“A caça é uma ocupação de alto risco. Até na
vivificante floresta dos pigmeus há javalis e
elefantes que podem se tornar violentos e
ameaçadores quando encurralados. Os esquimós,
ao contrário dos pigmeus, são grandes caçadores
que precisam enfrentar enormes feras do mar e da
terra (....). Mas os esquimós não temem os
animais. Eles temem mais é a sua ausência – sua
falta em tempos de necessidade.”
(TUAN, Y-Fu. Paisagens do Medo. São Paulo: Ed. da
UNESP, 2005)
O texto acima revela
Gabarito comentado
Resposta correta: Alternativa A
Tema central: a questão explora a relação homem-natureza como processo cultural — não apenas físico — em que práticas como a caça revelam atitudes de domínio, adaptação e apropriação do território. Conhecimento de geografia humana e de autores como Yi‑Fu Tuan (Paisagens do Medo) ajuda a interpretar esse tipo de texto.
Resumo teórico: Na geografia humana, a paisagem é vista como produto da interação entre sociedades e meio físico (cf. Carl Sauer; Yi‑Fu Tuan). A linguagem descreve como culturas expressam controle, temor ou dependência do ambiente — sinais de processos de ocupação e dominação de espaços.
Por que a alternativa A é correta: O trecho destaca que caçar é arriscado, que diferentes grupos (pigmeus e esquimós) enfrentam a natureza de modos distintos e, sobretudo, que há uma preocupação com a disponibilidade de recursos (ausência de animais). Isso aponta para uma relação instrumental e de ocupação do território — ou seja, um processo contínuo de superação e domínio das condições naturais, conforme afirma A.
Análise das alternativas incorretas:
B — Fala em “processos ritualísticos” decorrentes de ansiedade. O texto menciona medo/ansiedade, mas não descreve rituais; é extrapolação não sustentada pelo excerto.
C — Afirma que pigmeus e esquimós compartilham os mesmos sentimentos e gêneros de vida. O trecho mostra diferenças claras: um teme os animais, o outro teme sua ausência — portanto, não há comunhão idêntica.
D — Generaliza que florestas são turbulentas e devem ser evitadas. O texto aponta riscos em certos ambientes, mas não dita uma norma: trata de percepção cultural sobre perigos, não de recomendação universal de evitar florestas.
Dica de interpretação: busque termos-chave (comparativos, atitudes expressas, dependência/controle) e evite alternativas que extrapolem informações não presentes no texto. Pergunte-se: o enunciado afirma isso explicitamente ou é inferência indevida?
Fonte sugerida: Yi‑Fu Tuan, Landscapes of Fear (Paisagens do Medo), ed. UNESP, 2005; conceitos de paisagem cultural em geografia humana.
Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!






