Por outras palavras, escolhermos o conselheiro é ainda
comprometermo-nos a nós próprios. A prova está em que, se
sois cristãos, direis: consulte um padre. Mas há padres colaboracionistas, padres oportunistas, padres resistentes. Qual
escolher? E se [alguém] escolhe um padre resistente, ou padre colaboracionista, já decidiu sobre o gênero de conselho
que vai receber.
(Jean-Paul Sartre. O existencialismo é um humanismo, 1973.)
Jean-Paul Sartre procura responder à possível objeção a um
argumento essencial da filosofia existencialista, segundo o
qual
Gabarito comentado
Alternativa correta: C — o homem confere livremente sentido à sua própria vida.
Tema central: a questão trata do núcleo do existencialismo sartriano — a liberdade humana e a responsabilidade de escolher e atribuir sentido à vida. É essencial para provas de filosofia e história do pensamento entender a ênfase existencialista na ação e na escolha individual.
Resumo teórico: Para Jean‑Paul Sartre, não existe uma essência humana dada antes da existência; primeiro existimos e depois definimos nossa essência por meio das escolhas. Isso implica liberdade radical e responsabilidade: ao escolher, o indivíduo assume também uma concepção de como o ser humano deve ser. Fonte básica: Sartre, O existencialismo é um humanismo (palestra de 1945/edições posteriores); resumo crítico: Stanford Encyclopedia of Philosophy (entrada "Existentialism").
Justificativa da alternativa C: O trecho citado mostra que a escolha do conselheiro implica assumir um posicionamento (se escolhe um padre resistente ou colaboracionista, já escolheu o tipo de conselho). Isso ilustra que o indivíduo atribui sentido e direção por sua escolha — exatamente a tese de que o homem confere livremente sentido à sua vida.
Análise das alternativas incorretas:
A — "a ação humana deve ser orientada pelo conhecimento racional": não é a objeção que Sartre responde; o existencialismo foca em escolha concreta e responsabilidade, não em primazia do racionalismo.
B — "a angústia do indivíduo solitário pode ser atenuada pelas crenças religiosas": Sartre admite angústia, mas ressalta que apelar a autoridades (p. ex. padre) não elimina a responsabilidade; a alternativa desloca o ponto para consolo religioso, não sobre atribuição de sentido.
D — "a vida humana é historicamente determinada por fatores materiais": corresponde a uma visão materialista/histórica (marxista), contrária à ênfase existencialista na liberdade individual.
E — "o homem é livre à medida que reconhece seus interesses sociais": reduz a liberdade à consciência de interesses sociais; Sartre fala de liberdade radical e responsabilidade individual, não apenas reconhecimento de interesses coletivos.
Estratégia para resolver: Busque o cerne doutrinário do autor citado. Pergunte-se: qual tese central do pensador? Em seguida, elimine alternativas que representem correntes opostas (racionalismo, materialismo, utilitarismo social, consolo religioso) — elas costumam ser as “pegadinhas”.
Fontes: Jean‑Paul Sartre, O existencialismo é um humanismo; Stanford Encyclopedia of Philosophy — "Existentialism".
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