(...) O Estado participa generosamente do financiamento
necessário à criação de novos sistemas de engenharia e
de novos sistemas de movimento. É uma produção de
alimentos que se dá a grandes distâncias, hoje
franqueáveis, sob a demanda das firmas globais com sede
nas áreas mais ricas do Brasil, mesmo que os mecanismos
de comando sejam pouco visíveis. Foi o caso, por
exemplo, da expansão da soja para os cerrados.
Fonte: Adaptado de SANTOS, M. & SILVEIRA; M. L. O Brasil: território e
sociedade no início do século XXI. 16ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2012,
p.120.
A partir dos elementos mencionados no texto, pode-se
destacar que a expansão da soja para os cerrados
Gabarito comentado
Alternativa correta: A
Tema central: expansão da soja no cerrado como expressão do modelo de agronegócio exportador. É preciso entender o papel do Estado, das firmas globais e a lógica espacial — produção em longas distâncias ligada a mercados externos — conceito trabalhado por Milton Santos e outros geógrafos.
Resumo teórico (claro e progressivo):
1) Modelo agroexportador: produção orientada para mercados internacionais, com capitais e tecnologia concentrados.
2) Papel do Estado: financiamento de infraestrutura (rodovias, pesquisas da EMBRAPA) que viabilizou a ocupação do cerrado.
3) Espaço em manchas descontínuas: a expansão ocorre por pontos favoráveis (acesso, terra disponível, investimentos), não como urbanização contínua — expressão-chave: “manchas descontínuas” (Milton Santos).
Justificativa da alternativa A: O enunciado descreve financiamento estatal e atuação de empresas globais que permitiram a produção em longas distâncias e por polos; esse processo gerou áreas pontuais de modernização agrícola (manchas), caracterizando desenvolvimento econômico descontínuo. Portanto, A descreve corretamente a natureza espacial e socioeconômica do fenômeno.
Análise das alternativas incorretas:
B: A expansão da soja não foi fator exclusivo nem suficiente para colocar o Brasil entre as três maiores economias; esse resultado decorre de múltiplos setores (indústria, serviços) — afirmação simplista.
C: Não houve harmonização plena com políticas ambientais; houve conflitos, desmatamento e pressões sobre biomas, apesar de políticas e embates regulatórios (portanto, incorreta).
D: A expansão frequentemente conflitou com direitos de povos indígenas e comunidades tradicionais (desalojamentos, pressão sobre terras), logo não conciliou garantia plena de direitos.
E: As capitais do Centro-Oeste não se tornaram as mais industrializadas do país; a dinâmica promovida foi agrícola e exportadora, com crescimento urbano, mas não equiparado às principais metrópoles industriais brasileiras.
Dica de interpretação: Busque no enunciado pistas sobre escala (longas distâncias), agentes (firmas globais, Estado) e resultado espacial (expansão pontual). Essas expressões apontam para a noção de “manchas descontínuas”. Pergunte-se: o enunciado descreve um processo espacial, socioeconômico ou uma consequência macroeconômica?
Fontes recomendadas: Milton Santos & Maria Lúcia V. Silveira, O Brasil: território e sociedade no início do século XXI; EMBRAPA — estudos sobre a expansão agrícola no cerrado; IBGE — estatísticas agropecuárias.
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