Questão a2c8aef4-b2
Prova:UFRR 2017
Disciplina:Geografia
Assunto:Modernização Agrícola, Agropecuária

(...) O Estado participa generosamente do financiamento necessário à criação de novos sistemas de engenharia e de novos sistemas de movimento. É uma produção de alimentos que se dá a grandes distâncias, hoje franqueáveis, sob a demanda das firmas globais com sede nas áreas mais ricas do Brasil, mesmo que os mecanismos de comando sejam pouco visíveis. Foi o caso, por exemplo, da expansão da soja para os cerrados.

Fonte: Adaptado de SANTOS, M. & SILVEIRA; M. L. O Brasil: território e sociedade no início do século XXI. 16ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2012, p.120.


A partir dos elementos mencionados no texto, pode-se destacar que a expansão da soja para os cerrados

A
tratou-se de mais um caso nacional de desenvolvimento econômico em manchas descontínuas.
B
foi responsável pela inserção do país no conjunto das três maiores economias mundiais.
C
caracterizou-se por harmonizar o agronegócio com políticas plenas de proteção ambiental.
D
conciliou o desenvolvimento econômico com a garantia dos direitos das populações indígenas.
E
inseriu as capitais do Centro-Oeste como as cidades mais dinâmicas e industrializadas do país.

Gabarito comentado

P
Paula DelgadoMonitor do Qconcursos

Alternativa correta: A

Tema central: expansão da soja no cerrado como expressão do modelo de agronegócio exportador. É preciso entender o papel do Estado, das firmas globais e a lógica espacial — produção em longas distâncias ligada a mercados externos — conceito trabalhado por Milton Santos e outros geógrafos.

Resumo teórico (claro e progressivo):

1) Modelo agroexportador: produção orientada para mercados internacionais, com capitais e tecnologia concentrados.

2) Papel do Estado: financiamento de infraestrutura (rodovias, pesquisas da EMBRAPA) que viabilizou a ocupação do cerrado.

3) Espaço em manchas descontínuas: a expansão ocorre por pontos favoráveis (acesso, terra disponível, investimentos), não como urbanização contínua — expressão-chave: “manchas descontínuas” (Milton Santos).

Justificativa da alternativa A: O enunciado descreve financiamento estatal e atuação de empresas globais que permitiram a produção em longas distâncias e por polos; esse processo gerou áreas pontuais de modernização agrícola (manchas), caracterizando desenvolvimento econômico descontínuo. Portanto, A descreve corretamente a natureza espacial e socioeconômica do fenômeno.

Análise das alternativas incorretas:

B: A expansão da soja não foi fator exclusivo nem suficiente para colocar o Brasil entre as três maiores economias; esse resultado decorre de múltiplos setores (indústria, serviços) — afirmação simplista.

C: Não houve harmonização plena com políticas ambientais; houve conflitos, desmatamento e pressões sobre biomas, apesar de políticas e embates regulatórios (portanto, incorreta).

D: A expansão frequentemente conflitou com direitos de povos indígenas e comunidades tradicionais (desalojamentos, pressão sobre terras), logo não conciliou garantia plena de direitos.

E: As capitais do Centro-Oeste não se tornaram as mais industrializadas do país; a dinâmica promovida foi agrícola e exportadora, com crescimento urbano, mas não equiparado às principais metrópoles industriais brasileiras.

Dica de interpretação: Busque no enunciado pistas sobre escala (longas distâncias), agentes (firmas globais, Estado) e resultado espacial (expansão pontual). Essas expressões apontam para a noção de “manchas descontínuas”. Pergunte-se: o enunciado descreve um processo espacial, socioeconômico ou uma consequência macroeconômica?

Fontes recomendadas: Milton Santos & Maria Lúcia V. Silveira, O Brasil: território e sociedade no início do século XXI; EMBRAPA — estudos sobre a expansão agrícola no cerrado; IBGE — estatísticas agropecuárias.

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