Leia o texto abaixo:

“(...) a obsessão pelo consumo, marca registrada da vida nas sociedades orientadas para e pelo mercado, não corresponde a opções fortuitas e isoladas de um sempre crescente contingente de sujeitos abomináveis porque ricos, exibicionistas, esbanjadores e insaciáveis. Em vez disso, o consumo é o centro organizador da ordem social, política, econômica e cultural do presente, e todos nós somos “educados” para e por ele. As crianças de hoje nascem dentro da cultura consumista e crescem modelando-se segundo seus padrões e suas normas. Talvez apenas um pouco menos confortáveis nessa moldagem, os adultos também se instalam e se conformam em seu interior. De acordo com o veredito da cultura consumista, Bauman afirma que ‘os indivíduos que se satisfazem com um conjunto finito de necessidades, guiando-se somente por aquilo que acreditam necessitar, e nunca procuram novas necessidades que poderiam despertar um agradável anseio por satisfação, são consumidores falhos – ou seja, a variedade de proscritos específica da sociedade de consumidores’ (2008b, p. 128, grifo do autor)”.

COSTA, Marisa. Educar-se na sociedade de consumidores. In: ____ (Org.) A Educação na Cultura da Mídia e do Consumo. Rio de Janeiro: Lamparina, 2009, p. 35-36.

De acordo com o texto, assinale a alternativa que contém um exemplo de “consumismo falho”:

Resposta correta: Alternativa D

Tema central: a questão explora o conceito de “consumidor falho” na cultura consumista (Bauman): aquele que não busca constantemente novas necessidades e, portanto, não alimenta o circuito do consumo.

Resumo teórico: segundo Z. Bauman, a sociedade de consumo organiza normas que valorizam a busca contínua por novidades; quem se satisfaz com um conjunto finito de bens e opta pela reparação, reutilização ou conservação é visto como um “consumidor falho” porque não renova demandas (Cf. Bauman, 2008). Em termos ambientais, práticas como reciclagem e reuso reduzem a demanda por bens novos (ver também Lei nº 12.305/2010 — Política Nacional de Resíduos Sólidos, que incentiva logística reversa e reciclagem).

Justificativa da alternativa D: Reciclar móveis e objetos pessoais significa manter e reutilizar bens existentes, diminuindo a compra de produtos novos. Isso corresponde exatamente ao comportamento descrito por Bauman: satisfação com um conjunto limitado de necessidades e ausência de busca por novidades — portanto, é um exemplo de “consumismo falho”.

Análise das alternativas incorretas:

A - Trocar o celular periodicamente mesmo com descarte adequado é renovação de consumo (atenuação ambiental não altera a característica consumista).

B - Substituir por aparelhos que economizam energia é troca por tecnologia nova; melhora ambiental, mas não representa ausência de busca por novidades.

C - Comprar roupas ecológicas mantém o ato de consumo; intenção sustentável, porém não é "falha" no sentido baumaniano.

E - Trocar por carro mais econômico continua sendo aquisição de bem novo — redução de impacto operacional, mas não recusa à renovação consumista.

Dica de interpretação: ao ver termos como “falho” ou “proscrito” na cultura do consumo, busque alternativas que indiquem redução, reuso ou não compra de novidade. Pergunte-se: a opção reduz a demanda por bens novos ou apenas substitui por versões “melhores”?

Fontes: Bauman (2008) sobre cultura do consumo; Lei nº 12.305/2010 (PNRS) sobre reciclagem e logística reversa.

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