No trecho da peça O beijo no asfalto (Texto 6),
temos descrito o desconforto do personagem Arandir
diante do interrogatório do delegado, no fragmento:
“sentindo a pressão do novo ambiente”. Na Física, o
conceito de pressão pode estar relacionado à magnitude
de uma força aplicada ortogonalmente por sobre uma
área. De acordo com esse significado e suas aplicações,
analise as afirmativas a seguir:
I - Um copo de plástico colocado em um recipiente
com alta pressão tende a se expandir (ignore o efeito da
temperatura).
II - Considerando-se um mergulhador um objeto pontual,
a diferença de pressão que ele experimenta ao mergulhar
em um rio de água doce de densidade de 1000 Kg/m3
, a
uma profundidade de 20 m, será de 19,6 × 104 Pa (dado: = 9,8 m/s2
).
III - A força resultante sobre uma janela de avião de
500 cm2
de área será de 1000 N, se a pressão no interior da
cabine for de 1 atm e a pressão no exterior for de 0,8 atm
(considere 1 atm = 105 Pa).
IV - Em uma garrafa com um furo e cheia de água, a
velocidade da vazão da água no furo será a mesma,
independentemente do lugar onde ele se situe. Considere
a garrafa com a tampa aberta.
Em relação às proposições analisadas, assinale a única
alternativa cujos itens estão todos corretos:
TEXTO 6
Arandir — Posso ir?
Comissário Barros — Pode.
Arandir (recuando, com sofrida humildade) — Então,
boa tarde, boa tarde.
Cunha — Um minutinho.
Arandir (incerto) — Comigo?
Cunha — Um momento.
Barros — Já prestou declarações.
Cunha (entre divertido e ameaçador) — Sei. Agora
vai conversar comigo.
Aruba (baixo e veemente para Arandir) — O delegado.
Amado — Senta.
Arandir (sentindo a pressão de novo ambiente) —
Mas é que eu estou com um pouquinho de pressa.
(Arandir começa a ter medo. Ele próprio não sabe
de quê.)
Cunha (com o riso ofegante) — Rapaz, a polícia não
tem pressa.
Amado — Mas senta. (Arandir olha em torno, como
um bicho apavorado. Senta-se, finalmente.)
Arandir (sem ter de quê) — Obrigado.
Barros (baixo e reverente, para o delegado) — Ele é
apenas testemunha.
Cunha — Não te mete.
(Arandir ergue-se, sôfrego.)
Arandir — Posso telefonar?
Cunha — Mais tarde.
(Amado cutuca o fotógrafo.)
Amado — Bate agora! (flash estoura. Arandir toma
um choque.)
Arandir — Retrato?
Amado — Nervoso, rapaz?
(Arandir senta-se, une os joelhos.)
Arandir — Absolutamente!
Cunha (lançando a pergunta como uma chicotada)
— Você é casado, rapaz?
Arandir — Não ouvi.
Cunha (num berro) — Tira a cera dos ouvidos!
Amado (inclinando-se para o rapaz) — Casado ou
solteiro?
Arandir — Casado.
Cunha — Casado. Muito bem. (vira-se para Amado,
com segunda intenção) O homem é casado. (para o
Comissário Barros) Casado.
Barros — Eu sabia.
Arandir (com sofrida humildade) — O senhor deixa
dar um telefonema rápido para minha mulher?
Cunha (rápido e incisivo) — Gosta de sua mulher,
rapaz?
(Arandir, por um momento, acompanha o movimento
do fotógrafo que se prepara para bater uma nova
fotografia.)
Arandir — Naturalmente!
Cunha (com agressividade policial) — E não usa
nada no dedo, por quê?
Arandir (atarantado) — Um dia, no banheiro, caiu.
Caiu a aliança. No ralo do banheiro.
Amado — O que é que você estava fazendo na praça
da Bandeira?
Arandir — Bem. Fui lá e...
Cunha (num berro) — Não gagueja, rapaz!
Arandir (falando rápido) — Fui levar uma joia.
Cunha (alto) — Joia!
Arandir — Joia. Aliás, empenhar uma joia na Caixa
Econômica. (Amado e Cunha cruzam as perguntas
para confundir e levar Arandir ao desespero.)
Amado — Casado há quanto tempo?
Arandir — Eu?
Cunha — Gosta de mulher, rapaz?
ARANDIR (desesperado) — Quase um ano!
Cunha (mais forte) — Gosta de mulher?
Arandir (quase chorando) — Casado há um ano.
