Questão f410a1c5-70
Prova:UEPB 2007
Disciplina:Geografia
Assunto:Geografia Física, Solo

“O tempo rotinizado prendia o trabalho ao solo, enquanto a massa dos prédios da fábrica, o peso do maquinário e o trabalho permanentemente atado acorrentavam o capital. Nem capital nem trabalho estavam ansiosos para mudar, e nem seriam capazes disso”. (grifos nossos) (Zigmunt Baumam – A Modernidade Líquida, 2001, p. 135.)

Os elementos grifados no texto são típicos de uma fase do processo de industrialização. Portanto, o autor faz referência

A
à INDÚSTRIA FORDISTA, com o emprego em larga escala do trabalho extremamente especializado e pouco qualificado, que apresentava rigidez nas relações de produção e na organização do trabalho, e a fabricação que se dava em série para atender ao consumo de massa.
B
ao ARTESANATO, que prendia os artesãos e aprendizes às regras das corporações de ofícios, limitando a oferta de mercadorias e o acúmulo de capital.
C
à INDÚSTRIA PÓS-FORDISTA, que utiliza alta tecnologia e o trabalho flexível para produzir com estoques reduzidos visando nichos de mercado.
D
à MANUFATURA, que instalou suas fábricas nas cidades e implantou o trabalho assalariado e a divisão técnica do trabalho como forma de aumentar a produção e o consumo, viabilizando a acumulação capitalista.
E
à fase na qual os comerciantes, tentando se libertar das amarras das corporações de ofício, distribuíram as etapas do processo produtivo com os artesãos que estavam no campo, utilizando-se da mão-de-obra familiar.

Gabarito comentado

P
Paula DelgadoMonitor do Qconcursos

Resposta correta: Alternativa A

Tema central: o enunciado descreve características materiais e organizacionais de uma fase específica da industrialização — fábricas pesadas, maquinário fixo e trabalho rigidamente preso ao local — sinais típicos do fordismo.

Resumo teórico: o fordismo (início do século XX) combina a linha de montagem de Henry Ford com o controle racional do trabalho (taylorismo). Resulta em produção em série, postos fixos, grande maquinário e edifícios industriais volumosos, trabalho pouco móvel e rígido, visando escala e consumo de massa (ver Bauman, 2001; Aglietta, 1976; referências históricas a Ford/Taylor).

Por que a alternativa A é correta: os trechos grifados — "massa dos prédios", "peso do maquinário", "trabalho permanentemente atado" — remetem à imobilidade do capital e do trabalho típica do modelo fordista, com produção padronizada, postos fixos e baixa flexibilidade no processo produtivo.

Análise das alternativas incorretas:

B (Artesanato): as corporações limitavam produção, mas eram baseadas em oficinas e trabalho manual e móvel, não em grandes prédios e maquinário pesado.

C (Pós-fordista): caracteriza-se por flexibilidade, alta tecnologia, produção enxuta e estoque reduzido — oposto à rigidez e ao grande maquinário descritos.

D (Manufatura): refere-se a produção artesanal organizada em oficinas antes da completa mecanização; haveria divisão técnica do trabalho, mas ainda sem a escala e o maquinário pesado e a rigidez do fordismo.

E (Sistema de putting-out): descreve trabalho doméstico rural e distribuição de etapas entre artesãos — sem fábricas pesadas nem “prender” trabalho ao solo como no enunciado.

Estratégia de prova: foque nas palavras-chave do enunciado que indicam materialidade (prédios, maquinário, peso) e rigidez do trabalho — relacionam-se diretamente ao modelo produtivo; descarte opções que descrevem flexibilidade, trabalho doméstico ou formas pré-industriais.

Fonte(s) sugerida(s): Z. Bauman (A Modernidade Líquida, 2001); estudos clássicos sobre Fordismo/Taylorismo e Regulação (ex.: Aglietta, 1976).

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