“Os Tremembé estão entre os grupos indígenas que ‘reaparecem’ no cenário cearense, desde a década de 80, após mais de cem anos da propaganda de ‘extinção’ oficial dos índios no Ceará. Quem fala em Tremembé, geralmente se refere à população indígena que mora em Almofala, local de um aldeamento do século XVIII e que hoje é distrito do município de Itarema, situado a 270 km de Fortaleza. (...)”.

RATTS, Alex. Traços étnicos: espacialidades e culturas negras e indígenas. Fortaleza: Museu do Ceará; Secult, 2009, p.25.

Sobre os Tremembé de Almofala e a luta pela terra, entre as décadas de 1980 e 2000, é correto afirmar que

Resposta correta: Alternativa C

1. Tema central: a questão trata da reemergência do povo Tremembé em Almofala (Itarema‑CE) e da luta pela terra entre 1980–2000. É necessário conhecer a história local (aldeamentos coloniais), o processo de reconhecimento indígena e as mobilizações por demarcação.

2. Resumo teórico rápido: Após período em que o Estado e a historiografia consideraram muitos grupos “extintos”, movimentos indígenas reconstituíram identidades e reivindicaram territórios tradicionais. No Brasil, a base legal é o art. 231 da Constituição Federal (direito originário às terras) e os procedimentos de demarcação regulamentados (ex.: Decreto nº 1.775/1996). Em Almofala, a referência territorial é o antigo aldeamento do século XVIII, elemento central nas reivindicações.

3. Fontes relevantes: Ratts, Alex. Traços Étnicos (2009) — referência direta citada no enunciado; CF/1988, art. 231; Decreto nº 1.775/1996; documentos e relatórios da FUNAI sobre processos de identificação e demarcação.

4. Justificativa da alternativa C (correta): A luta dos Tremembé em Almofala baseia‑se na reivindicação das terras correspondentes ao antigo aldeamento e ao território tradicional que ali se sobrepõe. Historicamente, Almofala é o núcleo comunitário e o marco espacial usado como referência para os processos de reconhecimento e reivindicação fundiária desde a rearticulação do grupo na década de 1980 (ver Ratts, 2009 e relatórios FUNAI).

5. Por que as outras alternativas estão erradas:

A – Incorreta: afirmar que os Tremembé de Almofala “não são reconhecidos oficialmente pela FUNAI” é generalização equivocada. Houve processos de identificação/regularização e atuação institucional sobre o caso; o problema real foi a disputa fundiária, não a simples inexistência de reconhecimento.

B – Incorreta: a população de Almofala não nega sua identidade; ao contrário, as mobilizações das décadas de 1980–2000 expressaram reafirmação étnica e territorial.

D – Incorreta: a dança do Torém é um traço cultural importante dos Tremembé e não foi simplesmente “extinta pelos posseiros” nos termos da alternativa — conflitos existiram, mas a prática cultural resistiu como elemento identitário.

E – Incorreta: a mobilização pela demarcação não se restringiu aos “índios mais velhos”; envolveu diferentes gerações e lideranças comunitárias em articulação com órgãos e movimentos sociais.

Estratégia de prova: identifique termos-chave (aldeamento, luta pela terra, reemergência nas décadas de 80) e relacione-os ao contexto histórico‑legal (CF/1988, procedimentos FUNAI). Desconfie de alternativas absolutistas ou que contrariem o arquivo histórico citado no enunciado.

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