A década de 70 do século passado marca uma
virada significativa na configuração sócioeconômica e política da história do Acre. A tentativa
de transformar a economia extrativista, com base na
produção de borracha e na coleta de castanha, em
uma economia de base pecuária, colocou em
conflito os antigos moradores dos seringais contra
os novos donos das terras, em sua maioria
fazendeiros e grileiros vindos de outros estados, que
aqui eram denominados como “paulistas”. Nesse
conflito, os seringueiros desenvolveram uma forma
de resistência denominada “empate”. Sobre os
“empates” podemos afirmar:
Gabarito comentado
Alternativa correta: D
Tema central: os "empates" foram formas de resistência dos seringueiros do Acre, na década de 1970, contra a conversão de áreas extrativistas em pastagens por fazendeiros e grileiros. Entender o contexto (conflito terra vs. extrativismo; chegada de "paulistas"; organização social dos seringueiros) é essencial para responder.
Resumo teórico: os empates eram ações coletivas de bloqueio e ocupação — muitas vezes não violentas — que impediam a derrubada de seringueiras e a entrada de gado e máquinas. Contaram com apoio de setores da Igreja (CEBs, CPT), sindicatos e militantes de esquerda que ajudaram na organização, mobilização e visibilidade das lutas. Figura-chave associada a essa luta: Chico Mendes, embora a prática dos empates seja anterior à sua projeção nacional.
Por que a alternativa D é correta: ela descreve precisamente a base de apoio dos empates — as Comunidades Eclesiais de Base e a Comissão Pastoral da Terra, a CONTAG e militantes de esquerda — que deram suporte organizativo e político às ações dos seringueiros. Esses atores ajudaram a estruturar a resistência local e a articular reivindicações por terra e conservação.
Análise das incorretas:
A — Incorreta: os empates não eram financiados por ONGs estrangeiras para "obstacular o desenvolvimento"; foram ações locais de autodefesa e proteção dos meios de subsistência.
B — Incorreta: narrativa ideológica e sensacionalista. Embora houvesse militantes de esquerda e apoio religioso, não se tratou de plano para criar guerrilha.
C — Incorreta: não receberam apoio estatal; o Estado muitas vezes favorecia o avanço pecuário ou permaneceu omisso. Os empates surgiram como resistência contra as derrubadas.
E — Incorreta: a OAB não foi a aliada principal; a defesa e mobilização vieram mais diretamente de CPT, CEBs, CONTAG e movimentos locais.
Dica de prova: foque em palavras-chave do enunciado (década de 70; seringueiros; empates; apoio de Igreja e sindicatos). Desconfie de alternativas que apresentam causas externas espetaculares (financiamento estrangeiro, guerrilha) ou atribuem apoio estatal absoluto — geralmente são armadilhas.
Fontes e leituras recomendadas: estudos sobre a luta dos seringueiros no Acre, relatórios da Comissão Pastoral da Terra e trabalhos sobre Chico Mendes e o movimento seringueiro.
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