O Rio de Janeiro era a maior cidade brasileira entre 1890 e 1900. Nesse período sua população cresceu em torno de 32%. Entre 1900 e 1920, o crescimento populacional continuou em torno de 2,61% ao ano.

SEVCENKO, Nicolau. Literatura como

missão.Tensões Sociais e Criação Cultural na

Primeira República. São Paulo: Companhia das

Letras, 2003.

O crescimento a que se refere o autor ocultava algumas questões estruturais. Atente para o que se diz a esse respeito.

I. O plano geral da cidade, com relevo acidentado e áreas pantanosas, constituía obstáculo permanente à construção de prédios e residências.

II. Havia um alto nível de insalubridade na cidade, com focos endêmicos de varíola, malária e febre amarela.

III. O abastecimento de gêneros, no entanto, era bastante satisfatório, senão a capital não teria suportado o grande número de imigrantes que nela aportavam naquele período.

É correto o que se diz apenas em

Resposta correta: B - I e II

Tema central: urbanização do Rio de Janeiro entre fim do século XIX e início do XX — crescimento demográfico que mascarava problemas estruturais: relevo e áreas alagadiças, insalubridade e deficiências nos serviços urbanos.

Resumo teórico (essencial): o rápido crescimento das cidades exige infraestrutura (habitação, saneamento, abastecimento). No Rio dessa época, expansão populacional ocorreu sem planejamento urbano adequado; isso agravou doenças endêmicas e dificultou a construção por causa do relevo e de terrenos alagadiços. As campanhas sanitárias e obras de infraestrutura só avançaram de forma mais intensa nas décadas seguintes (ex.: atuação de Oswaldo Cruz e obras de saneamento).

Por que I e II estão corretas:

I. O Rio tinha relevo acidentado (muitos morros) e extensas áreas pantanosas ao redor da Baía de Guanabara e zonas portuárias; isso impunha custos e limites à edificação e obrigou aterros e intervenções urbanas para liberar terrenos.

II. A cidade sofria com alta insalubridade: surtos de febre amarela, varíola e presença de vetores e condições favoráveis à malária em áreas pantanosas são bem documentados; foi causa direta das campanhas sanitárias no início do século XX.

Por que III é incorreta: a afirmação de que o abastecimento de gêneros era "bastante satisfatório" é enganosa. O crescimento rápido sobrecarregou mercados e logística; faltavam redes de distribuição e armazenamento adequados, e a oferta era frequentemente precária para a população mais vulnerável. Assim, III contraria evidências sobre déficits urbanos daquela fase.

Análise das alternativas:

A (II) — incompleta: ignora o impacto do relevo/pântanos (I).

B (I e II) — correta: reúne os dois problemas estruturais comprovados historicamente.

C (I e III) — incorreta: mistura um fator verdadeiro (I) com uma conclusão falsa sobre abastecimento (III).

D (III) — incorreta: sustenta apenas a proposição falsa.

Estratégia para resolver questões similares: procure evidências históricas internas (datas, nomes de campanhas, sinais de obras públicas) e avalie se uma alternativa é plausível frente a políticas reais (ex.: reformas sanitárias). Cuidado com termos absolutos como "bastante satisfatório".

Fontes sugeridas: SEVCENKO, Nicolau (2003); estudos sobre as campanhas de Oswaldo Cruz; séries históricas do IBGE (crescimento urbano e saneamento).

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