Todas as formas grifadas nos trechos a seguir têm a mesma natureza linguística, EXCETO:
Leia o texto abaixo e responda, em seguida, a questão.
O xadrez de Marina
SÃO PAULO — Eduardo Campos não é um "zero", como Ciro Gomes o chamou na sua tola e habitual
verborragia, tampouco é o estrategista político formidável, tal qual passou a ser pintado em Brasília após a
surpreendente filiação da ex-senadora Marina Silva ao seu PSB.
O governador de Pernambuco é um construtor de pontes, paciente e habilidoso, que consegue se manter como
interlocutor de quase todo o mundo, de Lula a Serra, de Bornhausen e Ronaldo Caiado a Marina. É um conciliador
que parece mais mineiro do que o próprio Aécio Neves.
É evidente que esses traços o ajudaram a se posicionar no momento em que Marina precisava achar uma saída
para o imbróglio em que se meteu ao não conseguir oficializar a tal Rede Sustentabilidade -- não se filiar a um
partido significaria abdicar totalmente da eleição presidencial; entrar numa sigla qualquer apenas para ser
candidata seria um gesto personalista que poderia arranhar a imagem da nova política, que Marina tanto cultiva.
Mas, na prática, o governador pernambucano foi um agente passivo nessa história toda. Se alguém anteviu
alguma coisa, foi Marina. A ex-senadora criou o principal fato político desde a eleição de Dilma e ainda jogou
sobre Campos a responsabilidade de crescer nas pesquisas em pouco tempo, ao deixar claro que, se o
governador não se viabilizar, ela pode concorrer.
No cenário anterior, Campos seria um vitorioso se terminasse a eleição presidencial do ano que vem com cerca de
15% dos votos. Atingiria seu objetivo de tornar-se um nome nacionalmente conhecido a fim de, quatro anos
depois, disputar a sucessão para valer.
Agora, após o empurrão da ex-senadora, se Campos não atingir esse patamar nos próximos meses, antes mesmo
de a campanha eleitoral começar, poderá ser forçado a abdicar da candidatura em favor de Marina.
Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/rogeriogentile/2013/10/1354262-o-xadrez-de-marina.shtml. Acesso em: 10 out. 2013.
Gabarito comentado
Tema central da questão: A questão explora as funções morfossintáticas da palavra "se" na Língua Portuguesa. O candidato deve identificar quando "se" atua como conjunção condicional e quando tem valor de pronome reflexivo. Essa diferença é cobrada frequentemente em vestibulares e concursos.
Justificativa da alternativa correta (A):
Na alternativa A — “a se posicionar no momento em que Marina precisava achar uma saída” — o termo "se" integra o verbo "posicionar-se". Aqui, "se" funciona como pronome reflexivo, pois o sujeito (quem se posiciona) realiza e recebe a ação ao mesmo tempo. Esses verbos são chamados de verbos pronominais, pois exigem o uso do pronome reflexivo em sua conjugação.
De acordo com Cunha & Cintra (Nova Gramática do Português Contemporâneo) e Bechara (Moderna Gramática Portuguesa), esse "se" indica reflexividade e não estabelece relação de sentido como fazem as conjunções.
Análise das alternativas incorretas:
B) “Se alguém anteviu alguma coisa, foi Marina.”
"Se" exerce a função de conjunção subordinativa condicional, conectando uma hipótese ("Se alguém anteviu...") à consequência ("foi Marina"). Regra: toda vez que "se" introduz uma oração condicional (“caso alguém anteviu...”), ele é conjunção.
C) “Campos seria um vitorioso se terminasse a eleição..."
O "se" introduz condição, mesma função da alternativa anterior, segundo a norma-padrão: conjunção condicional.
D) “se Campos não atingir esse patamar...”
Idem: "se" inicia uma condição para a ação apresentada na oração principal, sendo também conjunção condicional.
Resumo prático: Alternativas B, C e D: "se" = conjunção condicional.
Alternativa A: "se" = pronome reflexivo.
Logo, A é a única diferente, como exigido.
Dica de prova: Para não errar, veja se "se" pode ser trocado por “caso” (condição): “caso alguém anteviu...”, “caso Campos não atingir...”. Se fizer sentido, é conjunção. Se estiver colado ao verbo (“posicionar-se”), é pronome.
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