Em 1980, foi realizado um inventariamento da fauna de aves e de pequenos mamíferos em uma área inalterada
de floresta estacional decidual no sudoeste do Estado do Rio Grande do Sul. Foram encontradas 28 espécies de
aves e 12 espécies de pequenos mamíferos. Nos últimos 25 anos, pequenas propriedades rurais estabeleceram-se
na área utilizando espaços para cultivos e criação de gado, bem como abertura de pequenas estradas de terra. Em
2009, foi realizado um novo inventariamento na mesma área, e foram observadas 17 espécies de aves e 05 de
pequenos mamíferos. Baseado nos dados apresentados, pode-se concluir que a causa da redução da riqueza de
espécies foi:
Gabarito comentado
Alternativa correta: D — fragmentação de habitats
Tema central: alteração do ambiente por uso do solo (pequenas propriedades, cultivos, criação de gado, estradas) e seus efeitos sobre a riqueza de espécies. É tema clássico de Ecologia de paisagens e Conservação: como a perda e fragmentação de habitat reduzem a diversidade local.
Resumo teórico breve: Fragmentação = divisão contínua do habitat em parcelas menores e mais isoladas. Efeitos principais: redução da área disponível (reduz populações), aumento de efeitos de borda (microclima alterado, predadores e espécies invasoras), isolamento gênico (menos imigração e recolonização) e maior probabilidade de extinções locais. Relação espécie–área: menos área = menos espécies (MacArthur & Wilson, 1967). Revisões como Fahrig (2003) detalham impactos negativos da fragmentação sobre a biodiversidade.
Por que D é correta: o enunciado descreve conversão de floresta para uso agrícola, criação de gado e abertura de estradas — mudanças típicas que fragmentam o habitat. A queda na riqueza (28→17 aves; 12→5 mamíferos) é consistente com efeitos de fragmentação: perda de espécies sensíveis, extinções locais e menos recolonizações.
Análise das alternativas incorretas:
A / B — poluição dos rios: repetida (pegadinha). Nada no enunciado indica poluição aquática; a alteração descrita é terrestre. Poluição de rios poderia afetar espécies aquáticas ou terrestres dependentes da água, mas não explica diretamente a redução generalizada de aves e pequenos mamíferos associada à conversão do solo.
C — aumento de dióxido de carbono: o CO2 aumenta globalmente, mas não é causa direta e local para a rápida perda de espécies observada numa área especificamente modificada por atividades agrícolas e estradas. Mudanças de CO2 atuam em escala global e por mecanismos diferentes (clima, crescimento vegetal), não justificando esse padrão espacial descrito.
E — aumento de dejetos orgânicos: incremento de matéria orgânica pode até aumentar nutrientes localmente; não é fator típico que provoque declínio tão marcante na riqueza de aves e pequenos mamíferos causado por abertura de estradas e uso do solo.
Dica de interpretação de enunciados: foque em evidências diretas no texto (tipo de alteração: abertura de estradas, cultivo, pastagem). Desconfie de alternativas repetidas (A e B) e de causas globais que não se alinham com mudanças locais descritas.
Fontes sugeridas: MacArthur & Wilson (1967) — Theory of Island Biogeography; Fahrig L. (2003) — Effects of habitat fragmentation on biodiversity; Lei nº 12.651/2012 (Código Florestal) — contexto legal sobre uso e preservação de vegetação nativa no Brasil.
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