A unidade do poema mencionado tem como
objetivo:
Leia o trecho da música a seguir para responder à questão .
Na cumeeira da serra Ororubá o velho profetajá diziaUma nova era se abre com duas vibrastrançadasSeca e sangueSeca e sangue
Herdeiros do novo milênioNinguém tem mais dúvidasO sertão vai virar marE o mar simDepois de encharcar as mais estreitas veredasVirará sertão
Antôe tinha razão rebanho da fé
A terra de todos a terra é de ninguémPisarão na terra dele todos os seusE os documentos dos homens incrédulosNão resistirão a Sua ira
Filhos do caldeirãoHerdeiros do fim do mundoQueimai vossa história tão mal contada[...]E assim na derradeira luabrancaQuando todos os riosvirarem leiteE as barrancas cuscuz demilhoE as estrelas tocadeiras deviolaCaírem uma por umaOs soldados do rei D.SebastiãoMostrarão o caminhoSalve o povo Xucuru. (Profecia do Pajé Cauã).Cordel do FogoEncantado.Composição: Lirinha; Clayton Barros.
Gabarito comentado
Resposta correta: Alternativa C
1. Tema central
A questão exige identificar a intenção global do poema-cançã o: trata‑se de um texto poético que articula imagens de profecia, territorialidade e conflito. Para resolver, é preciso reconhecer vocabulário simbólico (pajé, povo Xucuru, sertão, mar, terra de ninguém) e relacioná‑lo a temas de Geografia Cultural: identidade, disputa territorial e resistência.
2. Resumo teórico
A Geografia Cultural estuda como práticas, símbolos e narrativas produzem sentidos sobre o território (Tuan; Massey). Em textos poéticos, metáforas (sertão que vira mar; rios viram leite) expressam transformações sociais e conflitos pelo espaço — não apenas descrição ambiental, mas disputa por identidade e posse.
3. Justificativa da alternativa C
A letra reúne elementos que indicam conflitos no campo (terra de ninguém, documentos que não resistirão) e conflitos nas tribos/identidade indígena (referência explícita ao povo Xucuru e ao Pajé Cauã). Assim, o objetivo é demonstrar, por meio da poeticidade, um retrato dos conflitos no campo e nas tribos, ou seja, interpretar símbolos que remetem tanto à luta por terra quanto às tensões culturais e messiânicas.
4. Por que as outras alternativas estão incorretas
A — Retratar a seca: a seca aparece como imagem (“Seca e sangue”), mas é parte de um repertório simbólico maior; a letra não se limita a descrever a seca regional.
B — Julgar (apenas) o sofrimento indígena: embora trate de povos indígenas, o enfoque é mais amplo (conflitos agrários e simbólicos) — B reduz demais o escopo.
D — Analisar regionalidade/culinária/identidade: há referências culturais (cuscuz), mas a função principal não é descrever costumes ou culinária; é usar esses elementos para falar de disputa e mudança.
E — Mostrar iminência do fim do mundo: imagens apocalípticas são metafóricas (profecia, “fim do mundo”), mas apontam para transformações sociais e resistências, não para uma previsão literal e exclusiva do término do mundo.
5. Estratégia para provas
Procure o escopo do texto: palavras-chave e quem é o sujeito (pajé, povo Xucuru, “terra de ninguém”) mostram tema social/territorial. Evite alternativa que destaque apenas um detalhe (seca, cuscuz) quando o poema articula múltiplos significados.
Fontes sugeridas: Yi‑Fu Tuan, Space and Place (1977); Doreen Massey, conceitos de espaço social — úteis para entender como narrativas constroem territórios.
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