Sobre o romance “Fogo Morto”, de José Lins do Rego, é correto afirmar:
O acendedor de lampiões
Lá vem o acendedor de lampiões da rua!
Este mesmo que vem infatigavelmente,
Parodiar o sol e associar-se à lua
Quando a sombra da noite enegrece o poente!
Um, dois, três lampiões, acende e continua
Outros mais a acender imperturbavelmente,
À medida que a noite aos poucos se acentua
E a palidez da lua apenas se pressente.
Triste ironia atroz que o senso humano irrita:
Ele que doira à noite e ilumina a cidade,
Talvez não tenha luz na choupana em que habita.
Tanta gente também nos outros insinua
Crenças, religiões, amor, felicidade,
Como este acendedor de lampiões da rua
(Jorge de Lima)
O acendedor de lampiões
Lá vem o acendedor de lampiões da rua!
Este mesmo que vem infatigavelmente,
Parodiar o sol e associar-se à lua
Quando a sombra da noite enegrece o poente!
Um, dois, três lampiões, acende e continua
Outros mais a acender imperturbavelmente,
À medida que a noite aos poucos se acentua
E a palidez da lua apenas se pressente.
Triste ironia atroz que o senso humano irrita:
Ele que doira à noite e ilumina a cidade,
Talvez não tenha luz na choupana em que habita.
Tanta gente também nos outros insinua
Crenças, religiões, amor, felicidade,
Como este acendedor de lampiões da rua
(Jorge de Lima)
Gabarito comentado
Tema central da questão: A questão aborda a compreensão do romance “Fogo Morto”, de José Lins do Rego, dando ênfase especialmente à técnica narrativa utilizada pelo autor e ao modo como essa técnica enriquece a análise psicológica dos personagens.
Conceito essencial: O discurso indireto livre é um recurso fundamental do romance modernista brasileiro. Ele une as vozes do narrador e das personagens, apresentando os pensamentos e sentimentos destas de forma natural, sem marcadores explícitos como “ele pensou” ou “ela disse”. Isso confere profundidade psicológica e permite múltiplos olhares sobre o drama social retratado.
Justificativa da alternativa correta (D): O uso do discurso indireto livre é um dos elementos mais marcantes de “Fogo Morto”, tal como apontam os principais manuais de Literatura, como Antônio Candido e Afrânio Coutinho. Essa técnica possibilita diversidade de olhares porque funde pensamentos das personagens com a narração, dando ao leitor acesso ao mundo interior de figuras como José Amaro ou Lula de Holanda. O aprofundamento do drama psicológico ocorre justamente por essa imersão nos conflitos íntimos, refletindo o ambiente social e emocional do engenho nordestino.
Análise das alternativas incorretas:
A) Errada: Não há evasão para aventuras amorosas; os personagens permanecem presos ao destino dos engenhos.
B) Errada: Carlos de Melo é de outro romance (Menino de Engenho). “Fogo Morto” não é narrado por um protagonista criança nem se foca nessa perspectiva.
C) Errada: A obra tem forte base realista, mas não é um “retrato fotográfico” (ou documental), além de não tratar diretamente da Guerra de Canudos.
E) Errada: O enredo é crítico e triste sobre a decadência dos engenhos e costumes patriarcais, sem traço de saudade ou pitoresco.
Estratégias para questões como essa: Atente-se a detalhes como nomes de personagens e técnicas de narração, evitando distrações com termos genéricos ou proposições que distorcem o sentido principal do romance regionalista.
Resumo: A alternativa D é correta porque identifica o discurso indireto livre como chave na obra, sendo responsável pela variedade de perspectivas e pelo mergulho psicológico nos personagens.
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