Questão cc2b1922-03
Prova:UEA 2018
Disciplina:Geografia
Assunto:Regionalização Brasileira

Leia o trecho da resenha de Leila Saraiva do livro Do corpo ao pó: crônicas da territorialidade Kaiowá e Guarani nas adjacências da morte, escrito pelo antropólogo Bruno Morais.

A morte, que aparece já no título da obra, acompanha os interlocutores do autor cotidianamente [...]. Habituada com a guerra, D. Damiana, umas das principais personagens do livro, é tudo, menos vítima: continua abrindo sua roça em meio a um cerco perverso da soja, continua cuidando de seus mortos, levantando acampamento, combatendo a disciplina colonizadora que tentam impor, sem sucesso, ao seu corpo, à sua terra.

(Le monde diplomatique Brasil, maio de 2018.)

O trecho apresenta a história de algumas regiões do Brasil atual como um mosaico constituído

A
pela inexistência de projetos estatais, pelo fim do extrativismo econômico e pela falta de consciência social dos povos indígenas.
B
pela igualdade dos grupos econômico-sociais, pela unidade cultural e pela ausência de disputas por terra.
C
pelo baixo desenvolvimento econômico, pela preservação do meio ambiente e pela garantia da propriedade coletiva.
D
pelo avanço da fronteira agrícola, pela diversidade étnica e pela terra como fator de constituição de identidade.
E
pela oposição estatal à concentração fundiária, pelo silêncio da Constituição sobre direitos indígenas e pela estatização das terras produtivas.

Gabarito comentado

T
Taina VegaMonitor do Qconcursos

Gabarito: D

Tema central: territorialidade e conflitos socioespaciais — como a expansão da fronteira agrícola (soja, pecuária) transforma paisagens e relações sociais, sobretudo entre povos indígenas (Kaiowá e Guarani), para quem a terra é elemento identitário.

Resumo teórico: regiões não são homogêneas; formam-se como mosaicos de formas de uso do espaço, práticas culturais e disputas por terra. Conceitos úteis: territorialidade (direito/afetividade ao território), fronteira agrícola (expansão econômica que reestrutura usos do solo) e diversidade étnica (diferentes povos com identidades próprias). Veja Constituição Federal, art. 231 (reconhecimento dos direitos indígenas) e obras de Milton Santos sobre espacialidade.

Por que a alternativa D é correta: - O trecho menciona o "cerco perverso da soja" — caracterizando o avanço da fronteira agrícola. - Refere-se a interlocutores Kaiowá e Guarani — evidencia a diversidade étnica. - A luta pela roça, cuidado dos mortos e resistência mostram que a terra constitui identidade e modo de vida. Portanto, D sintetiza corretamente os elementos do texto.

Por que as outras alternativas estão erradas: - A: atribui o problema à "inexistência de projetos estatais" e "fim do extrativismo" — não correspondem ao trecho, que aponta conflito com agronegócio, não ausência de Estado. - B: fala em "igualdade" e "ausência de disputas" — contradiz o próprio texto, que descreve conflito e desigualdade. - C: mistura "baixo desenvolvimento" e "preservação ambiental/garantia coletiva" — o trecho mostra pressão produtiva (soja) e disputa, não uma clara preservação ou garantida propriedade coletiva. - E: afirma "oposição estatal à concentração fundiária" e "silêncio da Constituição" — incorreto: a Constituição de 1988 reconhece direitos indígenas (art. 231); além disso, o problema descrito é a concentração e avanço privado, não estatização das terras.

Estratégia de prova: destaque palavras-chave do enunciado (ex.: "soja", "morte", "resistência", nomes dos povos). Relacione termos a conceitos geográficos (fronteira agrícola, territorialidade). Desconfie de alternativas que generalizam (igualdade, ausência de conflito) ou que contradizem normas conhecidas (conheça o art. 231).

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