Questão c1f2483e-b0
Prova:UECE 2013
Disciplina:História e Geografia de Estados e Municípios
Assunto:História e Geografia do Estado do Ceará

“Os comerciantes ingleses consideravam o algodão brasileiro de ótima qualidade e parte do produto saía para a Inglaterra através dos portos do Maranhão, do Recife e do Ceará.”

BESSA, Telma e ARAÚJO, Alana. Sobral: outros olhares, outras memórias, outras histórias. Sobral-Ce, Instituto ECOA: 2012. p. 62-63.

Acerca da produção algodoeira cearense e de seus desdobramentos, assinale a afirmação INCORRETA. 

A
Sua expansão se deu quando os Estados Unidos, então o grande produtor de algodão, envolvido com a guerra pela sua independência (1774-1783), não mais exportou o produto para a Inglaterra.
B
O crescimento da lavoura algodoeira excluiu a atividade pecuarista. Afinal, a economia brasileira e, consequentemente, a cearense sobreviviam dos ciclos econômicos ditados pelos interesses econômicos externos.
C
A produção de tecidos no Ceará funcionou inicialmente com teares primitivos feitos de madeira, onde se teciam panos grossos e fortes para vestimenta de escravos e pessoas simples.
D
A mão de obra usada na cotonicultura foi basicamente a mesma antes usada na pecuária, sendo pouco empregado o escravo africano, devido à facilidade de colheita do produto, que possibilitava a utilização de mulheres e, até mesmo, crianças.

Gabarito comentado

M
Monica Lima Monitor do Qconcursos

Alternativa correta (INCORRETA): B

Tema central: produção algodoeira no Ceará — expansão, mercados e organização do trabalho. É importante saber que a história regional mistura ciclos externos (demanda inglesa) com formas locais de produção e trabalho.

Resumo teórico: do final do século XVIII ao XIX o algodão cearense cresceu por causa da demanda inglesa (quando os EUA ficaram temporariamente fora do mercado) e em momentos posteriores (como durante a Guerra Civil dos EUA). No Ceará houve tanto produção voltada à exportação quanto tecelagens domésticas; a estrutura de trabalho variou: pequenas lavouras e trabalho familiar coexistiam com uso de mão de obra escrava, porém em grau menor que em outros ciclos como o açúcar.

Por que B é INCORRETA? A alternativa diz que o crescimento do algodão "excluiu a atividade pecuarista" e que a economia cearense sobrevivia apenas aos ciclos externos. Isso é exagero: a expansão algodoeira conviveu com a pecuária — que continuou relevante no interior — e a economia regional resultou da interação entre mercados externos e dinâmicas internas. Portanto, a afirmação absolutista está errada.

Análise das demais alternativas:

A — Válida. A saída dos EUA do mercado (por conflitos como a independência e momentos de guerra) abriu espaço para fornecedores como o Brasil; isto está bem documentado (ver Bessa & Araújo; e obras de história econômica, p.ex. Celso Furtado).

C — Válida. No Ceará houve tecelagem artesanal com teares de madeira que produziam panos rústicos para uso local e para vestir populações populares e escravizadas — declaração coerente com estudos regionais.

D — Válida (no contexto cearense). A cotonicultura regional frequentemente empregou trabalho familiar, mulheres e crianças em colheitas sazonais; o uso de escravos existiu, mas em muitas áreas do Ceará foi menos dominante que em grandes latifúndios açucareiros — assim, a alternativa descreve uma realidade específica do estado.

Dica de interpretação: desconfie de termos absolutos como "excluiu" ou "apenas" — muitos enunciados incorretos usam generalizações. Relacione evento (demanda externa) às práticas locais (tipos de propriedade e trabalho).

Fontes sugeridas: Bessa & Araújo (2012); Furtado, Celso — Formação Econômica do Brasil; estudos regionais sobre economia do Ceará.

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