Questão e83456e9-eb
Prova:Univap 2017
Disciplina:Português
Assunto:Funções morfossintáticas da palavra QUE

Leia o poema Gato que brincas na rua, de Fernando Pessoa.


Gato que brincas na rua

Como se fosse na cama,

Invejo a sorte que é tua

Porque nem sorte se chama.


Bom servo das leis fatais

Que regem pedras e gentes,

Que tens instintos gerais

E sentes só o que sentes.


És feliz porque és assim,

Todo o nada que és é teu.

Eu vejo-me e estou sem mim,

Conheço-me e não sou eu.

Fernando Pessoa, Obra Poética.



No poema de Fernando Pessoa, o eu lírico lamenta-se sobre a sua condição de humano que o obriga a um angustiante questionamento sobre si mesmo contrariamente à condição do gato, que, por não ter consciência da sua natureza, vive apenas em função de sensações e instintos e não fica sujeito a crises de identidade.


Analise o verso “Gato que brincas na rua”

A palavra “que” constante no verso, pode ser classificada como

A
conjunção integrante.
B
pronome relativo.
C
pronome demonstrativo.
D
partícula expletiva.
E
pronome oblíquo átono.

Gabarito comentado

A
Alejandro RuizMonitor do Qconcursos

Tema central: A questão aborda o emprego e classificação da palavra “que” no contexto gramatical, mais especificamente sua função morfossintática em um verso do poema de Fernando Pessoa.

O enunciado testa o entendimento sobre pronomes relativos, elementos fundamentais da coesão textual, pois ligam uma oração a um termo antecedente, retomando-o e proporcionando informações adicionais sobre ele.

No verso analisado – “Gato que brincas na rua” –, o termo “que” retoma “gato” e introduz a oração “que brincas na rua”, caracterizando o substantivo antecedente. Segundo a norma-padrão:

“Os pronomes relativos são termos que retomam um antecedente e iniciam uma oração subordinada adjetiva, atribuindo-lhe características.” (Cunha & Cintra, Nova Gramática do Português Contemporâneo).

Dentro da oração subordinada, o “que” exerce função de sujeito do verbo “brincas”.

Alternativa correta: B) pronome relativo

Justifica-se porque “que”:

  • Retoma o termo antecedente “gato”;
  • Introduz oração adjetiva que especifica o substantivo;
  • Encaixa-se nas regras dos pronomes relativos: invariável, pode referir-se a pessoas ou coisas.

Análise das incorretas:

  • A) conjunção integrante: Incorreto. Conjunções integrantes introduzem orações subordinadas substantivas (Acredito que virás.), o que não ocorre aqui.
  • C) pronome demonstrativo: “Que” não indica posição ou demonstração; portanto, não é pronome demonstrativo.
  • D) partícula expletiva: “Que” não é dispensável, nem serve de realce, como ocorre em frases com elementos expletivos.
  • E) pronome oblíquo átono: Essa função só ocorre, por exemplo, em “me”, “te”, “lhe”, etc. “Que” jamais é considerado pronome oblíquo átono.

Dica de prova: Sempre identifique se o termo “que” retoma um substantivo (antecedente) e se inicia uma oração qualificadora (adjetiva); se sim, é um pronome relativo.

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