Leia o trecho abaixo do poema Poética, de Manuel Bandeira.
Estou farto do lirismo comedido
do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo
[e manifestações de apreço ao Sr. Diretor
Estou farto do lirismo que para e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo
(...)
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de cossenos secretário do amante exemplar com
[cem modelos de cartas e as diferentes maneiras de agradar às mulheres, etc.
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
Considere as seguintes afirmações sobre o poema.
I - Poética é um poema que defende a concepção libertária da criação artística.
II - O poema, publicado no livro Libertinagem, de 1930, reforça o ideário modernista de inovação
estética.
III- Bandeira intensifica a rigidez da forma poética, que já havia em Os sapos, do livro Carnaval, de
1919.
Quais estão corretas?
Leia o trecho abaixo do poema Poética, de Manuel Bandeira.
Estou farto do lirismo comedido
do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo
[e manifestações de apreço ao Sr. Diretor
Estou farto do lirismo que para e vai averiguar no dicionário o cunho vernáculo de um vocábulo
(...)
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de cossenos secretário do amante exemplar com
[cem modelos de cartas e as diferentes maneiras de agradar às mulheres, etc.
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
Considere as seguintes afirmações sobre o poema.
I - Poética é um poema que defende a concepção libertária da criação artística.
II - O poema, publicado no livro Libertinagem, de 1930, reforça o ideário modernista de inovação estética.
III- Bandeira intensifica a rigidez da forma poética, que já havia em Os sapos, do livro Carnaval, de
1919.
Quais estão corretas?
Gabarito comentado
Tema central da questão:
A questão aborda o Modernismo brasileiro, mais especificamente os teorias, princípios e rupturas presentes na poesia de Manuel Bandeira, com foco no poema Poética do livro Libertinagem (1930).
Análise das afirmações:
I – “Poética” defende a concepção libertária da criação artística.
Correta. Bandeira rejeita o “lirismo comedido” e denuncia o excesso de formalismo em favor de uma poesia mais livre e autêntica. Ele refuta as normas rígidas e preconiza a criação espontânea. Isso está em total sintonia com a proposta modernista de inovar e romper tradições.
II – O poema, publicado em Libertinagem (1930), reforça o ideário modernista de inovação estética.
Correta. Tanto o poema quanto o livro são marcos da renovação estética: defendem experimentação formal, linguagem coloquial e oposição ao academicismo. Bandeira sublinha a busca modernista pela originalidade e pela liberdade criativa.
III – Bandeira intensifica a rigidez da forma poética, já presente em “Os sapos”, de Carnaval (1919).
Incorreta. Pegadinha clássica! Em “Os sapos”, Bandeira ridiculariza o rigor parnasiano. Em Poética, ele rejeita explicitamente a rigidez poética, reiterando o desejo de ruptura. Logo, Bandeira não intensifica, mas combate o formalismo.
Como resolver:
Para acertar, atente-se aos conceitos-chave do Modernismo: busca por liberdade formal, enfrentamento das convenções e valorização do conteúdo em detrimento da forma rígida. Cuidado com enunciados que trocam termos ou sugerem que poetas modernistas defendiam o formalismo – trata-se de pegadinha típica!
Alternativa correta: C) Apenas I e II. As duas defendem princípios modernistas, a III distorce o sentido ao atribuir a Bandeira uma postura que ele combate.
Análise das alternativas incorretas:
A) e B) ignoram a correta identificação de elementos modernistas.
D) inclui a III, incorreta.
E) generaliza erroneamente incluindo a III.
Resumo teórico:
O Modernismo brasileiro, conforme autores como Candido e Bosi, destaca-se por tomada de consciência artística e rejeição ao academicismo. Bandeira é exemplar ao romper com o formalismo parnasiano.
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