(Cunha muda de voz, sem transição. Põe a mão no
joelho do rapaz.)
Cunha (caricioso e ignóbil) — Escuta. O que significa
para ti. Sim, o que significa para “você” uma
mulher!?
Arandir (lento e olhando em torno) — Mas eu estou
preso?
Cunha (sem ouvi-lo e sempre melífluo) — Rapaz, escuta!
Uma hipótese. Se aparecesse, aqui, agora, uma
mulher, uma “boa”. Nua. Completamente nua. Qual
seria. É uma curiosidade. Seria a tua reação? (Arandir
olha, ora o Cunha, ora o Amado. Silêncio.)
(RODRIGUES, Nelson. O beijo no asfalto. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1995. p. 23-27.)
TEXTO 6
Arandir — Posso ir?
Comissário Barros — Pode.
Arandir (recuando, com sofrida humildade) — Então, boa tarde, boa tarde.
Cunha — Um minutinho.
Arandir (incerto) — Comigo?
Cunha — Um momento.
Barros — Já prestou declarações.
Cunha (entre divertido e ameaçador) — Sei. Agora vai conversar comigo.
Aruba (baixo e veemente para Arandir) — O delegado.
Amado — Senta.
Arandir (sentindo a pressão de novo ambiente) — Mas é que eu estou com um pouquinho de pressa. (Arandir começa a ter medo. Ele próprio não sabe de quê.)
Cunha (com o riso ofegante) — Rapaz, a polícia não tem pressa.
Amado — Mas senta. (Arandir olha em torno, como um bicho apavorado. Senta-se, finalmente.)
Arandir (sem ter de quê) — Obrigado.
Barros (baixo e reverente, para o delegado) — Ele é apenas testemunha.
Cunha — Não te mete.
(Arandir ergue-se, sôfrego.)
Arandir — Posso telefonar?
Cunha — Mais tarde.
(Amado cutuca o fotógrafo.)
Amado — Bate agora! (flash estoura. Arandir toma um choque.)
Arandir — Retrato?
Amado — Nervoso, rapaz?
(Arandir senta-se, une os joelhos.)
Arandir — Absolutamente!
Cunha (lançando a pergunta como uma chicotada)
— Você é casado, rapaz?
Arandir — Não ouvi.
Cunha (num berro) — Tira a cera dos ouvidos!
Amado (inclinando-se para o rapaz) — Casado ou solteiro?
Arandir — Casado.
Cunha — Casado. Muito bem. (vira-se para Amado, com segunda intenção) O homem é casado. (para o Comissário Barros) Casado.
Barros — Eu sabia.
Arandir (com sofrida humildade) — O senhor deixa dar um telefonema rápido para minha mulher?
Cunha (rápido e incisivo) — Gosta de sua mulher, rapaz?
(Arandir, por um momento, acompanha o movimento do fotógrafo que se prepara para bater uma nova fotografia.)
Arandir — Naturalmente!
Cunha (com agressividade policial) — E não usa nada no dedo, por quê?
Arandir (atarantado) — Um dia, no banheiro, caiu. Caiu a aliança. No ralo do banheiro.
Amado — O que é que você estava fazendo na praça da Bandeira?
Arandir — Bem. Fui lá e...
Cunha (num berro) — Não gagueja, rapaz!
Arandir (falando rápido) — Fui levar uma joia.
Cunha (alto) — Joia!
Arandir — Joia. Aliás, empenhar uma joia na Caixa Econômica. (Amado e Cunha cruzam as perguntas para confundir e levar Arandir ao desespero.)
Amado — Casado há quanto tempo?
Arandir — Eu?
Cunha — Gosta de mulher, rapaz?
ARANDIR (desesperado) — Quase um ano!
Cunha (mais forte) — Gosta de mulher?
Arandir (quase chorando) — Casado há um ano. (Cunha muda de voz, sem transição. Põe a mão no joelho do rapaz.)
Cunha (caricioso e ignóbil) — Escuta. O que significa para ti. Sim, o que significa para “você” uma mulher!?
Arandir (lento e olhando em torno) — Mas eu estou preso?
Cunha (sem ouvi-lo e sempre melífluo) — Rapaz, escuta! Uma hipótese. Se aparecesse, aqui, agora, uma mulher, uma “boa”. Nua. Completamente nua. Qual seria. É uma curiosidade. Seria a tua reação? (Arandir olha, ora o Cunha, ora o Amado. Silêncio.)
(RODRIGUES, Nelson. O beijo no asfalto. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1995. p. 23-27.)