O Texto 5 faz referência a garimpeiro, trabalhador
sujeito a doenças ocupacionais provocadas por fatores
relacionados com o ambiente de trabalho, que causam
alterações na sua saúde. Um dos grandes problemas da
atividade garimpeira na extração de ouro é a utilização
do mercúrio. Tanto o mercúrio metálico, perdido durante
o processo de amalgamação, quanto o vaporizado durante
a queima da amálgama, para a separação do ouro, é
altamente prejudicial à vida.
Dentre as doenças citadas a seguir, qual delas está
relacionada à intoxicação por mercúrio na atividade de
mineração (assinale a alternativa correta)?
TEXTO 5
É com certa sabedoria que se diz: pelos olhos
se conhece uma pessoa. Bem, há olhares de todos os
tipos — dos dissimulados aos da cobiça, seja pelo vil
metal ou pelo sexo.
Garimpeiro se conhece pelos olhos. Olhos de
febre, que flamejam e reluzem. Há, em suas pupilas,
o ouro. O brilho dourado tatua a íris. Trata-se apenas
de um reflexo de sua alma e daquilo que corre em
suas veias. É um vírus. A princípio, um sonho distante,
mas, ao correr dos dias, torna-se uma angustiante
busca. Na primeira vez que o ouro fagulha na sua
frente, na bateia, toda a alma se contamina e o vírus
se transforma em doença incurável.
Todos, no garimpo, têm histórias semelhantes.
Têm família, filhos, empregos em suas
cidades, nos distantes estados, mas, de repente,
espalha-se a notícia do ouro. Então, largam tudo,
vendem a roupa do corpo e lá se vão. Caçar o rastro
do ouro é a sina. Nos olhos, a febre — um brilho
dourado doentio. Sim, é fácil conhecer um garimpeiro.
Todos sabem que, no garimpo, não é lugar
para se viver. Mas ninguém abandona o seu posto.
Suor, lama, pedregulhos, pepitas douradas, cansaço
— é a vida que até o diabo rejeita.
Por onde passam, o rastro da destruição. A Amazônia é nossa. Tratores e retroescavadeiras derrubam
e limpam a floresta; as dragas chegam, os
rios se contaminam rapidamente de mercúrio. Quem
pode mais chora menos. Na trilha do brilho dourado,
nada se preserva. Ai daqueles que levantarem alguma
voz... No dia seguinte, o corpo é encontrado no meio
da selva, um bom prato aos bichos.
(GONÇALVES, David. Sangue verde. Joinville: Sucesso
Pocket, 2014. p. 5-6. Adaptado.)
TEXTO 5
É com certa sabedoria que se diz: pelos olhos se conhece uma pessoa. Bem, há olhares de todos os tipos — dos dissimulados aos da cobiça, seja pelo vil metal ou pelo sexo.
Garimpeiro se conhece pelos olhos. Olhos de febre, que flamejam e reluzem. Há, em suas pupilas, o ouro. O brilho dourado tatua a íris. Trata-se apenas de um reflexo de sua alma e daquilo que corre em suas veias. É um vírus. A princípio, um sonho distante, mas, ao correr dos dias, torna-se uma angustiante busca. Na primeira vez que o ouro fagulha na sua frente, na bateia, toda a alma se contamina e o vírus se transforma em doença incurável.
Todos, no garimpo, têm histórias semelhantes. Têm família, filhos, empregos em suas cidades, nos distantes estados, mas, de repente, espalha-se a notícia do ouro. Então, largam tudo, vendem a roupa do corpo e lá se vão. Caçar o rastro do ouro é a sina. Nos olhos, a febre — um brilho dourado doentio. Sim, é fácil conhecer um garimpeiro.
Todos sabem que, no garimpo, não é lugar para se viver. Mas ninguém abandona o seu posto. Suor, lama, pedregulhos, pepitas douradas, cansaço — é a vida que até o diabo rejeita.
Por onde passam, o rastro da destruição. A Amazônia é nossa. Tratores e retroescavadeiras derrubam e limpam a floresta; as dragas chegam, os rios se contaminam rapidamente de mercúrio. Quem pode mais chora menos. Na trilha do brilho dourado, nada se preserva. Ai daqueles que levantarem alguma voz... No dia seguinte, o corpo é encontrado no meio da selva, um bom prato aos bichos.
(GONÇALVES, David. Sangue verde. Joinville: Sucesso
Pocket, 2014. p. 5-6. Adaptado.)
Gabarito comentado
Resposta correta: D
Tema central: intoxicação por mercúrio na mineração — conhecimento essencial: formas do mercúrio no ambiente ocupacional, vias de exposição (inalação de vapores na queima da amálgama; contaminação de peixes por metilmercúrio) e os principais sinais clínicos.
Resumo teórico: o mercúrio metálico (vapores) e o metilmercúrio (via alimentar) são neurotóxicos. Exposição crônica provoca quadro neuropsiquiátrico denominado eretismo mercurial (irritabilidade, timidez, alterações de comportamento), tremores finos de intenção, parestesias, perda de memória, ataxia e, em casos graves, sequelas neurológicas permanentes. Em exposição aguda por vapores, há também sintomas respiratórios e gastrointestinais, mas o acometimento neurológico é a marca principal. (Fontes: OMS — “Mercury and health”; Convenção de Minamata, UNEP; diretrizes da saúde ocupacional brasileira sobre metais pesados.)
Por que a alternativa D está correta: ela descreve quadro neurológico variado com possibilidade de sequelas — que é justamente o padrão da intoxicação por mercúrio em garimpos (exposição a vapores e ingestão de peixes contaminados). A clínica citada (tremores, alterações comportamentais, parestesias, déficits cognitivos) corresponde ao efeito neurotóxico bem documentado.
Análise das alternativas incorretas:
A — Silicose: doença pulmonar fibrosante causada por inalação de poeira de sílica, não relacionada ao mercúrio; afeta principalmente os pulmões e a hematose, não produz quadro neurológico mercurial.
B — Asbestose: pneumopatia crônica causada por fibras de amianto; também é doença pulmonar intersticial e não tem relação com intoxicação por mercúrio.
C — Febre do feno: é rinite alérgica sazonal (hipersensibilidade a pólen/álcali), não é causada por mercúrio nem é uma reação alérgica típica desse metal.
Dica de prova / estratégia: identifique a palavra-chave (mercúrio) e lembre-se: mercúrio = neurotoxicidade. Elimine alternativas que tratam de pneumoconioses ou alergias que têm agentes etiológicos distintos.
Referências rápidas: OMS (Mercury and health), Convenção de Minamata (UNEP), manuais de saúde ocupacional sobre metais pesados.
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