O Texto 6 tematiza a vida urbana, com carro, lotação,
trânsito, atropelamento. A cidade de Goiânia foi
planejada para que a movimentação urbana fosse prática
e não houvesse tantos problemas de trânsito. Tal ideal
de cidade moderna se contrapunha ao estilo de vida da
antiga capital. Assinale a alternativa que caracteriza corretamente
o projeto liderado pelo interventor Pedro Ludovico
Teixeira:
TEXTO 6
[…]
Amado (na sua euforia profissional) – Cunha,
escuta. Vi um caso agora. Ali, na praça da
Bandeira. Um caso que. Cunha, ouve. Esse caso
pode ser a tua salvação!
Cunha (num lamento) – Estou mais sujo do que pau
de galinheiro!
Amado (incisivo e jocundo) – Porque você é uma
besta, Cunha. Você é o delegado mais burro do
Rio de Janeiro.
(Cunha ergue-se.)
Cunha (entre ameaçador e suplicante) – Não pense
que. Você não se ofende, mas eu me ofendo.
Amado (jocundo) – Senta!
(Cunha obedece novamente.)
Cunha (com um esgar de choro) – Te dou um tiro!
Amado – Você não é de nada. Então, dá. Dá!
Quedê?
Cunha – Qual é o caso?
Amado – Olha. Agorinha, na praça da Bandeira.
Um rapaz foi atropelado. Estava juntinho
de mim. Nessa distância. O fato é que caiu.
Vinha um lotação raspando. Rente ao meio-fio.
Apanha o cara. Em cheio. Joga longe. Há aquele
bafafá. Corre pra cá, pra lá. O sujeito estava lá,
estendido, morrendo.
Cunha (que parece beber as palavras do repórter) –
E daí?
Amado (valorizando o efeito culminante) – De
repente, um outro cara aparece, ajoelha-se
no asfalto, ajoelha-se. Apanha a cabeça do
atropelado e dá-lhe um beijo na boca.
CUNHA (confuso e insatisfeito) – Que mais?
Amado (rindo) – Só.
Cunha (desorientado) – Quer dizer que. Um sujeito
beija outro na boca e. Não houve mais nada. Só
isso?
(Amado ergue-se. Anda de um lado para outro.
Estaca, alarga o peito.)
Amado – Só isso!
Cunha – Não entendo.
Amado (abrindo os braços para o teto) – Sujeito
burro! (para o delegado) Escuta, escuta! Você não
quer se limpar? Hein? Não quer se limpar?
Cunha – Quero!
Amado – Pois esse caso.
Cunha – Mas ...
Amado – Não interrompe! Ou você não percebe?
Escuta […]
(RODRIGUES, Nelson. O beijo no asfalto. Rio
de Janeiro: Nova Fronteira, 1995. p. 12/13.)
TEXTO 6
[…]
Amado (na sua euforia profissional) – Cunha,
escuta. Vi um caso agora. Ali, na praça da Bandeira. Um caso que. Cunha, ouve. Esse caso pode ser a tua salvação!
Cunha (num lamento) – Estou mais sujo do que pau de galinheiro!
Amado (incisivo e jocundo) – Porque você é uma besta, Cunha. Você é o delegado mais burro do Rio de Janeiro.
(Cunha ergue-se.)
Cunha (entre ameaçador e suplicante) – Não pense que. Você não se ofende, mas eu me ofendo.
Amado (jocundo) – Senta!
(Cunha obedece novamente.)
Cunha (com um esgar de choro) – Te dou um tiro!
Amado – Você não é de nada. Então, dá. Dá!
Quedê?
Cunha – Qual é o caso?
Amado – Olha. Agorinha, na praça da Bandeira. Um rapaz foi atropelado. Estava juntinho de mim. Nessa distância. O fato é que caiu. Vinha um lotação raspando. Rente ao meio-fio. Apanha o cara. Em cheio. Joga longe. Há aquele bafafá. Corre pra cá, pra lá. O sujeito estava lá, estendido, morrendo.
Cunha (que parece beber as palavras do repórter) – E daí?
Amado (valorizando o efeito culminante) – De repente, um outro cara aparece, ajoelha-se no asfalto, ajoelha-se. Apanha a cabeça do atropelado e dá-lhe um beijo na boca.
CUNHA (confuso e insatisfeito) – Que mais?
Amado (rindo) – Só.
Cunha (desorientado) – Quer dizer que. Um sujeito beija outro na boca e. Não houve mais nada. Só isso?
(Amado ergue-se. Anda de um lado para outro. Estaca, alarga o peito.)
Amado – Só isso!
Cunha – Não entendo.
Amado (abrindo os braços para o teto) – Sujeito burro! (para o delegado) Escuta, escuta! Você não quer se limpar? Hein? Não quer se limpar?
Cunha – Quero!
Amado – Pois esse caso.
Cunha – Mas ...
Amado – Não interrompe! Ou você não percebe?
Escuta […]
(RODRIGUES, Nelson. O beijo no asfalto. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1995. p. 12/13.)
Gabarito comentado
Resposta: Alternativa A
Tema central: urbanização planejada — a criação de Goiânia (década de 1930) como cidade moderna voltada à circulação, mobilidade e ao funcionamento eficiente da capital estadual. Para resolver a questão, identifique as palavras-chave do enunciado: “movimentação prática”, “não houvesse tantos problemas de trânsito” e “cidade moderna”.
Resumo teórico: o projeto de Goiânia seguiu princípios do urbanismo moderno (ruas largas, malha viária hierarquizada, vias para circulação rápida, áreas destinadas a funções administrativas e ao desenvolvimento econômico). Objetivos típicos: facilitar trânsito, atrair investimentos e organizar o crescimento urbano — inspirado em modelos de planejamento de capitais do século XX.
Por que A é correta
A descreve exatamente os fins do projeto: priorizar o trânsito e a circulação rápida, promover convívio urbano e funcionar como polo de desenvolvimento regional/industrial. Esses elementos constam nas propostas iniciais de planejar uma capital moderna que substituísse a antiga sede, com vias amplas e infraestrutura para estimular economia e circulação.
Análise das outras alternativas
B — Incorreta. Afirma que o objetivo foi atrair elites agrárias para reforçar ideais oligárquicos da Revolução de 30. Na prática, o projeto buscou modernização e centralidade administrativa e econômica; embora houvesse alianças políticas locais, a intenção não era simplesmente preservar uma hegemonia oligárquica.
C — Incorreta. Diz que a meta essencial era unir rural e urbano e reforçar o projeto autoritário federal de Vargas. Embora o contexto nacional influenciasse (era período de intervenção), o foco do plano de Goiânia foi urbanístico e de modernização da capital, não primordialmente uma política de unificação rural–urbana ou instrumento direto do autoritarismo federal.
D — Incorreta. Afirma que foi projetada apenas como sede administrativa com governantes residindo em cidades-satélite — isso não corresponde ao projeto original, que previa que a capital tivesse estrutura urbana própria e residentes; as cidades-satélite cresceram depois e não eram parte do projeto inicial como moradia exclusiva dos governantes.
Estratégia para provas: foque em termos objetivos do enunciado (mobilidade, planejamento, “cidade moderna”). Desconfie de alternativas que exagerem motivações políticas específicas sem relação direta com o texto-base.
Fontes consultadas (sugestivas): estudos de história urbana sobre Goiânia e documentos de planejamento municipal; literatura sobre urbanismo moderno brasileiro.
Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!






