No trecho “Mas o que vem ocorrendo é que, infelizmente, a maioria leva em consideração o que “querem”
e acabam fazendo tudo o que podem”, a partícula sublinhada estabelece
O educador e filósofo brasileiro Mario Sérgio Cortella faz uso de uma definição interessante para que
as pessoas possam entender um pouco melhor a diferença entre ética e moral. Segundo ele, ética
“é o conjunto de valores e princípios que se utiliza para responder às três grandes questões da vida:
quero?; devo?; posso?”. Já a moral, é “a prática de uma ética. A concepção ética é o princípio, moral
é a prática”. Mas nem tudo que quero posso; nem tudo que posso devo; e nem tudo que devo quero.
“Você tem paz de espírito quando aquilo que você quer é ao mesmo tempo o que você pode e o que
você deve”, dispara o filósofo. Sendo assim, não é difícil constatar que o Brasil vive atualmente uma
crise moral. As pessoas que ocupam os mais altos níveis de poder “querem”, “não devem” e “não
podem” cometer determinados atos. Mas o que vem ocorrendo é que, infelizmente, a maioria leva em
consideração o “querem” e acabam fazendo tudo o que podem e o que não podem – ou não deveriam.
E as ações impensadas resultaram no cenário que se vê hoje, o que leva, inevitavelmente, a uma crise
na economia e a um sentimento de descrença na população em geral.
(Adaptado de: ANDRICH, M. O que quero, devo e posso fazer? Revista Brasileira de Administração. n.112. maio/jun. 2016. p.25.)
Gabarito comentado
Comentário – Gabarito Alternativa A
Tema central: Conjunções coordenativas adversativas e interpretação textual.
A questão busca avaliar se você consegue identificar a função da conjunção “mas” no contexto apresentado. No estudo da norma-padrão da Língua Portuguesa, destacam-se as conjunções coordenativas adversativas, que conectam orações expressando uma oposição entre ideias.
Segundo Evanildo Bechara (Moderna Gramática Portuguesa), esses conectivos – como "mas", "porém", "contudo" – introduzem uma segunda oração que se contrapõe à anterior, trazendo uma ideia contrária ou diferente.
Justificativa da Alternativa Correta (A):
No texto, lê-se: “Mas o que vem ocorrendo é que, infelizmente, a maioria leva em consideração o que ‘querem’ [...]”. Aqui, o “mas” opõe-se ao trecho anterior, pois, mesmo sabendo o que não se deve e não se pode fazer, a ação praticada na realidade é outra. Exatamente uma relação de oposição, que caracteriza a conjunção adversativa.
Análise das alternativas incorretas:
- B) Conclusão: Não há ideia de conclusão, pois não se apresenta um resultado decorrente de fatos anteriores, mas um contraste.
- C) Explicação: “Mas” não esclarece nem justifica; apenas contrapõe.
- D) Alternância: Alternância pede termos como “ora... ora”, “já... já”; não é o caso.
- E) Soma: Uma adição exige conectivos como “e”, “nem”; “mas” não soma, contrapõe.
Dica para provas: Sempre associe “mas” à ideia de oposição. Quando a conjunção expressa contraste ou restringe o que foi dito antes, é adversativa. Evite cair em pegadinhas confundindo com sentidos de conclusão ou explicação!
Em síntese, a alternativa A é a correta, pois reflete com exatidão a oposição marcada pela conjunção no texto. Esse tipo de leitura reforça sua interpretação e aplicação da regra gramatical das conjunções adversativas.
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