Leia atentamente o seguinte excerto sobre Virgolino Ferreira da Silva, o Lampião: “Mossoró, no Rio Grande do Norte, foi a maior cidade atacada por Virgolino Ferreira da Silva. Sua ação mais ousada — e sua maior derrota. [...] Em 15 de junho de 1927, chegaram a Limoeiro do Norte, no Vale do Jaguaribe, Ceará, dois dias após deixarem Mossoró. Lampião enviou mensageiro para avisar de sua chegada. A polícia, então, deixou a cidade. O bando entrou em Limoeiro dando vivas ao Governador José Moreira da Rocha [...]. Os chefes políticos mataram um boi para recepcionar os bandidos. O bando comeu, fez orações. A contribuição em dinheiro foi acertada com os líderes locais. Após o pagamento, o bando de Lampião se retirou. [...]”

O Povo online. Ceará foi o refúgio seguro de Lampião. 27/07/2018.

A atitude de certa forma benevolente de Lampião em relação ao estado do Ceará, tornando-o o local que menos sofreu violência de seu bando deve-se

Tema central: entende-se por que Lampião mostrou trato relativamente benevolente com o Ceará. É preciso relacionar biografia do cangaceiro, a influência religiosa de Padre Cícero em Juazeiro/Cariri e as redes de poder local (coronelismo/clientelismo) que negociavam proteção e contribuições.

Resumo teórico: o cangaço atuou no Nordeste em interação com líderes locais — políticos e religiosos — que ofereciam refúgio ou acordos em troca de lealdade, pagamentos ou prestígio. Padre Cícero era uma liderança religiosa e social com grande influência no Cariri; muitos cangaceiros respeitavam sua autoridade simbólica. A dinâmica de “negociação” entre bandos e oligarquias locais explica por que certos lugares eram poupados.

Por que a alternativa A é correta: Lampião demonstrou respeito pela figura de Padre Cícero e manteve relações com políticos cearenses locais (como Floro Bartolomeu, citado em fontes regionais). Esse respeito e alianças permitiram que ele encontrasse abrigo e negociasse “contribuições”, reduzindo ataques violentos ao estado. O excerto citado (Limoeiro do Norte) ilustra justamente a negociação entre bando e líderes locais.

Análise das alternativas incorretas: - B: incorreta — Virgolino (Lampião) nasceu em Serra Talhada (Pernambuco), não em Juazeiro do Norte; logo não poupou o Ceará por “sua terra natal”. - C: incorreta — não há registro histórico confiável de que bandos chamados Massilon e João Calangro controlassem o Ceará e impedissem Lampião; a explicação estrutural envolve negociação política, não impedimento por outros bandos. - D: incorreta — a ideia de “centenas de seguidores do Beato José Lourenço” protegendo o Cariri não corresponde à explicação histórica principal; a proteção resultava mais de prestígio religioso (Padre Cícero) e acordos com coronéis do que de milícias devocionais que intimidassem Lampião.

Estratégia de prova: verifique fatos biográficos (local de nascimento), reconheça termos-chave (Padre Cícero, coronelismo, negociação), desconfie de alternativas que inventam forças locais sem respaldo histórico. Use o enunciado: quando ele mesmo descreve acordo/pagamento, procura-se alternativa que explique essa prática.

Fontes gerais: estudos sobre o cangaço e a história do Ceará (obras e arquivos regionais, Museu do Ceará, trabalhos de Luís da Câmara Cascudo e pesquisas em revistas históricas sobre Lampião).

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