Ao se referir ao domínio holandês sobre a capitania do Rio Grande, no século XVII, Câmara Cascudo afirmou:

“A conservação do Rio Grande foi uma questão vital, indiscutida, e todas as fontes holandesas são unânimes [...]. ‘Em 1635 os Conselheiros Políticos exaltaram a conquista final desta Capitania, como um benefício inestimável da fortuna’.”

CASCUDO, Luís da Câmara. História da Cidade do Natal. Natal: RN Econômico, 1999. p. 66.

Um dos motivos pelos quais os flamengos exaltaram a conquista da capitania do Rio Grande foi o seguinte:

sem o amplo controle do rebanho bovino dessa capitania, a alimentação da crescente população holandesa em Pernambuco seria algo muito difícil.

para os holandeses, o essencial era o domínio da região açucareira do Engenho Cunhaú, cuja produção rivalizava com as dos maiores centros produtores do Nordeste.

à época, o expressivo processo de urbanização de Natal tornava o domínio dessa capitania imprescindível para a instalação da estrutura administrativa dos holandeses.

com a derrota holandesa na Batalha dos Guararapes, Maurício de Nassau foi forçado a deslocar suas tropas de Recife para a chamada Nova Amsterdam.

Gabarito comentado

Monica Lima Monitor do Qconcursos

Resposta correta: Alternativa A

Tema central: trata-se da razão econômica e estratégica da ocupação holandesa da capitania do Rio Grande no século XVII — especialmente o papel do rebanho bovino como abastecimento para Pernambuco, núcleo do domínio holandês no Nordeste brasileiro.

Resumo teórico e contexto: O ciclo açucareiro em Pernambuco exigia alimentos, carne, couro e bois de trabalho. A capitania do Rio Grande possuía extensos campos e um rebanho capaz de suprir essa demanda. Para os holandeses, controlar fontes de provisão era tão vital quanto dominar engenhos produtores de açúcar, pois a logística determinava a sobrevivência e eficiência da ocupação.

Justificativa da alternativa A: A afirmação está de acordo com fontes historiográficas (por exemplo, Cascudo — História da Cidade do Natal — e estudos sobre o Brasil Holandês) que destacam o caráter alimentar e estratégico do domínio do Rio Grande. Sem o controle do gado norte-rio-grandense, o abastecimento de carne e transporte para a crescente população e forças em Pernambuco seria precário, tornando a ocupação da capitania um objetivo "vital".

Análise das alternativas incorretas:

B (errada): A capitania do Rio Grande não tinha engenhos com produção açucareira comparável aos grandes centros do Nordeste; sua importância não residia na rivalidade produtiva do açúcar.

C (errada): Natal era um povoado fronteiriço e pouco urbanizado no século XVII; não havia processo de urbanização expressivo que justificasse a ocupação por motivos administrativos.

D (errada): Erro cronológico e factual: Maurício de Nassau deixou o governo de Pernambuco em 1644; a Batalha dos Guararapes ocorreu em 1648–1649 e foi decisiva contra os holandeses, mas a menção a deslocamento para "Nova Amsterdam" é anacrônica — Nova Amsterdam (futura Nova York) pertenceu aos holandeses na América do Norte, não sendo destino lógico do governador de Pernambuco nessa fase.

Estratégia de prova: Busque sempre o motivo econômico e logístico por trás de ocupações coloniais; verifique cronologias (datas de Nassau, Guararapes) e compare capacidades produtivas locais antes de escolher alternativas que pareçam “técnicas” (como urbanização ou rivalidade açucareira).

Fontes recomendadas: Luís da Câmara Cascudo, História da Cidade do Natal; Charles R. Boxer, obras sobre o Brasil Holandês.

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