Questão 985757e0-d5
Prova:CESMAC 2017
Disciplina:Literatura
Assunto:Modernismo, Escolas Literárias

Analise o poema, transcrito abaixo.


A água é falsa, a água é boa.
Nada, nadador!
A água é mansa, a água é doida,
aqui é fria, ali é morna,
a água é fêmea.
Nada, nadador!
A água sobe, a água desce,
a água é mansa, a água é doida.
Nada, nadador!
A água te lambe, a água te abraça,
a água te leva, a água te mata.
Nada, nadador!
Senão, o que restará de ti, nadador?
Nada, nadador!

                                    Jorge de Lima. Poemas escolhidos.


Veja acima o poema O Nadador, de autoria do poeta alagoano Jorge Lima. Analise os comentários que são feitos acerca de sua obra e, particularmente, acerca desse poema. 

1) O poema exibe uma grande incidência de recursos reiterativos, sobretudo no âmbito da forma.

2) O poeta emprestou ao poema uma elaboração dialógica, muito semelhante às práticas sociais da conversação coloquial.

3) A obra poética de Jorge de Lima se insere na segunda geração dos modernistas brasileiros. Revelou-se um artista multifacetado, em constante mudança, pois recorreu a diferentes estilos e perspectivas estéticas.

4) Os dois últimos versos são bastante expressivos, pois exploram os efeitos de sentido provocados pelo recurso a uma homonímia.


Estão corretas as alternativas:  

A
1, 2, 3 e 4.
B
1, 2 e 3, apenas.
C
2, 3 e 4, apenas
D
1, 3 e 4, apenas
E
1, 2 e 4, apenas.

Gabarito comentado

S
Silvana Pinto Monitor do Qconcursos

Tema central: Análise das técnicas literárias modernistas presentes no poema “O Nadador”, de Jorge de Lima, especialmente quanto a recursos reiterativos, elaboração dialógica, enquadramento histórico e homonímia.

Comentário:

O poema utiliza amplamente recursos reiterativos, com a repetição das estruturas “A água é...” e o refrão “Nada, nadador!”. Essa repetição intensifica o ritmo e reforça a dualidade da natureza da água (calma/agitada, acolhedora/perigosa), característica marcante de modernistas da segunda geração, como Jorge de Lima.

A construção dialógica evidencia-se pelo uso do imperativo (“Nada, nadador!”) e do questionamento (“Senão, o que restará de ti, nadador?”), reproduzindo a dinâmica das conversações cotidianas e criando proximidade entre texto e leitor. Esse recurso não só engaja, mas também confere tom “colloquial” ao poema.

Jorge de Lima pertence à segunda geração do Modernismo brasileiro (1930-1945), também chamada de fase de consolidação. Poetas deste período experimentaram diversidade temática e formal, algo presente na carreira multifacetada do autor, conforme registra a crítica em manuais como Literatura Brasileira, de Massaud Moisés.

Os dois últimos versos (“Senão, o que restará de ti, nadador? Nada, nadador!”) exploram o recurso de homonímia: o termo “nada” funciona como verbo (nadar) e substantivo (ausência, vazio). A sobreposição de sentidos potencializa o efeito expressivo e é próprio da poesia de vanguarda.

Análise das alternativas:

A) 1, 2, 3 e 4. (CORRETA) – Todas as observações são fundamentadas nos conceitos teóricos essenciais da disciplina: repetição formal, diálogo, historicidade modernista e ambiguidade semântica (homonímia).

B) 1, 2 e 3; C) 2, 3 e 4; D) 1, 3 e 4; E) 1, 2 e 4;
Essas opções negligenciam ao menos um critério fundamental atestado no texto poético e reconhecido teoricamente.

Estratégia para provas: Identifique termos técnicos como homonímia e segunda geração modernista, buscando no texto indícios claros do conceito. Analise sempre múltiplas interpretações possíveis, principalmente diante de jogos de palavras – armadilha comum em questões literárias.

Gabarito: A (1, 2, 3 e 4)

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