Questão fa65d544-b6
Prova:IF-GO 2010
Disciplina:Geografia
Assunto:Geografia Cultural

A unidade do poema mencionado tem como objetivo:

Leia o trecho da música a seguir para responder à questão .

Na cumeeira da serra Ororubá o velho profeta
já dizia
Uma nova era se abre com duas vibras
trançadas
Seca e sangue
Seca e sangue

Herdeiros do novo milênio
Ninguém tem mais dúvidas
O sertão vai virar mar
E o mar sim
Depois de encharcar as mais estreitas veredas
Virará sertão

Antôe tinha razão rebanho da fé

A terra de todos a terra é de ninguém
Pisarão na terra dele todos os seus
E os documentos dos homens incrédulos
Não resistirão a Sua ira

Filhos do caldeirão
Herdeiros do fim do mundo
Queimai vossa história tão mal contada
[...]
E assim na derradeira lua
branca
Quando todos os rios
virarem leite
E as barrancas cuscuz de
milho
E as estrelas tocadeiras de
viola
Caírem uma por uma
Os soldados do rei D.
Sebastião
Mostrarão o caminho
Salve o povo Xucuru. (Profecia do Pajé Cauã).Cordel do Fogo
Encantado.Composição: Lirinha; Clayton Barros. 

A
Retratar a seca na região nordeste, principalmente em Pernambuco.
B
Julgar o sofrimento e conflitos por terras dos povos indígenas.
C
Demonstrar por meio da poeticidade um retrato dos conflitos no campo e nas tribos.
D
Analisar a regionalidade, a culinária e a identidade nordestina.
E
Mostrar que o fim do mundo está caminhando para a proximidade.

Gabarito comentado

T
Taina VegaMonitor do Qconcursos

Resposta correta: Alternativa C

1. Tema central
A questão exige identificar a intenção global do poema-cançã o: trata‑se de um texto poético que articula imagens de profecia, territorialidade e conflito. Para resolver, é preciso reconhecer vocabulário simbólico (pajé, povo Xucuru, sertão, mar, terra de ninguém) e relacioná‑lo a temas de Geografia Cultural: identidade, disputa territorial e resistência.

2. Resumo teórico
A Geografia Cultural estuda como práticas, símbolos e narrativas produzem sentidos sobre o território (Tuan; Massey). Em textos poéticos, metáforas (sertão que vira mar; rios viram leite) expressam transformações sociais e conflitos pelo espaço — não apenas descrição ambiental, mas disputa por identidade e posse.

3. Justificativa da alternativa C

A letra reúne elementos que indicam conflitos no campo (terra de ninguém, documentos que não resistirão) e conflitos nas tribos/identidade indígena (referência explícita ao povo Xucuru e ao Pajé Cauã). Assim, o objetivo é demonstrar, por meio da poeticidade, um retrato dos conflitos no campo e nas tribos, ou seja, interpretar símbolos que remetem tanto à luta por terra quanto às tensões culturais e messiânicas.

4. Por que as outras alternativas estão incorretas
A — Retratar a seca: a seca aparece como imagem (“Seca e sangue”), mas é parte de um repertório simbólico maior; a letra não se limita a descrever a seca regional.
B — Julgar (apenas) o sofrimento indígena: embora trate de povos indígenas, o enfoque é mais amplo (conflitos agrários e simbólicos) — B reduz demais o escopo.
D — Analisar regionalidade/culinária/identidade: há referências culturais (cuscuz), mas a função principal não é descrever costumes ou culinária; é usar esses elementos para falar de disputa e mudança.
E — Mostrar iminência do fim do mundo: imagens apocalípticas são metafóricas (profecia, “fim do mundo”), mas apontam para transformações sociais e resistências, não para uma previsão literal e exclusiva do término do mundo.

5. Estratégia para provas
Procure o escopo do texto: palavras-chave e quem é o sujeito (pajé, povo Xucuru, “terra de ninguém”) mostram tema social/territorial. Evite alternativa que destaque apenas um detalhe (seca, cuscuz) quando o poema articula múltiplos significados.

Fontes sugeridas: Yi‑Fu Tuan, Space and Place (1977); Doreen Massey, conceitos de espaço social — úteis para entender como narrativas constroem territórios.

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