “eu”. Politicamente liberal, sente-se “o arauto das inquietações populares”, mago, profeta, gênio, predestinado; idealista, acredita no progresso do Homem e sonha com uma Idade de Ouro, sob o signo da Liberdade, Fraternidade, Igualdade. Volta-se para os burgueses e plebeus, e por vezes tinge de cores revolucionárias as suas obras centradas no povo.
B
O Naturalismo interior fundava-se na psicologia, não raro nas suas formas complexas, patológicas, buscando o consórcio da mimese representativa com o imaginário. Submisso ao tempo da subjetividade, aproximava-se da intemporalidade da psicanálise, da imaginação e, por conseguinte, da literatura simbolista.
C
O Naturalismo transpira o sentimento segundo o qual “vivemos em tempos totalmente novos; a história contemporânea é a fonte da nossa significância; somos herdeiros, não do passado, mas, sim, do cenário ou do ambiente que nos circunda e nos engloba; a modernidade é uma nova consciência, uma condição sem igual da mente humana”.
D
Os adeptos do Naturalismo, na linha do materialismo histórico, pregavam a necessidade de transformar o mundo por meio da tomada de consciência das desigualdades sociais. Consideravam decadente a burguesia, enalteciam o trabalho dos operários e camponeses, num populismo não raro beirando o simplismo ou a esquematização mecânica. Admitiam as causas econômicas e políticas como as mais importantes, se não exclusivas, da luta de classes.
E
O escritor naturalista equipara-se, no seu afã de atingir a verdade positiva, aos cientistas, atuando “sobre os caracteres, sobre as paixões, sobre os fatos humanos e sociais, como o químico e o físico atuam sobre os corpos brutos, como o fisiologista atua sobre os corpos vivos”. Em suma, quer para si o estatuto de cientista. E procura anular a distância entre a realidade e a ficção: adquirindo caráter experimental, o texto literário converte-se num laboratório.
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CÁSPER LÍBERO 2013 - Literatura - Escolas Literárias, Romantismo

Sobre as características da prosa de ficção de José Alencar, presentes em Til, é correto afirmar que:

A
À idolatria do dinheiro, que aviltaria a nova sociedade do Segundo Império, Alencar opusera seu desprezo impotente. Daí os enredos valerem como documento apenas indireto de um estado de coisas, no caso, o tomar corpo de uma ética burguesa e realista das conveniências durante o Segundo Reinado.
B
O regionalismo de Alencar mistura elementos tomados à narrativa oral, os “causos” e as “estórias” do interior do Brasil, com uma boa dose de idealização. Esta é responsável por uma linguagem adjetivosa e convencional na maioria dos quadros agrestes.
C
Alencar explora o dom do memorialista e a finura da observação moral, mas no uso desses dotes deixa atuar tal carga de passionalidade que o estilo de seu romance mal se pode definir, em sentido estrito, romântico, afetado que é pela plasticidade nervosa de alguns retratos e ambientes.
D
Em Alencar predomina o gosto da fala regional em si mesma: sintaxe, modismos, léxico, fonética, quase tudo se acha colado à vivência dos homens e das coisas do interior, configurando uma linguagem cuja camada verbal serve de instrumento eficaz à representação dos dramas caboclos.
E
O Brasil ideal de Alencar seria uma espécie de cenário selvagem onde, expulsos os portugueses, reinariam capitães altivos, senhores do baraço e cutelo rodeados de sertanejos e peões, livres, sim, mas fiéis até a morte. Alguma coisa assim como a Europa pré-industrial, mas regenerada pela seiva da natureza americana.
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CÁSPER LÍBERO 2013 - Literatura - Realismo, Escolas Literárias

Assinale a opção que apresenta uma informação incoerente com os fatos narrados em Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis:

A
O envio de uma cestinha de morangos, de Virgília a Brás Cubas, e o bilhete dela, “intimando-o a vir jantar”, assinado “Sua verdadeira amiga”, é um momento que precipita a ação. “Morangos adúlteros”, comenta um amigo, que está com ela na hora em que chega o presente. Brás Cubas é levado a crer que Virgília está disposta a deixar-se conquistar por ele.
B
Depois de estudar no exterior, Brás Cubas volta para a pátria e perde a mãe. Uma grande dor o possui. Aguilhoado por ela, vai procurar lenitivo na solidão. O pai visita-o, e em vez de encontrar nele a angústia e o desconsolo, Brás Cuba só enxerga a vaidade por ter recebido uma carta do regente, ao mesmo tempo que o desejo de ser introduzido na política.
C
Nada prendia Brás Cubas a Virgília; o amor fora substituído pela saciedade em ambos; o filho, que Virgília a principio anunciara, morrera antes de nascer. Por isso, acabou cedendo às propostas de casamento que a irmã lhe fazia. Mas estava escrito que ele nunca haveria de formar família; a noiva morre poucos dias antes do ato realizar-se.
D
Foi depois do falecimento da noiva que Brás Cubas entrou na política. Foi deputado; escapou de ser ministro e não foi reeleito. Mas um amigo o consolou, um amigo de vida bastante agitada, que da ociosidade fora levado ao vício, e do vício ao crime. Esse amigo a quem uma fortuna, herdada inesperadamente, afastara do caminho da correção imaginou um sistema de filosofia: o humanitismo.
E
Brás Cubas nasceu de pais ricos e complacentes que o amavam com ardor, mas de um amor antes específico e animal do que esclarecido e elevado. As suas inconveniências e travessuras passavam como rasgos de espírito. As suas exigências, por mais esdrúxulas, eram sempre satisfeitas. Daí a primeira tendência para a satisfação, para o otimismo, tendência auxiliada pela fatuidade, que herdara do pai.