Questão c10df9e7-1c
Prova:PUC - SP 2015
Disciplina:Geografia
Assunto:Meio Ambiente na Geografia, Impactos e soluções nos meios natural e rural

Desde os anos 1970 está em xeque o modo como as sociedades modernas se relacionam com a natureza. As intervenções humanas estariam produzindo verdadeiras catástrofes e o futuro estaria ameaçado. As bandeiras em defesa da natureza e um ramo do saber, a ecologia, estão adquirindo prestígio crescente.

Isso considerado, assinale a alternativa que descreva a corrente do chamado ambientalismo, cujo questionamento contraria mais fundamentalmente a lógica dominante das relações homem-natureza, nas sociedades modernas.

A
O meio ambiente não tem valor em si, pois através da proteção do meio ambiente é o homem que se pretende proteger. Trata-se de uma visão humanista da natureza, pois nela o homem é o centro.
B
Não se deve militar pela preservação da natureza pensando-se apenas nos interesses do ser humano. Deve-se ampliar o bem-estar de tudo o que se encontra na Terra.
C
Deve-se investir maciçamente na melhoria das tecnologias e, por meio desses avanços, nossas relações com a natureza automaticamente adquirirão um patamar menos predador.
D
O homem não é o centro do planeta e a razão pela qual tudo deve ser feito. A biosfera adquiriu valor próprio e superior ao da própria espécie humana. É a natureza que está no centro.

Gabarito comentado

T
Taina VegaMonitor do Qconcursos

Alternativa correta: D

Tema central: trata-se de correntes do ambientalismo e de como elas se posicionam frente à lógica moderna de dominação da natureza. A questão exige reconhecer qual visão contradiz mais radicalmente o antropocentrismo dominante.

Resumo teórico: existem posições instrumentais (meio ambiente como recurso para o homem), biocêntricas (valor intrínseco de seres vivos) e ecocêntricas/deep ecology (valor intrínseco da biosfera, rejeição da superioridade humana). Arne Naess (deep ecology) é referência para a corrente que propõe a centralidade da biosfera e a descentragem humana.

Por que D é correta: a alternativa D afirma que “a biosfera adquiriu valor próprio e superior ao da espécie humana”, deslocando o homem do centro. Essa é a postura mais radical (ecocentrismo profundo) e, portanto, a que mais fundamentalmente questiona a lógica modernista de exploração. Corresponde à deep ecology, que não admite subordinar valores naturais a interesses humanos.

Análise das alternativas incorretas:

A — É a visão antropocêntrica: o ambiente só tem valor porque protege o homem. Não rompe com a lógica dominante; apenas instrumentaliza a natureza.

B — Propõe ampliar o bem-estar de “tudo que se encontra na Terra”. Embora mais abrangente (tendência biocêntrica/holística), fala em bem‑estar (uma noção ainda normativa/teleológica) e não estabelece a superioridade intrínseca da biosfera sobre o humano. É menos radical que D.

C — Defende solução tecnológica. É a postura tecnocrática/cornucopiana: crê que progresso técnico resolve conflitos homem‑natureza. Não desafia a lógica produtivista nem a centralidade humana.

Dicas para questões assim: procure termos como “valor em si”, “superior ao da espécie humana”, “centro” — expressam ecocentrismo profundo. Diferencie instrumental (protege-se a natureza para benefício humano) de intrínseco (natureza tem valor próprio).

Fontes úteis: Arne Naess (deep ecology), Declarações ambientais internacionais para contextualizar discursos, CF/1988, art. 225 (direito ao meio ambiente saudável).

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