“(...) 1947 pode ser considerado
uma data símbolo com respeito ao coronelismo em
Goiás. Não somente assinala a morte do mais antigo
dos coronéis, mas também, com a realização das
primeiras eleições após o longo período das
intervenções, representa a liquidação dos
remanescentes últimos das práticas coronelísticas. A
revolução de 30 não acabou com o coronelismo,
como proclamara de início, mas certamente
modificou seu caráter e suas práticas; o fim da
revolução, contudo, sim, significou o fim dos
últimos coronéis, aqueles que a revolução
assimilara. Tal foi o caso do padre João em Boa
Vista.”
Disponível em: PALACÍN, Luis G. Coronelismo no extremo
norte de Goiás. Goiânia: CEGRAF, 1990, p. 216.
Sobre o norte de Goiás, atual Tocantins, identifique
a afirmação incorreta:
Gabarito comentado
Tema central: A questão aborda o coronelismo e a influência das oligarquias locais no Norte de Goiás, atual Tocantins, e suas relações com a autonomia do Tocantins e a estrutura política e econômica regional.
Conceitos essenciais: O coronelismo consistia no domínio político regional pelos "coronéis", líderes locais que exerciam poder sobre suas comunidades, frequentemente aliados de oligarquias estaduais. Esse sistema foi típico da Primeira República, caracterizado pelo clientelismo, controle de votos e defesa dos interesses locais. No Tocantins, figuras como padre João exerceram esse papel até meados do século XX.
Justificativa da alternativa correta (A): A alternativa A está incorreta pois apresenta dados não comprovados sobre o total apoio da oligarquia Caiado e a representação de coronéis de Boa Vista e Duro na Assembleia Estadual. Historicamente, os Caiado tinham predominância no Sul de Goiás e sua ligação com líderes do Norte, como padre João, era limitada e não incondicional. Além disso, a representação política desses coronéis não era garantida; o controle do Norte era mais baseado em influência local do que na ocupação de cargos legislativos formais.
Análise das alternativas corretas:
B — Correta ao relacionar o fim do coronelismo e das oligarquias tradicionais como condição para a autonomia tocantinense. O Norte deixou de ser vigiado por elites do Sul a partir da decadência do sistema oligárquico, cenário no qual o padre João foi um dos expoentes locais.
C — Certíssima ao afirmar que o crescimento demográfico, econômico e o uso da comunicação fluvial no pós-1950 minaram o sistema coronelista, tornando padre João o último representante desse sistema.
D — Correta porque descreve com exatidão a história da navegação fluvial: proibida no auge do ouro (séc. XVIII), subutilizada (séc. XIX) e intensificada antes da Belém-Brasília (déc. 1940-60).
E — Também certa ao indicar que o desequilíbrio entre arrecadação e retorno de investimento foi uma razão material do movimento de autonomia do Tocantins, fato reconhecido em obras como O Norte Goiano – Formação e ocupação de Benedito Morais.
Dica de interpretação: Atenção a extrapolações ou termos absolutos em questões históricas: afirmações incondicionais (“apoio incondicional”) muitas vezes são inconsistentes com a pluralidade dos processos políticos regionais.
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