Sobre Franklin Cascaes e Florianópolis, assinale a proposição CORRETA.
As benzedeiras faziam parte do imaginário de Florianópolis, mas logo desapareceram da
cidade quando os médicos se instalaram na Ilha.
Sobre Franklin Cascaes e Florianópolis, assinale a proposição CORRETA.
As benzedeiras faziam parte do imaginário de Florianópolis, mas logo desapareceram da
cidade quando os médicos se instalaram na Ilha.
Seu amigo aparecia de repente, folhas de papel e lápis numa pasta de couro, ouvido atento e mão
incansável. As pessoas falavam do que sabiam, tinham visto ou ouvido; conversas antigas de
feitiços e festas, das andanças de bruxas, ah, quantas bruxas! Em arrancos de medo, histórias
fantásticas surgiam, juradas como verdade, garantidas pelo testemunho do narrador. Aconteceu
comigo...Foi com meu pai...O amigo ajeitava os óculos, fazia perguntas, anotações. Com ele
Onofre aprendeu sobre o mar e o mundo. A valorizar o chão onde brota o garapuvu, que oferece
beleza e utilidade, nos barcos que não afundam. A lutar para que o passado permaneça na
memória dos jovens; para que a ilha não se torne embruxada pelo capitalismo e pelos
gananciosos.
CARDOZO, F. J.; MIGUEL, S. (org). 13 Cascaes. Florianópolis: Fundação Cultural de Florianópolis, 2008. p. 66.
Seu amigo aparecia de repente, folhas de papel e lápis numa pasta de couro, ouvido atento e mão incansável. As pessoas falavam do que sabiam, tinham visto ou ouvido; conversas antigas de feitiços e festas, das andanças de bruxas, ah, quantas bruxas! Em arrancos de medo, histórias fantásticas surgiam, juradas como verdade, garantidas pelo testemunho do narrador. Aconteceu comigo...Foi com meu pai...O amigo ajeitava os óculos, fazia perguntas, anotações. Com ele Onofre aprendeu sobre o mar e o mundo. A valorizar o chão onde brota o garapuvu, que oferece beleza e utilidade, nos barcos que não afundam. A lutar para que o passado permaneça na memória dos jovens; para que a ilha não se torne embruxada pelo capitalismo e pelos gananciosos.
CARDOZO, F. J.; MIGUEL, S. (org). 13 Cascaes. Florianópolis: Fundação Cultural de Florianópolis, 2008. p. 66.
Gabarito comentado
Resposta correta: Errado (E)
Tema central: Franklin Cascaes e o registro do imaginário popular de Florianópolis — especialmente figuras como as benzedeiras — e a relação entre memória local e modernização.
Resumo teórico e fundamento: Cascaes foi etnógrafo e artista que registrou oralidades, crenças e saberes da Ilha de Santa Catarina. Seu trabalho evidencia que práticas populares de cura e rituais faziam parte da vida cotidiana e eram valorizadas culturalmente. Na história social e antropológica fala-se em medical pluralism (pluralismo médico): biomedicina e práticas populares coexistem, adaptam-se e persistem, em vez de serem imediatamente substituídas pela chegada de médicos.
Por que a afirmação é ERRADA?
O enunciado afirma que “As benzedeiras faziam parte do imaginário de Florianópolis, mas logo desapareceram da cidade quando os médicos se instalaram na Ilha.” Isso é falso porque:
- O próprio texto e a obra organizada (Cardozo & Miguel, 2008) mostram Cascaes registrando histórias, testemunhos e práticas populares exatamente para preservar esses saberes frente à modernização — o que pressupõe continuidade e resistência cultural, não extinção imediata.
- Historicamente, a chegada de médicos urbanos não elimina instantaneamente práticas populares; costuma haver coexistência e mestiçagem entre saberes tradicionais e médicos, conforme estudos sobre saúde popular no Brasil.
- Argumentar que “logo desapareceram” é uma generalização absoluta — pista clássica de pegadinha em provas: termos como “logo”, “imediatamente” ou “totalmente” exigem prova documental rigorosa, que aqui não existe.
Fonte e leitura recomendada: CARDOSO, F. J.; MIGUEL, S. (org.), 13 Cascaes (Fundação Cultural de Florianópolis, 2008); consulte também materiais do Museu Franklin Cascaes e textos introdutórios sobre etnografia e medical pluralism para aprofundar.
Dica de prova: desconfiar de afirmações absolutas; relacione o enunciado com o propósito do autor citado (preservação da memória) — se o autor registra para conservar, isso indica continuidade cultural, o que torna a afirmação de desaparecimento improvável.
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