Questão ab662132-b3
Prova:IF-PR 2016
Disciplina:Português
Assunto:Funções morfossintáticas da palavra QUE

Entre as orações abaixo, assinaladas de (a) a (d) no texto, identifique a única em que a palavra “que” tem função diferente das demais:

Deuses e Demônios.

A possessão constituía um fenômeno familiar no mundo grego. Gente de todas as camadas sociais consultava o oráculo de Apolo, em Delfos, onde a pitonisa, em transe, oferecia respostas – por vezes enigmáticas e ambíguas – às questões apresentadas. O domínio dos corpos pela divindade era habitual nos rituais sagrados, como o de Dionísio, (a)que deu origem ao teatro. Por sua vez, Platão chegou a afirmar (b)que muitos poetas criavam sob o domínio das Musas e de outras deidades, sem controle sobre as palavras proferidas.

Milênios depois, os principais estudiosos do psiquismo empreenderam o exame da possessão. Jung, por exemplo, abordou o fenômeno já na sua tese de doutoramento, focalizando o caso de uma adolescente (c)que dizia “receber” o espírito do avô já falecido. Mais tarde, o criador da psicologia analítica desenvolveria o conceito de arquétipos – representações inatas e específicas da humanidade (d)que são o correspondente psíquico dos instintos –, que se revelaria de enorme valor no estudo das mais diversas manifestações culturais. O culto a Dionísio, por exemplo, foi considerado um arquétipo da fertilidade humana. O pensador suíço também escreveu sobre o oráculo de Delfos, relacionando a obscuridade das respostas com as mensagens ambíguas do inconsciente.

O cenário da possessão esteve igualmente presente no desenvolvimento de outro conceito junguiano fundamental: os complexos, “ilhas de fantasia” psíquicas (e)que atuam sobre o eu e chegam a dominá-lo. Tornam-se nocivos quando ganham autonomia, sem se integrar à estrutura do psiquismo; Jung chegou a comparar o controle do eu pelos complexos autônomos com a noção medieval de possessão demoníaca (Mente, Cérebro e Filosofia, nº1, Duetto)

A
que deu origem ao teatro.
B
que dizia “receber” o espírito do avô já falecido.
C
que são o correspondente psíquico dos instintos.
D
que muitos poetas criavam sob o domínio das Musas.

Gabarito comentado

G
Gabriel AlmeidaMonitor do Qconcursos

Tema central da questão:

Esta questão avalia o conhecimento sobre as funções morfossintáticas do “que”: pronome relativo x conjunção integrante. Dominar essas funções contribui para a identificação correta de orações subordinadas adjetivas e substantivas, aspecto fundamental na interpretação e análise sintática em provas de vestibular.

Justificativa para a alternativa correta (D):

Na alternativa D) "que muitos poetas criavam sob o domínio das Musas", o “que” introduz uma oração subordinada substantiva objetiva direta, funcionando como conjunção integrante. Veja o contexto: Platão chegou a afirmar que muitos poetas criavam sob o domínio das Musas — “que” integra o sentido do verbo “afirmar”, sem retomar termo anterior.
Regra: Conforme Celso Cunha & Lindley Cintra, conjunção integrante liga a oração principal à oração subordinada substantiva (“ninguém sabia que ele viria).

Análise das alternativas incorretas:

A) “que deu origem ao teatro” — O “que” retoma “ritual sagrado”, logo, é pronome relativo, introduzindo uma oração subordinada adjetiva.
B) “que dizia 'receber' o espírito do avô já falecido” — O “que” retoma “adolescente” (pronome relativo), inicia uma oração adjetiva restritiva.
C) “que são o correspondente psíquico dos instintos” — O “que” retoma “representações inatas e específicas” (pronome relativo), introduzindo oração explicativa.
O erro comum nessas alternativas é confundir pronomes relativos (sempre retomam um termo do texto) com conjunções integrantes (que apenas integram o sentido do verbo, sem retomar elemento anterior).

Estratégia para provas:

Dica: Ao resolver questões similares, identifique se o “que” tem um termo antecedente. Se houver, é pronome relativo; se não houver, costuma ser conjunção integrante. Cuidado com pegadinhas: períodos longos e orações intercaladas exigem atenção ao termo imediatamente anterior ao “que”.

Resumo: Alternativa D é a correta por apresentar o “que” como conjunção integrante. As demais trazem o “que” funcionando como pronome relativo.
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