Questão d03140f6-c2
Prova:UECE 2012
Disciplina:História e Geografia de Estados e Municípios
Assunto:História e Geografia do Estado do Ceará

“Desta forma, em 1924, com base no Relatório do então Diretor de Higiene Pública do Ceará, Dr. Clóvis Barbosa de Moura, percebia-se o funcionamento de uma máquina de controle médico na capital e no interior.”

PONTE, Sebastião Rogério. Fortaleza Belle Epoque: Reforma Urbana e Controle Social (1860-1930). Fortaleza: Edições Demócrito Rocha, 2001. p. 15-122.


Atente para o que se diz acerca da criação de uma rede de controle médico no estado do Ceará, no início da década de 1920, referida no excerto acima.

I. Análises e discursos desse porte são indicativos de que, no período em questão, instaurava-se um movimento médicohigienista, no sentido de operar transformações na saúde pública da capital e do interior do Ceará.

II. É plausível considerar que no Ceará, no período citado, foi difícil a aceitação da chamada medicina científica entre a maioria da população, habituada que estava a uma medicina, digamos, popular e mais acessível.


Sobre as afirmações acima, é correto dizer-se que

A
I é falsa e II é verdadeira.
B
I é verdadeira e II é falsa.
C
ambas são verdadeiras.
D
ambas são falsas.

Gabarito comentado

M
Monica Lima Monitor do Qconcursos

Resposta correta: C — ambas são verdadeiras

Tema central: trata-se da implantação, no Ceará das décadas de 1910–1920, de uma rede de controle médico ligada ao movimento médico‑higienista — ou seja, ações estatais para reorganizar a saúde pública com base na medicina científica. Para responder, é preciso relacionar fontes administrativas (relatórios de higiene) com a recepção social dessa medicina.

Resumo teórico básico: o higienismo brasileiro (final do século XIX–início do XX) articulou diagnóstico epidemiológico, obras de saneamento e vigilância sanitária; nos estados, diretores de higiene e relatórios oficiais são evidências desse projeto técnico‑administrativo. Ao mesmo tempo, a população rural e popular manteve práticas e saberes tradicionais, dificultando a aceitação imediata da medicina "científica" e institucional.

Justificativa da alternativa C (ambas verdadeiras):

  • I verdadeira: o excerto e o Relatório do Diretor de Higiene (Dr. Clóvis Barbosa de Moura, 1924) mostram a organização de uma máquina de controle médico — diagnóstico, campanhas, estrutura técnica — típico do movimento médico‑higienista documentado em Fortaleza e no interior (ver PONTE, 2001).
  • II verdadeira: historicamente, a implantação da medicina científica encontrou resistência: dificuldades de acesso, tradições populares, curandeirismo e desconfiança em relação ao Estado tornavam a adesão lenta. Assim, é plausível (e coerente com estudos de história da saúde) afirmar que a maioria da população demorou a aceitar plenamente a medicina institucionalizada.

Por que as outras alternativas estão erradas:

  • A (I falsa / II verdadeira): nega que houvesse efetiva estrutura médica em formação no período — contraria os relatórios oficiais e análise historiográfica.
  • B (I verdadeira / II falsa): reconhece a organização higienista, mas nega a dificuldade de aceitação social, o que ignora evidências sobre práticas populares e barreiras ao acesso.
  • D (ambas falsas): contradiz tanto a documentação administrativa quanto as evidências sobre recepção social — hipótese implausível frente às fontes.

Dica de prova: ao avaliar sentenças históricas, procure no enunciado termos como "instaurava‑se", "plausível" e relacione com fontes (relatórios, leis, jornais). Verifique se cada afirmação tem suporte documental e social — muitas questões cobram simultaneamente projeto estatal e resistência popular.

Referência indicada: PONTE, Sebastião Rogério. Fortaleza Belle Epoque: Reforma Urbana e Controle Social (1860–1930). Fortaleza: Edições Demócrito Rocha, 2001.

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