“Os comerciantes ingleses consideravam o
algodão brasileiro de ótima qualidade e parte do
produto saía para a Inglaterra através dos portos
do Maranhão, do Recife e do Ceará.”
BESSA, Telma e ARAÚJO, Alana. Sobral: outros olhares, outras memórias, outras histórias. Sobral-Ce, Instituto ECOA: 2012. p. 62-63.
Acerca da produção algodoeira cearense e de seus
desdobramentos, assinale a afirmação
INCORRETA.
Gabarito comentado
Alternativa correta (INCORRETA): B
Tema central: produção algodoeira no Ceará — expansão, mercados e organização do trabalho. É importante saber que a história regional mistura ciclos externos (demanda inglesa) com formas locais de produção e trabalho.
Resumo teórico: do final do século XVIII ao XIX o algodão cearense cresceu por causa da demanda inglesa (quando os EUA ficaram temporariamente fora do mercado) e em momentos posteriores (como durante a Guerra Civil dos EUA). No Ceará houve tanto produção voltada à exportação quanto tecelagens domésticas; a estrutura de trabalho variou: pequenas lavouras e trabalho familiar coexistiam com uso de mão de obra escrava, porém em grau menor que em outros ciclos como o açúcar.
Por que B é INCORRETA? A alternativa diz que o crescimento do algodão "excluiu a atividade pecuarista" e que a economia cearense sobrevivia apenas aos ciclos externos. Isso é exagero: a expansão algodoeira conviveu com a pecuária — que continuou relevante no interior — e a economia regional resultou da interação entre mercados externos e dinâmicas internas. Portanto, a afirmação absolutista está errada.
Análise das demais alternativas:
A — Válida. A saída dos EUA do mercado (por conflitos como a independência e momentos de guerra) abriu espaço para fornecedores como o Brasil; isto está bem documentado (ver Bessa & Araújo; e obras de história econômica, p.ex. Celso Furtado).
C — Válida. No Ceará houve tecelagem artesanal com teares de madeira que produziam panos rústicos para uso local e para vestir populações populares e escravizadas — declaração coerente com estudos regionais.
D — Válida (no contexto cearense). A cotonicultura regional frequentemente empregou trabalho familiar, mulheres e crianças em colheitas sazonais; o uso de escravos existiu, mas em muitas áreas do Ceará foi menos dominante que em grandes latifúndios açucareiros — assim, a alternativa descreve uma realidade específica do estado.
Dica de interpretação: desconfie de termos absolutos como "excluiu" ou "apenas" — muitos enunciados incorretos usam generalizações. Relacione evento (demanda externa) às práticas locais (tipos de propriedade e trabalho).
Fontes sugeridas: Bessa & Araújo (2012); Furtado, Celso — Formação Econômica do Brasil; estudos regionais sobre economia do Ceará.
Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!



