Alagados
Todo dia
o sol da manhã vem e lhes desafia
traz do sonho pro mundo quem já não queria
palafitas, trapiches, farrapos
filhos da mesma agonia
E a cidade
que tem braços abertos num cartão-postal
com os punhos fechados da vida real
lhes nega oportunidades
mostra a face dura do mal
Alagados, Trenchtown, Favela da Maré
a esperança não vem do mar
nem das antenas de tevê
A arte de viver da fé
só não se sabe fé em quê.
Herbert Viana, Bi Ribeiro e João Barone.
Em: CD Os Paralamas do Sucesso. EMI, 1997.
Nessa música, os autores da letra retratam algumas dificuldades em
viver nas grandes cidades, fruto da rápida urbanização e da
inexistência de um planejamento adequado. Logo:
I - O processo de urbanização ocorrido desde os anos 1960 e a
falta de planejamento urbano levam grupos populacionais a
ocupar a periferia das grandes cidades, ficando órfãs do Estado
e tornando-se vítimas ou protagonistas da cidade que mata.
II - Vistos de longe, os centros urbanos são aparentes paraísos de
qualidade de vida, onde se pensa que todos têm acesso a
serviços de infra-estrutura básicos. De perto, eles trazem
transtornos que reduzem a qualidade de vida da maioria da
população, como: desemprego, falta de moradia,
congestionamento de trânsito, falta de saneamento básico,
carência dos serviços públicos de saúde e educação e aumento
da violência urbana.
III - As milícias urbanas existentes nas favelas e periferias dos
grandes centros urbanos ocupam um espaço desprezado pelo
Estado, contribuindo para a violência urbana e elevação dos
índices de homicídios.
IV - Segundo o Ministério das Cidades, mesmo sem um planejamento
efetivo, o Brasil necessita apenas de 1,2 milhão de moradias
para cobrir o seu deficit.
Estão corretas:
Gabarito comentado
Alternativa correta: D — I, II e III
Tema central: urbanização acelerada e ausência de planejamento urbano, que geram expansão de assentamentos informais (favelas), déficit de serviços e segurança pública. Esse é um tema recorrente em questões de geografia urbana e políticas públicas.
Resumo teórico rápido: A urbanização rápida concentra população nas cidades sem infraestrutura proporcional. Resultado: ocupações periféricas e informais, carência de saneamento, moradia precária, desemprego e violência. O Estatuto da Cidade (Lei 10.257/2001) e estudos do IBGE e do IPEA tratam desses processos e das políticas habitacionais e de planejamento urbano. Relatórios como o Atlas da Violência mostram correlações entre exclusão socioespacial e homicídios.
Por que I, II e III estão corretas:
I — descreve o deslocamento para periferias e ocupações informais por falta de políticas habitacionais e planejamento; vínculo entre abandono estatal e vulnerabilidade social é consistente com literatura urbana.
II — contrapõe imagem idealizada do centro ao cotidiano urbano: desemprego, déficit de moradia, trânsito, falta de saneamento e serviços são impactos reais da urbanização desordenada (IBGE, UN‑Habitat).
III — identifica atuação de atores armados em espaços onde o Estado é mais ausente; milícias e organizações criminosas aparecem como fator de violência e controle territorial, contribuindo para índices elevados de homicídios (estudos do IPEA/Atlas da Violência).
Por que a proposição IV é incorreta: apresenta dado numérico absoluto e redutor: afirmar que "apenas 1,2 milhão de moradias" resolveria o déficit é impreciso. O déficit habitacional brasileiro é maior e depende de critérios (déficit qualitativo/quantitativo, renda, localização). Avalie sempre datas e fontes ao aceitar números.
Dicas de interpretação para provas: procure por termos absolutos (apenas, somente), verifique se há dados numéricos verificáveis e contextualize cronologias (ex.: ministérios e programas mudam). Em questões de conteúdo conceitual, priorize definições e relações causais (urbanização → déficit de infraestrutura → segregação socioespacial → violência).
Fontes recomendadas: IBGE (PNAD/estatísticas urbanas), Estatuto da Cidade (Lei 10.257/2001), Atlas da Violência (IPEA/FBSP) e publicações da UN‑Habitat.
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