Questão ce679a98-b8
Prova:UECE 2012
Disciplina:Geografia
Assunto:Astronomia

Galileu Galilei, acusado de subverter a filosofia aristotélica, foi processado e condenado pelo Tribunal do Santo Ofício, e teve que abjurar de suas ideias em 22 de junho de 1633. Após 359 anos, o Papa João Paulo II, em seu discurso proferido para os participantes da sessão plenária da Pontifícia Academia das Ciências, em 31 de outubro de 1992, redimiu o cientista. Assinale a alternativa que indica uma das causas da condenação de Galileu.

A
A tese de que o universo é infinito e da existência de outros planetas, nos quais existiria vida inteligente.
B
A interpretação de que a benção divina só é concedida para aqueles que têm fé, sendo tudo justificado por meio dela.
C
A incompatibilidade do heliocentrismo com os critérios de interpretação da Sagrada Escritura.
D
A ideia de que Deus, além de ser o organizador da natureza é, ao mesmo tempo, a própria natureza.

Gabarito comentado

P
Paula DelgadoMonitor do Qconcursos

Alternativa correta: C

Tema central: a questão trata da razão histórica da condenação de Galileu — não de seu caráter científico isolado, mas da conflitualidade entre o modelo heliocêntrico e a interpretação religiosa da Sagrada Escritura na época.

Resumo teórico e contextualização: no século XVII Galileu defendeu o modelo heliocêntrico (Copérnico) — Terra e planetas orbitam o Sol — e publicou argumentos em obras como o Diálogo sobre os dois máximos sistemas do mundo (1632). A Igreja Católica, guiada por leituras literais da Bíblia, considerou que essa visão contrariava passagens consideradas claras (por ex., Josué 10 ou Salmos) e, por isso, o Tribunal do Santo Ofício julgou que o heliocentrismo violava os critérios de interpretação das Escrituras. Em 22/06/1633 Galileu foi obrigado a abjurar. Posteriormente, em 1992, o Papa João Paulo II reconheceu os erros do processo (discursos da Pontifícia Academia das Ciências).

Justificativa da alternativa C: a condenação teve como causa principal a incompatibilidade percebida entre heliocentrismo e interpretação da Bíblia. O processo focou no fato de que promover o heliocentrismo significava contrariar doutrinas aceitas e a autoridade scriptural — ponto central citado no enunciado e confirmado por estudos históricos (ex.: documentos do processo da Inquisição e cartas de 1615).

Análise das alternativas incorretas:

A. A tese sobre universo infinito e vida em outros planetas não foi o motivo do processo contra Galileu. Essa é uma especulação científica ou filosófica posterior, não o foco da Inquisição em 1633.

B. Afirmação sobre bênção divina condicionada à fé refere-se a uma visão teológica genérica e não descreve a acusação formal contra Galileu; não é a causa histórica do processo.

D. A ideia de identificar Deus com a natureza (panteísmo) é outra corrente filosófica e não corresponde às posições atribuídas a Galileu nem foi apresentada como base do julgamento.

Estratégia para resolver questões assim: procure termos-chave no enunciado (aqui: Tribunal do Santo Ofício, abjuração, século XVII) e relacione-os ao conflito histórico mais conhecido (heliocentrismo vs. interpretação bíblica). Desconfie de alternativas que introduzam conceitos não citados ou anacrônicos.

Fontes úteis: documentos do processo da Inquisição (1633), obras de Galileu (Diálogo, cartas), e análises históricas e teológicas (estudos da Pontifícia Academia das Ciências; sínteses na Encyclopedia Britannica e Stanford Encyclopedia of Philosophy).

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