Questão b006d4f9-02
Prova:UEA 2018
Disciplina:Geografia
Assunto:Amazônia

Me preparo para descer em Arumanduba que está para chegar, a formidável propriedade que vale, dizem, um milhão de dólares ouro. […] Desço só e visito toda a propriedade […] Arumanduba é o centro. Jari e Cajari maiores produtores de borracha e castanha. […] No fundo, léguas além, se enxerga formando horizonte os castanhais sem fim. Morros de castanha, tapete de balata pra atapetar o oceano, peles de borracha brotando dos armazéns lacustres… Arumanduba com cinco gaiolas grandes navegando só pra ela e dela só…

(Mário de Andrade. O turista aprendiz, 2002.)

O escritor Mário de Andrade registrou em um diário as impressões da sua viagem pela Amazônia em 1927. O diário foi transformado em livro e publicado em primeira edição em 1943. A descrição da propriedade de Arumanduba apresenta informações sobre

A
a visão crítica de um intelectual modernista a propósito do processo de destruição da floresta amazônica.
B
os esforços governamentais de estímulo ao desenvolvimento industrial e comercial do território amazônico.
C
o aproveitamento empresarial de recursos da Amazônia para a produção e circulação de mercadorias.
D
a incorporação do espaço amazônico pelos países imperialistas e pelas empresas capitalistas norte-americanas.
E
a penúria econômica da região amazônica como consequência da crise geral da economia extrativista.

Gabarito comentado

T
Taina VegaMonitor do Qconcursos

Resposta correta: Alternativa C

Tema central: o enunciado pede leitura interpretativa de um trecho de viagem que descreve armazéns, produção e circulação de produtos (borracha, castanha, balata) na Amazônia. É uma questão sobre espaço econômico e a dinâmica de apropriação empresarial dos recursos naturais.

Resumo teórico: na geografia econômica, espaços são produzidos pela interação entre recursos naturais, atores (empresários, trabalhadores, Estado) e fluxos de mercadorias. A descrição de portos, armazéns e produção indica produção para mercado e circulação de mercadorias — elementos centrais do processo capitalista de exploração de recursos (ver: estudos sobre o Ciclo da Borracha e atlas do IBGE).

Justificativa da alternativa C: o texto menciona explicitamente produtores de borracha e castanha, armazéns lacustres e embarcações, ou seja, infraestrutura e atores voltados à extração e comercialização. Isso caracteriza aproveitamento empresarial de recursos para produção e circulação de mercadorias, exatamente o que afirma a alternativa C.

Análise das alternativas incorretas:
A) fala em “visão crítica” e “processo de destruição”: o texto é descritivo e focaliza economia e logística; não há análise crítica explícita do autor — logo, não é adequado.
B) refere-se a “esforços governamentais” de industrialização: o excerto destaca proprietários, armazéns e navios privados, não políticas estatais de estímulo — portanto incorreta.
D) trata de “incorporação pelos países imperialistas e empresas norte-americanas”: o trecho descreve agentes e infraestrutura locais do comércio extrativista; não há referência direta à dominação imperialista externa.
E) aponta “penúria econômica” decorrente de crise extrativista: pelo contrário, o trecho exalta riqueza (propriedade que vale “um milhão de dólares ouro”, “castanhais sem fim”), não penúria.

Dica de interpretação: identifique palavras-chave (produtores, armazéns, embarcações, mercadorias). Em provas, diferenciações sutis entre crítica social, ação estatal, interesse estrangeiro e atividade empresarial exigem atenção às pistas textuais — aqui, predominam sinais de produção e circulação.

Fontes sugeridas: Mário de Andrade, O turista aprendiz (diário de 1927/edição 1943); IBGE – Atlas do Brasil; literatura sobre o Ciclo da Borracha e geografia econômica (para conceitos teóricos).

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