Leia o texto a seguir.
Nesse estágio de desenvolvimento capitalista (hoje, de um modo geral, terminado), a taxa de crescimento
e lucro era proporcional ao volume de trabalho empenhado no processo produtivo. O funcionamento do
mercado capitalista era notório por seus altos e baixos, por períodos de expansão seguidos de depressões
proteladas; assim, nem todos os recursos laborais potencialmente disponíveis puderam ser empregados o
tempo todo. Mas aqueles que estavam ociosos eram a força de trabalho ativa de amanhã: naquele momento,
mas apenas de maneira temporária, estavam desempregados; pessoas em uma condição anormal, mas
transitória e retificável. Eram o exercício de reserva de trabalhadores – o status deles era definido não pelo
que eram no momento, mas por aquilo em que estavam dispostos a se transformar quando o tempo chegasse.
Como qualquer general diria, cuidar da força militar da nação requer que os reservistas estejam nutridos e
mantidos em boa saúde, a fim de que estejam prontos para enfrentar as tensões da vida no Exército quando
forem chamados para o serviço ativo.
(BAUMAN, Z. A Sociedade Individualizada: vidas contadas e histórias vividas. Trad. José Gradel. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008, p.
98.)
Com base no texto, considere as afirmativas a seguir.
I. Esse estágio de desenvolvimento caracterizou-se pelo aumento gradativo dos níveis de emprego e de renda
da maior parte da população urbana e, em decorrência desta dinâmica socioeconômica, houve a redução
da pobreza.
II. No estágio de desenvolvimento capitalista industrial, verificava-se um excedente de mão de obra gerado
pela mecanização do final do século XIX e início do XX, acentuando significativamente os níveis de desemprego, subemprego e pobreza.
III. Esse estágio de desenvolvimento pode ser considerado a fase do capitalismo flexível, pautado nos princípios de flexibilidade, concorrência e produtividade, medidos pelos custos laborais decorrentes.
IV. Nesse estágio, a pobreza e a desigualdade eram vitais para o capitalismo, pois o exército industrial de
reserva era indispensável ao seu mecanismo social, tanto quanto a reserva de máquinas e de matérias-
-primas nas fábricas.
Assinale a alternativa correta.
Leia o texto a seguir.
Nesse estágio de desenvolvimento capitalista (hoje, de um modo geral, terminado), a taxa de crescimento
e lucro era proporcional ao volume de trabalho empenhado no processo produtivo. O funcionamento do
mercado capitalista era notório por seus altos e baixos, por períodos de expansão seguidos de depressões
proteladas; assim, nem todos os recursos laborais potencialmente disponíveis puderam ser empregados o
tempo todo. Mas aqueles que estavam ociosos eram a força de trabalho ativa de amanhã: naquele momento,
mas apenas de maneira temporária, estavam desempregados; pessoas em uma condição anormal, mas
transitória e retificável. Eram o exercício de reserva de trabalhadores – o status deles era definido não pelo
que eram no momento, mas por aquilo em que estavam dispostos a se transformar quando o tempo chegasse.
Como qualquer general diria, cuidar da força militar da nação requer que os reservistas estejam nutridos e
mantidos em boa saúde, a fim de que estejam prontos para enfrentar as tensões da vida no Exército quando
forem chamados para o serviço ativo.
(BAUMAN, Z. A Sociedade Individualizada: vidas contadas e histórias vividas. Trad. José Gradel. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008, p.
98.)
Gabarito comentado
Alternativa correta: C — Somente as afirmativas II e IV são corretas.
Tema central: o texto refere-se ao capitalismo industrial clássico, em que o nível de emprego e lucro dependia diretamente do volume de trabalho e em que existe um "exército industrial de reserva" — conceito marxista que descreve a massa de trabalhadores ociosos que mantém pressão sobre salários e assegura disponibilidade de mão de obra (ver Marx, O Capital).
Resumo teórico resumido: - Capitalismo industrial (séculos XIX–início XX): flutuações cíclicas, desemprego estrutural temporário e existência funcional de trabalhadores disponíveis como reserva. - Esse mecanismo permite ao capital regular salários e garantir disponibilidade de força de trabalho; pobreza e desigualdade são, do ponto de vista estrutural, elementos que sustentam o funcionamento do mercado de trabalho.
Justificativa da alternativa C: - II (correta): o texto descreve exatamente o fenômeno do excedente de mão de obra e do desemprego temporário decorrente da dinâmica industrial e da mecanização — correspondência direta com a ideia do exército industrial de reserva. - IV (correta): afirma que pobreza e desigualdade eram vitais ao sistema porque o exército de reserva cumpria função social indispensável — isso está explícito no trecho (status definido pela potencialidade de trabalho), alinhado à teoria marxista.
Análise das alternativas incorretas: - I (incorreta): afirma crescimento contínuo de emprego e redução da pobreza. O texto contradiz essa visão linear; aponta desemprego temporário funcional e ciclos de crise, não aumento ininterrupto de emprego/renda. - III (incorreta): associa o estágio descrito ao capitalismo flexível (pós-Fordista). O trecho refere-se ao capitalismo industrial clássico — distinto do modelo flexível/terciarizado que surge depois (pós-1970s), marcado por terceirização, flexibilização e novas formas de precarização.
Dica de prova: ao ler enunciados, identifique termos-chaves (ex.: "exército de reserva", "mecanização", "flexível") e situe-os historicamente. Assim você evita confundir capitalismo industrial com capitalismo flexível/pós-industrial.
Fontes recomendadas: Marx, K. — O Capital; Bauman, Z. — A Sociedade Individualizada.
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