Questão ef7a3867-ef
Prova:IF-RS 2014
Disciplina:Português
Assunto:Uso dos conectivos, Sintaxe

Todos os vocábulos e expressões a seguir representam, no texto, relação de temporalidade, MENOS

O prazer e o risco de emprestar um livro 


    “Empresto até dinheiro, mas não me peça meus livros.” Perdi a conta de quantas vezes ouvi amigos repetirem essa frase e muitas de suas variações. Alguns diziam o mesmo sobre os CDs, quando o CD ainda existia. O mundo mudou. As coleções de CDs acumulam poeira e, hoje em dia, é difícil achar alguém que queira pegar um deles emprestado. Para os leitores, a vida mudou pouco. Nunca vi alguém pedir um Kindle emprestado. Mas enquanto tivermos livros impressos - e os temos aos montes -, nos veremos frequentemente diante dessa questão: emprestar ou não emprestar? A decisão de emprestar um livro é em sua natureza um gesto de amor à leitura. O prazer de ler é tão grande que precisamos compartilhá-lo. Nada mais frustrante do que terminar uma história incrível e não ter com quem conversar sobre ela. Emprestar um livro é buscar companhia num mundo em que os leitores infelizmente ainda são minoria.

     Quem é contra o empréstimo de livros costuma ter um argumento forte para justificar sua postura: por mais que confiemos em quem pediu o livro emprestado, há uma enorme chance de que o livro não seja devolvido. O mundo fora da estante é perigoso. Mesmo ambientes aparentemente seguros escondem armadilhas. Já fui vítima de uma delas. Pouco depois do lançamento de A visita cruel do tempo, de Jennifer Egan, deixei meu exemplar com um colega de trabalho. Ele gostou tanto do romance quanto eu. Animados com a nossa conversa, outros colegas se interessaram pela obra. O livro passou de mão em mãos e o perdi de vista. Não posso dizer que o revés foi inesperado. Outros livros tiveram um destino parecido. Continuo a emprestar livros, mesmo correndo o risco de perdê-los. Gosto de saber que meu exemplar de A visita cruel dotempo foi parar nas mãos de um leitor misterioso, em vez de acumular poeira em minha estante. [...] (adaptado).


VENTICINQUE, Danilo. Disponível em: <http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/danilo-venticinque/noticia/2014/04/o-prazer-e-o-risco-debemprestar-um-livrob.html>.

Acesso em: 5 abr. 2014



A
ainda (1º parágrafo).
B
hoje em dia (1º parágrafo).
C
enquanto (1º parágrafo).
D
mesmo (primeira ocorrência do 3º parágrafo).
E
pouco depois (3º parágrafo).

Gabarito comentado

L
Lúcio CerqueiraMonitor do Qconcursos

Assunto central da questão: Semântica e identificação de indicações de temporalidade no texto. Aqui, é indispensável reconhecer quando uma expressão estabelece relação de tempo no contexto textual, diferenciando essas ocorrências de outros usos semânticos, conforme orienta a norma-padrão da Língua Portuguesa (Bechara, Cunha & Cintra).

Análise da alternativa correta:

D) “mesmo” (primeira ocorrência do 3º parágrafo) é a resposta certa.

No trecho “Mesmo ambientes aparentemente seguros escondem armadilhas”, o termo “mesmo” atua como advérbio de intensidade, reforçando a ideia de que até esses lugares oferecem riscos. Não existe, aqui, qualquer relação com tempo. Segundo Celso Cunha & Lindley Cintra, advérbios desse tipo servem para intensificar, não para marcar momentos no tempo.

Por que as demais estão erradas?

A) “ainda” – Advérbio de tempo, indica continuidade de uma ação (“quando o CD ainda existia”).

B) “hoje em dia” – Locução adverbial de tempo, situando a ação no presente.

C) “enquanto” – Conjunção subordinativa temporal, marca simultaneidade (“Mas enquanto tivermos livros...” ≈ tempo em que durar uma condição).

E) “pouco depois” – Locução adverbial de tempo, indicando um momento futuro em relação a outro (“Pouco depois do lançamento...”).

Todas essas alternativas (A, B, C, E) apresentam elementos explícitos de temporalidade, conforme ensinam as gramáticas de referência.

Dica para provas: Sempre identifique o sentido da palavra no contexto; advérbios e locuções às vezes mudam de valor dependendo da frase. Atenção para pegadinhas: palavras como “mesmo” podem ser confundidas com advérbios de tempo, mas não desempenham essa função aqui.

Resumo da regra: Elementos que indicam tempo são advérbios, locuções adverbiais ou conjunções que situam a ação em um momento (presente, passado, futuro ou simultaneidade), enquanto advérbios de intensidade apenas reforçam ou enfatizam a ideia.

Portanto, a alternativa D é a correta.

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